“Coloquei na cabeça que ia trabalhar até o fim da vida”

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“Coloquei na cabeça que ia trabalhar até o fim da vida”

Aos 91 anos, o empresário Lauro Bergesch mantém um projeto de turismo que criou há uma década, e compartilha, de forma gratuita, as belezas naturais do Vale do Taquari e do estado em livros, músicas e vídeos no Youtube

“Coloquei na cabeça que ia trabalhar até o fim da vida”
Exportando belezas já virou livro e produz curta-metragens. Com 91 anos, Bergesch é um youtuber da região. (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

A energia e o bom humor escondem a idade, apesar dos cabelos brancos e das feições já marcadas pelo tempo. Filho de agricultor, Lauro Bergesch, 91, passou a infância na roça e em cima do cavalo. Anos mais tarde tornou-se empresário no ramo de bebidas, e depois de 57 anos, se aposentou.

Entre uma vida de muito trabalho, sempre quis fazer algo para o próximo, e faz 10 anos que criou o projeto Exportando Belezas, com livros, músicas e vídeos no Youtube para divulgar os pontos turísticos do Vale do Taquari e do estado.

Ele conta que assim que deixou a empresa da qual continua sócio, passou alguns meses difíceis à procura de novas atividades que pudessem preencher sua agenda. Mesmo aposentado, não tinha a intenção de parar de trabalhar. Então, convidou uma vizinha que tinha gosto pela fotografia para percorrer o Vale do Taquari com ele fazendo fotos.

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Nos meses seguintes, adquiriram uma boa máquina e algumas lentes, e os fins de semana foram dedicados ao trabalho que, mais tarde, deu vida ao projeto documental. Ele tinha planos, que começou a colocar em prática à medida em que a equipe na área de fotografia e audiovisual cresceu.

“Meu pensamento depois que saí da firma mudou. Eu tinha que ter uma ocupação. Eu me preparei para ser velho, para ter o que fazer e produzir alguma coisa”, destaca Bergesch.

Ele se dedica à atividade de forma voluntária e o primeiro livro recebeu o mesmo nome do projeto. Em 245 páginas, a obra traz fotografias e informações sobre diferentes cidades da região. Entre os registros, estão o Parque Princesa do Vale, de Estrela, a Casa do Morro de Cruzeiro do Sul e o Parque Histórico de Lajeado.

Depois dele, outras duas obras foram produzidas. O empresário aposentado também já escreveu sua biografia e alguns livros de família.

Um projeto em expansão

Depois do lançamento do primeiro livro, Bergesch quis trabalhar também com música, entrevista, e organizou o 1ª Festival de Cinema de Lajeado. Em seguida, surgiram as produções de curta-metragens com gravações das mais belas paisagens do estado, entre elas, um pequeno filme de 25 minutos sobre o Rio Taquari Antas.

Em frente às câmeras, ele não se envergonha e quer sempre produzir um material único. No início, gravava em DVDs e distribuía para os vizinhos, amigos e conhecidos. Mas, faz alguns anos, a equipe sugeriu colocar os vídeos no Youtube. E assim tem sido.

Hoje o canal ultrapassa 400 mil visualizações, e o youtuber de 91 anos ficou conhecido. O próximo projeto é a produção de um filme sobre o Rio Jacuí, em um trajeto de 700 km, que sai de Passo Fundo, passa por Cachoeira do Sul, Pantano Grande e General Câmara.

Sobre a tecnologia, ele aprende aos poucos, e entre os planos para o futuro, também está um curta-metragem sobre casamentos antigos.

Da agricultura para o empresariado

Bergesch passou a infância em Colinas e, além de trabalhar na roça, também vendia carne bovina do matadouro da família.

“Foi muito bom. A gente aprendeu a sofrer, a viver, a servir esse povo”, conta.

Mais tarde, tornou-se empresário e, em 1961, adquiriu as terras onde a Fruki foi construída. Ele diz ter criado um manual de conduta da longevidade ao longo dos anos. Assim, no dia a dia, costuma cuidar a temperatura da água do chimarrão ou cafezinho. Bebida alcoólica é apenas em eventos e carne apenas ao meio dia.

Também diz que é importante se entusiasmar pelas atividades que desempenha, assim como ele fez a vida toda.

“Quando eu era jovem, bonito e com muito amor pra dar, eu coloquei na minha cabeça que ia trabalhar até o fim da vida. Poderia ser pago ou não pago, tanto faz. Mas não iria ficar em casa, me preocupar com a velhice, com vizinhos, com rixas familiares. Iria ao serviço, e é o que estou fazendo”.

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