Governo estuda mudanças na rua Júlio de Castilhos

Lajeado

Governo estuda mudanças na rua Júlio de Castilhos

Projeto de “requalificação” prevê melhorias, como ampliação de calçadas e arborização da principal via do Centro. Inspirado em iniciativa da capital município busca escritório referência em urbanismo. Lojistas e trabalhadores apontam obras e ações necessárias ao trecho

Governo estuda mudanças na rua Júlio de Castilhos
Com a remodelação, intenção do governo é tornar via uma referência em espaço urbano compartilhado. Alargamento das calçadas é uma alternativa. (Foto: Mateus Souza)
Lajeado

Principal rua do Centro de Lajeado, a Júlio de Castilhos passará por uma transformação. O governo prepara um projeto de requalificação urbana da via. Para isso, será contratado um escritório de arquitetura e urbanismo que trabalhará na elaboração da proposta. A intenção é assinar o contrato ainda em novembro.

O propósito do município é executar, a partir deste projeto, uma série de melhorias em toda a extensão da rua, que vai do cruzamento com a rua Osvaldo Aranha até o entroncamento com as avenidas Benjamin Constant e Alberto Pasqualini.
Projeta-se um desenho urbano diferenciado na rua, com intervenções que incluem o alargamento e melhoria das calçadas e maior acessibilidade. Também está prevista a arborização, implantação de floreiras e equipamentos de lazer.

Para elaborar as diretrizes, o secretário municipal de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, Giancarlo Bervian, fez pesquisas junto aos profissionais da pasta, em busca de referências em urbanismo. “O objetivo é ter projetos muito bem elaborados, detalhados e qualificados. Por isso buscamos informações de escritórios com capacidade técnica comprovada”, afirma.

Arquiteto por formação, Bervian reconhece a qualidade dos escritórios locais. Contudo, aponta o exemplo da Orla do Guaíba, que teve o projeto executado por um escritório de Curitiba, e por isso aponta para a contratação de uma empresa de fora.

“Há situações que devem ser consideradas. Precisamos de alternativas que sejam extremamente eficientes e sem chances de equívoco. É um projeto complexo e que precisa de uma capacitação muito forte. Não há exemplos aqui na cidade para o que buscamos”, justifica.

Em etapas

A Júlio de Castilhos tem 1,5 quilômetro de extensão e faz esquina com outras 13 vias. O trecho da Osvaldo Aranha até a Marechal Deodoro é bastante arborizado, sobretudo pela presença da Praça da Matriz. Contudo, o restante do percurso conta com pouquíssimas árvores, o que é alvo frequente de reclamações.

“A Júlio tem algumas condicionantes. O solo é bem complicado, e não é em qualquer ponto dela que se consegue fazer plantio de árvores. Mas a ideia é buscar alternativas para deixá-la mais verde e menos sufocante”, detalha Bervian.

A execução das obras, segundo o secretário, será feita em etapas. Primeiro, o governo pretende definir o orçamento total das intervenções. Isso facilitará a busca por recursos. “A única maneira de conseguir verba federal é apresentando um bom projeto. Chegamos a essa conclusão”, comenta.

“Shopping a céu aberto”

A expressão “shopping a céu aberto” é frequentemente utilizada por comerciantes e lojistas para se referir à Júlio de Castilhos. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Lajeado, Aquiles José Mallmann, corrobora a ideia e se colocou a disposição do Executivo para um trabalho conjunto na revitalização da via.

Mallmann considera acertada a ideia do governo em iniciar a revitalização em um local específico. “Temos ruas transversais importantes, como a Benjamin Constant e a Bento Gonçalves, mas a Júlio merece e precisa dessas melhorias. Assim como a decoração natalina sempre inicia por lá”, compara.

Entre as melhorias sugeridas, ele aponta a necessidade de mais espaços para as pessoas sentarem e um cuidado maior com as calçadas. “Tem pedestres levando tombos. Isso não pode acontecer numa cidade polo do Vale”. Sobre a arborização, também considera importante, dentro das possibilidades. “Muitos dizem que não querem árvore na frente do seu comércio, mas reclamam da falta de sombra, sintetiza.

Maior segurança

Para o lojista Leandro Ribeiro, que atua em um bazar próximo à prefeitura de Lajeado, a segurança dos pedestres é um ponto que deve ser considerado pelo governo na elaboração de um projeto de revitalização da Júlio. Cita justamente o cruzamento com a rua Júlio May, devido aos acidentes ocorridos no local.

Ribeiro pede semáforo no cruzamento com a Júlio May para dar maior segurança às crianças. (Foto: Mateus Souza)

A solução, para Ribeiro, seria implantar um semáforo no local. “Vejo muitas pessoas, principalmente crianças correndo riscos, quase sendo atropeladas. Deveria ter uma atenção maior à isso, pois muitas vezes os motoristas não respeitam”, aponta.

Já a comerciante Ana Lúcia de Azambuja pede atenção à iluminação da via, sobretudo nas imediações da prefeitura e também na Praça da Matriz. “O prédio da prefeitura ficou muito bonito após a reforma, mas chama atenção também pela escuridão à noite. Não tem nada ali. E a praça também é um lugar lindo, mas que precisa de maior segurança”, afirma.

Bicicletas

Funcionária de uma loja de confecções no Centro, Cristiane Lasta sente falta de um bicicletário nas imediações da rua Júlio de Castilhos. Segundo ela, isto inviabiliza que trabalhadores utilizem a bicicleta para se locomover até seus locais de trabalho.

Ciclistas dividem espaços com pedestres devido à falta de local adequado para as bicicletas. (Foto: Mateus Souza)

“Não temos onde guardar nossas bicicletas. Eu mesmo acabo vindo a pé ao trabalho. Seria uma boa se tivesse esta possibilidade”, aponta. Cristiane também espera que, com a revitalização da via, surja espaços de lazer maiores, como os parklets. Ainda cita a retirada dos fios para diminuir a poluição visual da via.

Falta padrão na sinalização das calçadas. Há também faixas de pedestres sem acessibilidade adequada. (Foto: Mateus Souza)


O QUE PREVÊ O PROJETO

• Acessibilidade universal;
• Estudo de pavimentação dos passeios públicos;
• Urbanismo tático e sinalização viária;
• Possibilidade de alargamentos das calçadas, em especial nas esquinas;
• Readequação dos perfis viário, quando viável, e acordado com os técnicos do poder Executivo;
• Indicação dos locais dos mobiliários urbano (bancos, postes, lixeiras, etc), considerando o mobiliário indicado pelo município;
• Previsão de arborização da via e paisagismo, incluindo o detalhamento de espécies.


Falta verde no Centro

Há quase dois anos, A Hora noticiava em sua edição de fim de semana a falta de árvores no Centro de Lajeado, sobretudo na rua Júlio de Castilhos. Mas não era um assunto apenas da época. O problema é antigo e as soluções são buscadas também há mais tempo.

À época, o então secretário de Planejamento, Rafael Zanatta, já falava da necessidade de uma revitalização da via. Propostas foram levadas à CDL, que apoiou iniciativas para tornar a via mais bonita e menos quente. Porém, não houve avanços.

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