Nesta semana, a Consultoria IDados divulgou os últimos resultados de suas pesquisas naquilo que caracterizamos como a geração nem-nem. Os dados indicam que já somam mais de 12,3 milhões de brasileiros entre 18 a 29 anos que nem estudam e nem trabalham. Esse volume de pessoas representa 30% dos jovens dessa faixa etária. Se observarmos tais dados, são inúmeras questões atreladas e que justificam tal cenário.
Durante a pandemia esse contingente de jovens nem-nem aumentou de 27,9% para os atuais 30%. No entanto, esse dado aumenta desde o ano de 2012 e está atrelado principalmente aos aspectos econômicos. Vale aqui lembrar que 2015 e 2016 foram anos de recessão no país e nos anos subsequentes o crescimento brasileiro girou em torno de 1% ano. Quando estávamos construindo perspectivas de resultados melhores para o crescimento do PIB, começamos a viver a pandemia e esta completa 2 anos neste ano de 2022.
Em todos os períodos de crises, seja aqui no Brasil ou em qualquer local do mundo, seja neste momento ou em qualquer período histórico, um dos grupos que mais dificuldade têm para se empregar ou manter sua renda são os jovens. Na média, a taxa de desemprego dos jovens é o dobro da taxa de desemprego da média geral da população e está atrelado principalmente a um aspecto que a maioria de nós ouviu em algum momento da sua vida: a falta de experiência para assumir determinada vaga. O que indica aquela máxima: como o jovem vai ter experiência se todos a exigem e ninguém oportuniza a primeira experiência de trabalho?
Durante a pandemia, outro aspecto que reforça os resultados preocupantes que foram apresentados nessa semana é o fato das escolas não terem tido condições de oportunizar os estudos de forma qualificada para todos os estudantes. Muitas escolas ficaram fechadas por um longo período, os acessos a tecnologia da informação eram muito heterogêneos e muitos jovens evadiram das escolas e do seu processo de formação e essa afirmação é confirmada com os dados levantados pela FGV Social, que indica que a evasão escolar triplicou durante a pandemia.
Por fim, há um aspecto da contradição entre quem contrata, que cada vez mais necessita de currículos adequados e qualificados, tanto tecnicamente como em aspectos comportamentais, das qualificações e percepções dos jovens, que não terminaram seus estudos durante a pandemia ou que terminaram seus estudos e não conseguiram um emprego que possa dar conta das suas necessidades e condições familiares. É claro e perceptível que na região do Vale do Taquari esses resultados dos jovens nem-nem são menores e que as taxas de empregabilidade são maiores.
Já fechamos oito meses contratando mais que demitindo. As taxas de jovens que trabalham sempre foram superiores à média brasileira. Mas, mesmo assim, esse período pós-pandemia exige políticas públicas que atentem para a formação educacional e qualificação profissional dos nossos jovens. Somente assim, poderemos construir melhores expectativas para a maioria deles no longo prazo.