Muito se fala sobre o tal “Conselho de Administração” nas empresas, mas pouco se entende sobre a sua função. É fácil compreender o que faz e qual o papel do presidente de uma organização. Mas para que servem os conselheiros? E de que forma podem contribuir com as empresas, especialmente as de menor porte?
Um conselheiro faz o que o substantivo diz: aconselha. Este trabalho se direciona, principalmente, a promover um relacionamento adequado entre as diversas partes integrantes da alta administração de uma empresa. Assim, um conselheiro pode, por exemplo, atuar para qualificar a cobrança de resultados de um diretor por parte do presidente. O presidente poderia fazer isso sozinho? Claro que sim! Mas o suporte de um conselheiro externo pode facilitar a tarefa ao dar segurança ao principal gestor.
Em empresas de pequeno e médio porte, um conselheiro pode agregar valor ao atuar no processo decisório sobre a estratégia dos negócios, ao mediar conflitos e divergências de opiniões entre os sócios, sejam eles familiares ou não, e também ao trazer uma visão externa como alternativa àquela desenvolvida dentro da empresa. Um ponto relevante: ao apoiar a liderança máxima na tomada de decisão, o conselheiro se torna a melhor ferramenta para reduzir a chamada “solidão do poder”.
Se você já é ou deseja ser conselheiro, é importante considerar alguns pontos ao pensar nesta função.
Não existe uma fórmula pronta para iniciar um trabalho como conselheiro numa organização. É uma prestação de serviços subjetiva, artesanal, flexível e que deve se adaptar ao ambiente, exigindo que o conselheiro mantenha sua independência profissional.
Identifique claramente qual é a cultura da organização, sua história e trajetória, se tem controle familiar ou não. No caso de empresas familiares é estratégico conquistar a confiança da família para o sucesso da atividade do conselheiro.
Havendo, na linha de sucessão ou na gestão, fundadores ou outras pessoas-chave, como aqueles profissionais que têm uma longa trajetória dentro da organização, é recomendável entrevistar cada um destes personagens.
Manter a independência como conselheiro é essencial e uma das melhores práticas para a realização das atividades nesta função. Alinhamentos pessoais podem gerar conflito de interesse. Ser puxa-saco pode ser bom para o conselheiro de forma pessoal, mas pode não levar ao melhor resultado para a empresa.
As reuniões de Conselho são um espaço importante para os encontros regulares entre os administradores e controladores (em empresas familiares, inclusive). Existem outros fóruns que podem exigir a presença do conselheiro para debates adicionais com pessoas-chave. Podem surgir demandas extras para calls, almoços ou jantares, mas devem sempre estar vinculadas, de alguma forma, aos interesses do negócio.
Algumas decisões podem exigir que o conselheiro busque um caminho racional para construir alternativas em situações de cunho emocional, geralmente envolvendo os controladores. O ponto crucial é achar o equilíbrio entre o tempo necessário para construir a negociação interna entre os envolvidos e a tomada de decisão propriamente dita.
Em situações de crise, seja por causas internas (morte, doença, brigas, conflitos, fraudes, etc.), ou externas (econômicas, financeiras, regulatórias, acidentes, etc.) e que envolvam, de alguma forma, os controladores e administradores, o conselheiro será colocado à prova. Pela sua independência e menor grau de envolvimento emocional, poderá agregar muito valor e ajudar para a melhor tomada de decisão para o momento.
O conselheiro que realmente quiser ajudar as organizações para as quais vai trabalhar deverá atuar sempre com base em princípios éticos, valores e experiências adquiridas ao longo de sua trajetória. A relação com a organização pode ser encerrada a qualquer tempo, mas o legado de entregas como conselheiro deve ser capaz de, ao final, ter acrescentado valor à organização, garantindo assim a perpetuidade dos seus conselhos à empresa que lhe confiou seus serviços.