Casa do Morro reabre as portas

Símbolo do município

Casa do Morro reabre as portas

Depois de quase duas décadas sem ocupação, a Casa do Morro será reinaugurada nesta segunda feira (22), no dia do aniversário de 57 anos de Cruzeiro do Sul

Casa do Morro reabre as portas
Casa do Morro

Um dos maiores símbolos de Cruzeiro do Sul, a Casa do Morro, já foi biblioteca, restaurante e museu. Concluída em 1878, também já foi residência do Tenente Coronel Primórdio Centeno Xavier de Azambuja, filho da fundadora do município, Laura Centeno de Avezedo.

Depois de quase duas décadas sem ocupação, o casarão que marcou a comunidade no entorno com inúmeras lendas, volta a abrir as portas na segunda-feira, 22, e passa a abrigar a Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

A obra começou no início de julho, e teve Ênio José Ziebell como um dos colaboradores. Pedreiro da prefeitura há mais de 20 anos, esteve na Casa do Morro desde o primeiro dia da reconstrução.

Morador de Cruzeiro do Sul a vida toda, diz conhecer muitas histórias da antiga residência. Uma delas era que uma panela de ouro estaria enterrada em uma pedra de alicerce da construção.

“Quando começamos a cavar para refazer alguns espaços, procuramos a tal panela, mas não encontramos nada”, brinca.

Ênio conta que a primeira etapa da obra foi a adequação do esgoto com uma nova fossa e a parte elétrica. Toda a tubulação foi feita do zero, assim como as paredes do banheiro que foram erguidas no espaço da cozinha do antigo casarão.

O piso também foi reformado mas, ao invés do chamado tabuão, a nova estrutura é feita com um material mais resistente que imita a madeira. Assim como o teto que antes era de assoalho.

Algumas pedras no rodapé foram mantidas da estrutura original, assim como as três aberturas de madeira na fachada do casarão.

“Tivemos que cortar as paredes para colocar as portas, porque estavam fora do prumo, já que naquela época não se fazia esses detalhes. As paredes internas foram construidas do zero já na outra administração, assim como a chapa e o telhado”, conta Ênio.

Mas, parte das paredes originais foram mantidas e emolduradas em dois quadros para representar a estrutura original do casarão, que era feita de madeira, maravalhas e barro. Naquela época, os materiais foram rebocados com calcário, já que ainda não existia o cimento.

Veja como ficou a Casa do Morro:

Nos planos do município

A Casa do Morro estava sem atividades desde 2003 e, ao longo dos anos, inúmeras promessas de reconstrução do espaço foram feitas. Em 2006 o casarão foi tombado pelo município e não foi possível fazer mudanças estruturais na edificação.

O prefeito João Dullius conta que a ideia da administração sempre foi fazer a restauração no primeiro ano de governo, e inaugurar o casarão na data do aniversário do município, 22 de novembro. Depois de uma avaliação de engenheiros e arquitetos, começaram a surgir ideias sobre a ocupação do casarão. Entre elas, a possibilidade de realocar a Secretaria de Educação e Cultura do município para o lugar, já que a pasta atuava em uma sala alugada no município.

“A Secretaria de Educação vai estar aqui todos os dias trabalhando para ocupar a casa, em um espaço amplo e bonito, para que a gente possa voltar a dar vida a ela”, destaca o prefeito. Na estrutura estão seis salas, cozinhas e banheiros.

Na parte externa, o mato ao redor foi retirado, e construído um pequeno palco, além de um parapeito de vidro, de onde é possível ver, do alto, o Rio Taquari. A obra teve patrocinadores e colaboradores, mas o maior investimento foi da prefeitura, com cerca de 280 mil reais.

De acordo com o vice-prefeito, João Celso Führ, o maior desafio foi cumprir o tempo proposto para a obra. Ele conta que pessoas da comunidade que conheciam a história da Casa do Morro também se envolveram com o projeto. “Foi um trabalho muito bonito que hoje estamos sendo reconhecidos”, destaca.

Entre os voluntários, estava Vera Maria Marmitt, 71. Moradora da rendondeza há 46 anos, ela auxiliou na limpeza do terreno e na plantação de flores no ao redor do casarão. A comunidade também visitava o espaço à noite para regar a grama e as plantas.

Turismo em evidência

Além de abrigar a secretaria, a Casa do Morro também pretende se consolidar como ponto turístico para os visitantes do Vale do Taquari. “Como o Vale despertou para o turismo, nada mais justo do que todas as cidades se juntarem para isso”, destaca a Coordenadora do setor de indústria, comércio e turismo, Aline Moreno.

Nos fins de semana, a parte externa vai estar aberta para visitação e o município estuda novos projetos turísticos e inovadores para os próximos anos no entorno do casarão.

Um teleférico também está nos planos do município, em uma parceria público-privada. O trajeto sairia acima da Casa do Morro, na Toca dos Corvos, até o Porto de Estrela, com 1370 metros de cabeamento. Um pré-projeto deve ser apresentado à administração em dezembro e, se adequado, o teleférico pode ficar pronto em cerca de dois anos.

Esforços comunitários

Em 2014, um projeto para reformar a estrutura foi criado pelas alunas Joana Dullius, Elizandra Maria Dullius, Fabíola Fick e Ana Paula dos Santos. A ideia foi apresentada para a Câmara Municipal de Vereadores e à administração da época, e, mais tarde, o grupo de voluntários “Amigos da Casa do Morro” se criou.

Com as arrecadações, foi possível comprar grande parte dos ferros que eram necessários para a reforma do telhado. Com o tempo, o grupo se dispersou e o projeto ficou parado. Mas a vontade de ver o espaço sendo ocupado novamente permaneceu.

A construção ao longo do tempo

1835
A família Azambuja adquiriu a Fazenda São Gabriel.

1878
Tenente Coronel Primórdio Centeno Xavier de Azambuja construiu uma casa ao lado da propriedade da família, mas o local foi inundado durante a obra. A casa foi reconstruída no topo do morro e concluída em 1878.

1898
Com a morte do militar, a casa foi alugada e vendida em leilão.

1963
O casarão tornou-se patrimônio do município.

1960
No final da década, o monumento foi escolhido como símbolo da cidade, sendo inserido no Brasão e Bandeira.

1990
A partir dos anos 1990 a casa abrigou biblioteca, museu e restaurante

2003
A partir deste ano, o espaço ficou abandonado.

2006
O monumento histórico foi tombado pelo município.

2017
Um grupo de voluntários da Escola João de Deus realizou um mutirão de limpeza. Foi criado o grupo Grupo Amigos da Casa do Morro.

2019
O espaço foi utilizado para um evento, e o Executivo falava em um estudo para remodelar a antiga casa.

2021
Em 4 de julho o projeto de restauração teve início e, em 22 de novembro, a Casa do Morro é reinaugurada.

Galeria

1835 1898 1990 2003 2021

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