Seis meses após acidente, mãe é condenada a 19 anos e quatro meses de prisão

Júri Popular

Seis meses após acidente, mãe é condenada a 19 anos e quatro meses de prisão

Mulher que tentou suicídio ao jogar seu automóvel contra um caminhão, com a filha a bordo, foi julgada nesta quarta-feira. Julgamento durou mais de seis horas

Seis meses após acidente, mãe é condenada a 19 anos e quatro meses de prisão
(Foto: Jhon Tedeschi)
Lajeado

O julgamento da mãe que provocou um acidente na BR-386, no dia 17 de maio, ocorreu nesta quarta-feira, 17, no tribunal do júri, definiu pela condenação da ré a prisão em regime fechado, a 19 anos e quatro meses, por tentativa de homicídio, com agravante de motivo torpe. Foram mais de seis horas em que quatro testemunhas foram ouvidas, além da acusada, do Ministério Público e da defesa da ré.

A acusação solicitava prisão por tentativa de homicídio por motivo torpe, da filha da acusada e das demais pessoas envolvidas no acidente. A defesa alega que ela agiu sob forte pressão emocional, devido a uma relação conturbada com o ex-marido.

Nos relatos das testemunhas de defesa, o foco foi na conduta do ex-companheiro da acusada. O envolvimento dele com uso de drogas e o comportamento agressivo perante a ré foram protagonistas. Apontaram que ela tentou internar o ex-marido, sem sucesso

Chamada para depor às 15h40, a acusada contou sua história com o ex-marido, com destaque para a relação dele com a filha e eventuais chantagens e violências físicas e psicológicas. Relatou que estava com a auto-estima baixa, justamente pelos problemas no relacionamento. “Ele sempre me rebaixou”, segundo ela. Também diz que houve negligência do pai em relação à filha.

A gota d’água, conforme o relato da ré, foi uma situação de adultério flagrado por ela no dia do crime. “Disse para ele que seria a última vez que ele me viria”, relatou. Por fim, afirmou não lembrar das circunstâncias de buscar a filha, e se demonstrou arrependida. “Eu amo meus filhos, eu sou uma boa mãe. Sempre batalhei pela minha família. Hoje sou diferente, tenho um pensamento diferente. Sou uma nova pessoa”, concluiu.

“Sociedade precisava de uma resposta”

O promotor Diego Prux iniciou apontando que o julgamento não era do pai da menina e ressaltou o fato de ter sido a primeira pessoa a pedir exame psicológico da acusada. Além disso, lamentou o fato de não poder fazer os questionamentos para a ré. Pontuou o que caracteriza a acusação, do crime de tentativa de homicídio, mostrou os vídeos que caracterizaram o crime e encerrou afirmando que a sociedade precisava de uma justificativa. “Sinto que esse caso precisa de uma resposta. Todos nós sabemos que um dia a ré sairá da cadeia e sairá mais forte. Acredito que não seja uma criminosa, mas que cometeu um crime grave, gravíssimo”, finalizou.

Defesa focou no comportamento do ex-companheiro

Na sequência, o advogado de defesa José Felipe Lucca fez uso da palavra e voltou a direcionar o discurso no mesmo sentido que as testemunhas levaram aos jurados, ao falar sobre a estrutura familiar do ex-marido da acusada e a impossibilidade deles criarem a filha mais nova. Também argumentou com o diagnóstico de depressão da ré. “O quanto terrível é a vida de uma pessoa para preferir a morte do que deixar a filha com seu pai?”, questionou. Durante a explanação, a mãe da acusada, que estava acompanhando o julgamento, se sentiu mal, precisou deixar a sala do júri, mas voltou em seguida.

Decisão do júri

Após pouco mais de uma hora de explanação da defesa, a promotoria optou por abrir mão da réplica. Os jurados fizeram a votação e decidiram pela condenação da ré, pelo crime de tentativa de homicídio, a 19 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. A juíza Carmen Luíza Rosa Constante proferiu a sentença às 19h38. A acusada retorna ao Presídio Madre Pelletier, em Porto Alegre, onde já estava detida.

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