Um ano de vacinação: resultados e perspectivas

Coronavírus

Um ano de vacinação: resultados e perspectivas

Após 12 meses de imunização contra o coronavírus, número de contágios registra nova alta. Por outro lado, a necessidade de internação hospitalar é menor. Ocupação de leitos UTIs, que superou 70% em janeiro do ano passado, agora representa 16,7%

Um ano de vacinação: resultados e perspectivas
Patrícia da Rosa, enfermeira no HBB, foi a primeira a receber a vacina contra covid em janeiro do ano passado

Durante um dos piores momentos da pandemia e com alto índice de internação, as primeiras 4,2 mil doses contra a covid-19 foram entregues ao Vale. A remessa destinada à imunização de profissionais de saúde chegou na 16ª Coordenadoria de Saúde (CRS), em Lajeado, na tarde do dia 19 de janeiro de 2021. Um ano depois, apesar da nova alta de contágios, a ocupação hospitalar registra outro momento.

Dos 65 leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), disponíveis nos quatro hospitais da região, cinco são ocupados por pacientes com covid-19. Essa ocupação corresponde a 16,7% dos leitos em uso. Em dezembro de 2020, dias antes do início da vacinação, esse percentual era de 73,5%.

O gerente administrativo do Hospital Estrela, Johnnie Locatelli, lembra que neste período, nove dos dez leitos de UTI estavam ocupados por pacientes com sintomas respiratórios. “Hoje não temos internação por covid-19 na unidade. Percebemos uma redução significativa a partir de agosto do ano passado”, comenta.

Ainda de acordo com Locatelli, com pelo menos 80% da população de Estrela vacinada, o cenário é mais tranquilo. Desde outubro foram poucos os casos registrados e a maioria deles são de pacientes que buscam atendimento para outros procedimentos e passam pela testagem obrigatória.

“Percebemos que os casos que surgem com o avanço da variante ômicron apresentam sintomas leves e muitas vezes assintomáticos. Alguns pacientes descobriram por acaso que estavam com o vírus ativo”, observa Locatelli.

Na data em que o Vale completa um ano de vacinação, inicia também a imunização infantil, na faixa etária entre 5 e 11 anos. As doses foram entregues ontem aos 37 municípios da região e priorizam a vacinação de crianças indígenas, quilombolas e com comorbidades.

Sintomas leves

Apesar da taxa elevada de transmissão, a variante ômicron se mostra menos agressiva, afirma o médico e secretário de Saúde, de Lajeado, Cláudio Klein. Ele atribui a alteração no padrão dos contágios ao efeito da vacina. “Se por um lado teve menos eficácia em conter a disseminação do vírus, reduz a gravidade dos casos.”

Klein lembra que entre 2020 e 2021 com a cepa P1 tornou-se mais precoce a necessidade de intubação dos pacientes com cenário grave da doença. Na ocasião, entre os principais sintomas, a perda de olfato e paladar, indisposição física, dificuldade respiratória e febre alta.

Agora, a nova variante apresenta sintomas mais leves, muito similares ao resfriado, que inclui irritação na garganta, febre baixa, dor de cabeça frontal e tosse. O médico acredita que a partir de segunda-feira, 24, seja possível criar um panorama real dos contágios.

“Neste momento encerra o ciclo de isolamento dos casos confirmados no início do ano. Será possível identificar se há aumento, estabilidade ou redução das infecções.”

Rede hospitalar

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale do Taquari, Fernando da Gama, apesar de 2021 ter sido um ano tensionado na rede de saúde, agora se atinge um novo patamar. “A vacinação atende mais de 70% da população de modo geral. Os novos casos que surgem são de menor risco”, reforça.

As estruturas hospitalares também estão melhores e não há mais a preocupação com falta de medicamentos. Conforme Gama, houve uma redução do uso de antibióticos e da necessidade de oxigênio. A vigilância com os contágios persiste, mas diante de um cenário nada grave.

O período de afastamento dos profissionais infectados também reduziu. Agora são de sete a dez dias. Desde o início da pandemia o período estabelecido era de, pelo menos, duas semanas. “Precisamos manter os cuidados, mas já notamos que o vírus ataca mais as vias superiores, não mais o pulmão, na maioria dos casos”, comenta Gama.

Segundo o presidente dos hospitais filantrópicos da região, as próximas semanas serão decisivas. Há um temor dos profissionais de saúde sobre a possibilidade de aumento de casos durante o Carnaval. “Mesmo que sejam casos leves, pode ocorrer maior procura por serviços e causar a lotação das estruturas.”

Primeira imunizada

A enfermeira Patrícia da Rosa, 43, foi a primeira a receber o imunizante em Lajeado. A profissional da linha de frente atua no atendimento a pacientes covid no Hospital Bruno Born. Segundo ela, o resultado da vacinação é muito positivo, visto que mesmo com o aumento de casos não reflete em necessidade de internação e óbitos.

“Hoje posso dizer que estamos tranquilos com relação ao medo do desconhecido, de levar o vírus para casa e contaminar os familiares. Medo até de dar um beijo no filho”, conta Patrícia. Ela reforça que a vacina renovou esperanças pelo fim da pandemia. “É a luz no fim do túnel.”


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