No Brasil, em média, os homens vivem sete anos a menos do que as mulheres, conforme dados do IBGE. Preconceito, timidez e até falta de atenção com a própria saúde ainda afastam a população masculina dos consultórios médicos, o que dificulta o diagnóstico precoce de diversas doenças. Por isso, todos os anos, o Novembro Azul reforça a importância dos homens, a partir dos 40 anos – caso não tenham fatores de riscos -, incluírem em suas rotinas consultas e exames preventivos regulares. Com esse hábito, conforme especialistas, aumentam as chances de descobrir doenças em estágio inicial e de cura.
Além dos cânceres de próstata, pulmão e colorretal, que têm grande incidência e riscos entre os homens, eles também são mais propensos a terem hipertensão arterial e colesterol alto, doenças do coração e diabetes. Enfermidades que igualmente podem ser prevenidas com consultas regulares e hábitos de vida saudáveis, como ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos por, no mínimo, 30 minutos diários, não fumar, além de diminuir o consumo de carne vermelha e de álcool.
Mudança de rotinas
De acordo com a médica coloproctologista de Lajeado, Cibele Corbellini da Silva Rosa, seguir esses hábitos, além de ajudar na prevenção, pode auxiliar no sucesso dos tratamentos. “Ter uma rotina de vida saudável não quer dizer que a pessoa não ficará doente. Entretanto, a resposta a tratamentos em pacientes com esse perfil é, geralmente, muito mais positiva. Por isso, vale a pena adotar um novo modelo de vida. Qualquer esforço pela saúde é válido”, enfatiza.
Exames simples e sem sequelas
A vida agitada aliada aos preconceitos que ainda rondam as consultas e os exames, na opinião da médica, estão entre os principais motivos que levam aos homens a adiar a procura por profissionais da saúde. “Apesar do tabu, tanto o toque retal quanto a colonoscopia são de extrema importância para a detecção precoce e até mesmo a prevenção do câncer colorretal”, salienta a coloproctologista. No caso da colonoscopia, Cibele explica que o exame é feito com o paciente sedado e tem baixíssima taxa de complicação. Durante o procedimento, é introduzido pelo ânus, um tubo semiflexível com uma pequena câmera na ponta. “O exame avalia o interior do intestino grosso (cólon) e do reto, bem como a parte final do intestino delgado. O procedimento é indicado a partir dos 45 anos para todos os pacientes e, em alguns casos, com fatores de risco como, por exemplo, história familiar, a colonoscopia é indicada mais precocemente. Sintomas do câncer colorretal incluem alteração do hábito intestinal (diarreia ou constipação), sangue nas fezes, dor anal ao evacuar, vontade frequente de evacuar, aumento do volume abdominal, anemia, entre outros.”
Crescimento de casos graves
Que a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças são a chave para o sucesso de tratamentos, não há dúvidas. Quanto antes uma enfermidade é descoberta, melhor. Mas a médica de Lajeado atenta para uma realidade preocupante agravada pela pandemia: as consultas e os exames preventivos que deixaram de ser feitos no período em que o foco ficou voltado para o combate ao coronavírus. “Temos uma demanda represada e muitos diagnósticos precoces deixaram de ser feitos. E o pior: alguns casos podem ter se agravado”, ressalta. Portanto, fica o alerta para que todos os homens se conscientizem e cuidem da própria saúde.
Sobre o Novembro Azul
A campanha, que chegou ao Brasil em 2008, visa conscientizar os homens quanto à importância da realização de exames preventivos no combate a problemas de saúde, quebrando um dos velhos paradigmas da população masculina sobre o hábito de visitar o médico, mesmo sem sintomas, para a prevenção de doenças.
O alerta do Novembro Azul tem foco, principalmente, no câncer de próstata que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o mais comum entre os homens e representa 29% dos diagnósticos da doença no Brasil. Dados do instituto indicam ainda que, entre 2020 e 2022, o país pode registrar cerca de 65.840 novos casos da doença a cada ano.
A campanha, desenvolvida ao longo do mês, serve como uma maneira de reforçar a importância da prevenção, sendo a mais efetiva forma de combater a doença que, quando detectada no início, apresenta melhores chances de tratamento e cura do paciente.