Agressivos e vorazes. Essas são características marcantes dos pássaros Sturnus vulgaris, mais conhecidos por “estorninhos”. Ave exótica, comum na Europa, Ásia e norte da África, a prewsença da espécie foi confirmada na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
Conforme boletim do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), cinco cidades gaúchas registram a passagem de bandos. Os estorninhos são considerados praga pelo fato de devastarem o ambiente onde se instalam.
A alimentação vai de sementes, plantações, ovos e insetos. Pelo informe do Ibama, os bandos preferem ficar próximos a propriedades rurais. Em entrevista concedida na manhã de ontem a Rádio A Hora 102.9, o biólogo Leonardo Bazanella, destacou o impacto ambiental da presença desses pássaros.
“Vai além dos prejuízos na agricultura. O estorninho modifica todo o ecossistema”. Os motivos para a migração dessa espécie são desconhecidos. Algumas linhas de pensamento indicam que tenha relação com o aquecimento global ou mesmo com a falta de chuva. “Não acredito que seja isso. O que faz aves migratórias buscarem novas regiões é o frio. Ainda assim, não temos um comportamento bem definido. Pode haver relação, mas não há certeza.”
Com 21,5 centímetros de comprimento e pesando de 70 a 100 gramas, o pássaro tem uma plumagem escura, com manchas brancas nas penas. Conforme o biólogo, ele compete com a fauna nativa por alimento e locais para fazer seu ninho. Também é predatório com invertebrados nativos. Também há características curiosas, em especial a capacidade de imitar sons complexos, como a própria fala humana.
Essa espécie é gregária. Significa que voam, se alimentam e se banham juntos. Também são famosos pelas revoadas, quando centenas de milhares deles se alçam juntos ao céu.
Por serem registros recentes, o Ibama iniciou um grupo de trabalho para reunir informações sobre a extensão dos bandos vistos no país. Foram feitas tratativas com instituições de pesquisa e setores públicos como forma de adotar medidas coordenadas para a detecção precoce de ocorrências, controle e comunicação.
Presença no RS
O estorninho chegou ao estado pelo Uruguai. A primeira ocorrência da espécie no sul do continente americano foi de bandos na Argentina, ainda na década de 1980. Como se adaptaram, se espalharam pelo entorno de Buenos Aires e, depois, para outras regiões, alcançando as fronteiras.
Agricultores dos países invadidos precisarem contratar serviços especializados em controle de pragas para salvarem suas lavouras. Os principais danos e prejuízos são registrados nos Estados Unidos. Pelos cálculos das instituições de controle, já passam de 200 milhões de estorninhos estabelecidos em diversos estados.
O estorninho consta na lista das cem piores espécies exóticas invasoras, elaborada anos atrás pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).