METAVERSO: que bicho é esse?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

METAVERSO: que bicho é esse?

Vale do Taquari

As redes sociais foram o treino inicial para o Metaverso. Aprendemos que nós podemos mais, em imaginação. E a pandemia foi o test drive, acelerando a conexão digital entre as pessoas.

Valter Longo esteve em Porto Alegre, no Shopping Iguatemi, em dezembro do ano passado, para uma palestra empresarial. Causou inquietude pela clareza e sensatez com que abordou o tema, sob título: Metaverso –
Onde Você Vai Viver e Trabalhar em Breve.

Ele sugere para nos aprofundarmos no assunto, e participar da corrida pelo ouro. Embora parece maluquice, é uma nova fase do mundo, onde cada um poderá ser muito mais do que sempre foi. Bom e perigoso ao mesmo tempo, diferente, cada um no seu metaverso, numa realidade potencializada. Uma segunda vida (ficção), que se confundirá com a nossa vida real. Onde poderemos ser o que não conseguimos ou não temos
coragem de ser de fato.

Ser tudo que quiser e imaginar ser. Eis a atração do metaverso e dos homens modernos. As pessoas atrás de “vidas melhores”, mais perfeitas. No metaverso, cada um terá um avatar e por meio dele deixará fluir sua
imaginação infinita. Second Life foi um ensaio embrionário do que será o metaverso.

O conceito é replicar a vida, nossos interesses, nossa rotina e tudo que fazemos aqui na vida real no digital. É provável que caminharemos para fundir realidade e ficção, pois haverá incapacidade de distinguir as duas coisas.

Vou conhecer as pessoas no Metaverso e depois nem saberei quem conheci na vida real. E acreditem, isso pouco importará, pois valerá mais o prestígio do meu avatar do que meu eu humano.

É um universo muito mais abrangente, adicionando inúmeras camadas de inteligência e da capacidade humana. E isso muda a forma de fazer negócios. Hoje falamos em “quais as dores dos nossos clientes”. Daqui
para frente não será mais isso. “Quais sonhos estamos realizando dos nossos clientes”, fala Longo. E o metaverso é uma grande atração para isso.

Por isso, marcas famosas já se posicionam no tabuleiro do metaverso, para liderar ou participar desta corrida pela aceitação e reputação. Coca Cola, Mercedes e tantas outras movimentam equipes e milhões de dólares
para estar nesta corrida, cada vez tentando se conectar com propósitos para serem atraentes e competitivos.

Até corridas de cavalos, desfiles de moda, bolsas chiques e por aí vai… Isso tudo é apenas o começo de um vulcão em ebulição.

Nesta corrida e disputa por território, a indústria dos produtores de games estão na frente. São eles, os protagonistas por meio de suas  plataformas, muitos deles fundindo-as com o próprio sistema metaverso. Em 2019, a Fortnite já lançava filmes, entre os quais o Guerra nas Estrelas. A linha que separava a indústria dos games de entretenimento está se tornando cada vez mais tênue, e ameaça gigantes como Netflix e a própria
TV. Eles estão criando redes sociais, roupas digitais, filmes e muito mais. Aliás, a indústria dos games movimentará nada menos do que US$ 300 bilhões em 2025.

“Não à toa que o Facebook decidiu entrar e abraçar o metaverso. O Facebook está atrasado e tem capital para correr atrás do tempo perdido”, cita Longo. Empresas chinesas estão muito adiantadas.

No Brasil, os primeiros sinais começam a aparecer. A Biobots levantou os primeiros R$ 20 milhões para se tornar uma agência de publicidade para avatares. Criptomoedas, financeiras e setores diversos entram
para o metaverso, como uma verdadeira “corrida do ouro”.

Nossa vida dupla – física e digital – deve se fundir em uma só. Escolas de metaverso estão surgindo. Será uma segunda chance para trazer a educação no mesmo nível de interesse que as pessoas têm pela internet. Será possível imergir numa praça da Grécia Antiga, viver com os gregos e sentar na praça com eles. Imagina o avanço e o interesse multiplicado para estudar história, por exemplo.

Isso se traduzirá nos esportes, nos shows, poderemos escolher os animais de estimação para nossos avatares, teremos sensações e até mesmo o sexo será virtual. Sensações táteis reais, à distância, nos fazendo sentir como se fosse real.

“É mais ou menos assim: se colocar uma lona é um circo e se construir um muro vira hospício”, comentou o palestrante Valter Longo.

Tem gente abrindo imobiliárias, escritórios de fundos imobiliários, financiadoras de imóveis e muito mais. Verdadeiras revoluções no turismo, com agências já vendendo sensações e experiências virtuais aos mais
inusitados espaços e lugares do planeta e fora dele.

Investir no metaverso não é coisa apenas para as grandes marcas. Logo, pequenos negócios se habilitarão, pois encontrarão mais espaço e clientes no metaverso do que na vida real. É um mundo de imaginação onde cada um pode ser protagonista do jeito que deseja, com seu avatar idealizado e realizando seus ideais
inerentes ao ser humano, cada vez mais em busca da espetacularização do seu eu, ou, numa perspectiva
otimista, se encorajando a ser quem não é na vida real.

O filme Dilema das Redes é outra boa pedida para compreendermos o mundo “maluco” que está apenas chegando. Como sugerem os próprios criadores dos gigantes digitais (ex-funcionários) no documentário,
é preciso tomar cuidado para explorar o produto digital, e “não ser o produto”.

Existem muitos lados e análises para fazer. Sob o ponto de vista econômico, ninguém sabe como isso vai impactar positiva ou negativamente os mercados tradicionais. No aspecto de saúde pública, física e mental, só o tempo dirá o que pode acontecer. Oportunidades e perigos nos aguardam!

Termino a coluna com a frase de resumo que fez Valter Longo: “Segura na mão de Deus e vai. E, se der merda, saia rápido”.

Para assistir a palestra de Longo, compartilho aqui o link e o QRCode.

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