Representantes das 21 Regiões de saúde se reuniram com o Gabinete de Crise do Estado para discutir estratégias diante do alto número de contágios pela variante Ômicron.
O tema central do encontro virtual se sustentou nas deliberações quanto a necessidade de retomar os protocolos sanitários considerados básicos, como o uso da máscara, álcool gel e distanciamento.
Do contrário, adverte o Piratini, todo o território gaúcho pode retornar ao patamar de “Alerta”, o que acarreta em restrições maiores.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), é o pior nível de transmissão desde o início da pandemia. A média semanal de casos cresceu cinco vezes nos últimos sete dias, de 81,9 para 411.5. Segundo a secretária Arita Bergmann, a população precisa manter os cuidados, pois a pandemia não acabou. “Apelamos para as pessoas se cuidem e mantenham em dia o esquema vacinal”, afirmou.
Procura por atendimento
O assessor jurídico do Comitê Técnico da covid no Vale do Taquari, Juliano Heisler explica que as regiões foram enfáticas sobre a procura por atendimentos: as unidades de saúde estão superlotadas e em algumas os profissionais não conseguem dar conta da demanda crescente. Uma grande parcela, por estar mais exposta, também teve de se ausentar por causa da doença. Há também quem está de férias.
Por outro lado, não há uma alta proporcional nos leitos de UTI. Por isso, medidas precisam ser tomadas neste momento para evitar um cenário pior. A vacinação foi mais uma vez apontada como a responsável pela situação ser passível de ser controlada.
Heisler destacou que, em princípio, nenhum gestor sinalizou com o cancelamento de grandes eventos ou com limitação de público. Não há essa discussão regional. Porém, cabe a cada administrador avaliar a situação em seu município.
“Não vamos tomar nenhuma medida considerada energética. Mas uma reunião do comitê será convocada para discutirmos futuros movimentos”, afirma o assessor jurídico.
“Estamos aqui discutindo para que o Estado não precise tomar nenhuma outra medida além das tomadas até agora. Os municípios já têm os protocolos recomendados e obrigatórios e também têm, nas suas regiões, a condição de enxergar quais são as medidas necessárias em cada local”, destaca a secretária adjunta da Saúde, Ana Costa.
Ofício ao Ministério
Um dos encaminhamentos da reunião foi a elaboração de um ofício pelo governo do Estado ao Ministério da Saúde. No documento, será solicitada a manutenção do custeio de leitos clínicos e de UTI covid ao órgão federal.
A intenção é afastar qualquer possibilidade de colapso pela falta dos espaços. O ministério anunciou, em dezembro, que vai encerrar o custeio a partir de 1º de fevereiro.
Cancelamentos
Apesar disso, o prefeito de Taquari, André Brito, confirmou o cancelamento do carnaval de rua neste ano, na tarde dessa quinta-feira, 13. No fim de dezembro, o gestor já havia deixado a possibilidade em aberto.
Segundo ele, a proliferação dos casos inviabiliza o evento em razão do alto risco. O mesmo caminho foi seguido pelos organizadores do Baile do Kerb, tradicional festa da localidade de Picada Felipe Essig, em Travesseiro.
Uma das principais escolas de samba da região, a Inhandava, de Bom Retiro do Sul, não irá desfilar. Conforme nota divulgada ainda em novembro, foi difícil pensar na folia ao longo de 2021 diante das consequências psicológicas causadas pela pandemia. Uma apresentação também não é feita “em apenas um ou dois meses”.
Principais tópicos da reunião
1. Foi destacada a relevância dos Comitês Regionais, para acompanhamento de ações em níveis regionais, em conformidade com o modelo dos 3As, especialmente com o novo cenário imposto pela variante ômicron, para tomar medidas que possam ser necessárias em nível regional;
2. Necessário manter a mobilização para conscientização dos protocolos obrigatórios, neste momento em que a população não está mais engajada nos protocolos, o que pode levar a emissão de Alertas;
3. Há um crescimento nas internações, o que é preocupante. Se analisados os dados internacionais, países como Estados Unidos e França estão chegando próximos aos piores momentos da pandemia tanto com internações quanto contágios;
4. Pelos dados estatísticos, os patamares atuais de contágio são muito superiores aos estágios anteriores;
5. Quanto aos óbitos, ainda não há comparativos consistentes;
6. Os países estão em uma tendência ascendente de internações em UTI;
7. Já aparece um crescimento de uso das UTIs no Estado, mais tímido do que em 2021. O problema é que com o número de casos confirmados não há como dimensionar a ocupação;
8. Ainda não há um comprometimento no atendimento. O que faz ser o momento propício para evitar um cenário mais dramático;
9. A vacinação tem se mostrado eficaz contra a variante;
10. Há uma grande preocupação das regiões sobre a perda da força laboral nas unidades básicas de saúde, seja pelas férias ou pelos afastamentos. Há uma disseminação acentuada da covid nos profissionais de saúde.