Ano eleitoral promete tensão e poucas propostas

eleições 2022

Ano eleitoral promete tensão e poucas propostas

2022 será marcado por disputas acirradas à presidência da República e ao Palácio Piratini. No Vale, em meio às discussões sobre necessidade de eleger deputados locais, partidos preparam candidaturas

Ano eleitoral promete tensão e poucas propostas
(Foto: Divulgação)
Brasil

Ainda falta pouco mais de nove meses para o pleito, mas as discussões sobre as eleições gerais de 2022 já dominam as rodas de conversa e até as projeções econômicas para o próximo ano. Enquanto nas esferas nacional e estadual os debates partidários e ideológicos predominam, no Vale do Taquari o foco é a luta pelo aumento da representatividade nos legislativos.

Sem deputados identificados com as demandas locais, a região carece de força política em temas importantes, como a concessão das rodovias estaduais. Prefeitos, empresários e líderes de entidades entraram na linha de frente dos debates devido à falta de representantes legítimos.

Como fator positivo, a bandeira da necessidade do Vale eleger deputados foi levantada com antecedência. Há nomes locais, em diversos partidos, cotados para concorrer em 2022, sobretudo à Assembleia Legislativa. O fator negativo, mais uma vez, pode ser a divisão de votos e a concorrência com os candidatos de fora.

Estratégias regionais

Nos dois maiores partidos do Vale, há mais de um pré-candidato. Só o PP contabiliza quatro nomes. Mas o coordenador regional Edegar Cerbaro é enfático. “O melhor nome que temos, sem desdenhar dos outros, é o do prefeito Marcelo Caumo. Representa uma nova geração dentro do partido”, frisa.

Além dele, o vereador de Estrela, João Braun, se movimenta para concorrer. Por fim, há dois pré-candidatos de Taquari. Um deles é o suplente de vereador Valdir Trindade. Cerbaro não soube dizer quem é o outro.
A intenção é que, no começo de 2022, as lideranças do partido na região se reúnam para definir os rumos no pleito. Cerbaro reconhece que a situação de Caumo não é simples. “É o prefeito da maior cidade da região. Não é bem assim para abrir mão do mandato”.

Já no MDB, o coordenador regional, Celso Cervi, considera “certa” a candidatura da suplente de deputada Márcia Scherer à Assembleia Legislativa. E acredita ser possível uma eleição. “Ela é um nome forte, assim como nomes de outros partidos”, comenta.

O prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch, é outro nome cotado, mas Cervi pensa que é mais difícil, pois teria que deixar o governo na metade do mandato. Outra possibilidade, para ele, é o ex-prefeito de Estrela, Rafael Mallmann, como opção à câmara federal.

“É mais difícil se eleger à câmara. O Rafael tem simpatia a essa candidatura. Mas se o Alceu Moreira disputar a reeleição, dificilmente teremos candidato a federal”, admite. O MDB decidirá, em 19 de fevereiro, seu pré-candidato ao governo do Estado e Moreira é um dos nomes cotados.

Debate raso

A eleição para presidente da República tem pelo menos 11 nomes pré-confirmados. Jair Bolsonaro, recém-filiado ao PL, disputará a reeleição. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta ao páreo, 16 anos após sua última eleição.

Também se colocam como pré-candidatos Sérgio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB), Rodrigo Pacheco (PSD), Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Leonardo Péricles (UP) e André Janones (Avante).

O cientista político Fredi Camargo vislumbra um debate mais “raso” na disputa presidencial. Para ele, haverá um uso exacerbado das redes sociais e, até, das fake news. “É um debate que não tende a ser aprofundado. Continuaremos brigando como se fossem torcidas de futebol”, projeta.

A análise de Camargo leva em consideração as pré-candidaturas estabelecidas e o passado recente dos presidenciáveis. “Teremos acusações abaixo de acusações e quase nada de proposições para o país e a nação”.

Corrida ao Piratini

A eleição estadual está recheada de interrogações. A começar pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que perdeu as prévias do partido à presidência. Ele já deixou claro sua intenção de não disputar a reeleição. Caso Leite não concorra, o partido indicará o vice Ranolfo Vieira Júnior.

Aliados do governo também tem suas aspirações. O PP está fechado com a pré-candidatura do senador Luis Carlos Heinze. O MDB, por sua vez, tem dificuldades em definir um nome. Há vários cotados, como o deputado federal Alceu Moreira, o presidente da Assembleia Legislativa, Gabriel Souza, o ex-prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, e até o ex-governador José Ivo Sartori.

O PL, que também já fez parte do governo Leite, terá Onyx Lorenzoni – ainda no DEM – como postulante No campo da esquerda, três pré-candidatos já estão definidos: o deputado estadual Edegar Pretto (PT), o ex-deputado estadual e vereador de Porto Alegre, Pedro Ruas (PSOL), e o ex-deputado federal Beto Albuquerque (PSB). Por fim, há Rodrigo Maroni, pré-candidato pelo PSC.

Camargo entende que o pleito no Estado será mais qualificado e menos personalizado, por mais que haja incerteza sobre as candidaturas. Acredita que Leite não tentará a reeleição, tanto por suas aspirações quanto pelo histórico do RS. “Temos essa particularidade aqui. Se o governo federal é de um lado, nós vamos contra. Foram poucas as vezes onde ocorreram um alinhamento”, avalia.

Para ele, o cenário gaúcho se desenha com três possibilidades de candidaturas: a atual gestão, com apoio do MDB; os grupos identificados com o bolsonarismo, nas figuras de Heinze e Onyx; e a esquerda. “Temos algumas possibilidades de surpresa. Mas o debate será melhor do que para a presidência”.

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