O urologista e cirurgião geral, Fernando Luís Gugel, que diariamente atende no seu consultório, em Encantado, pacientes que buscam prevenir e tratar enfermidades comuns aos homens, neste ano, descobriu um câncer de próstata em estágio inicial. A partir da própria experiência com a doença, o médico reforça a importância do autocuidado para que o diagnóstico ocorra cedo e a cura seja uma consequência.
“Assim como recomendamos o autocuidado aos pacientes, nós, médicos, também temos essa responsabilidade com a nossa saúde, afinal somos de carne e osso, e estamos sujeitos aos mesmos riscos. Eu tive o diagnóstico precoce e todo o tratamento foi um sucesso, tanto de cura quanto pelo fato de não ter sequelas”, destaca. Gugel começou a fazer exames preventivos de rotinas com maior frequência a partir dos 45 anos, por questões genéticas. Ele perdeu o pai com um câncer grave de próstata, com 67 anos, e a mãe teve um tumor na mama aos 73.
Fatores de risco
O histórico familiar, conforme o urologista, foi um alerta. “Quanto mais precoce e agressiva é a doença, mais tem a ver com a genética. E o câncer de próstata é um dos tumores mais associados a questões genéticas. Quando um familiar tem a doença entre 50 e 70 anos, mais atentos devem ficar os descendentes. Para pessoas negras, obesas e com histórico familiar, a recomendação é para que façam a prevenção a partir dos 45 anos. Os demais pacientes, a partir dos 50”, informa o médico.
Importância da família
Gugel aproveita o Novembro Azul para convocar os homens a realizar as consultas e os exames preventivos, e a adotar uma vida com hábitos saudáveis, como optar por uma alimentação balanceada e praticar atividades físicas. “O homem, geralmente, se coloca na posição de provedor, que trabalha para manter e dar qualidade de vida para a família, mas esquece da própria saúde. A família tem um papel extremamente importante ao estimular o autocuidado entre o público masculino. As consultas e os exames são para ter um diagnóstico de saúde, mas se algo for detectado será mais fácil tratar e conseguir a cura. A doença não vai chegar até o paciente porque ele foi procurar, pois ela já está lá. Quem procura e encontra terá mais chances.”
Tabus x exames
Ao chegar no consultório, a primeira etapa consiste em uma conversa com o paciente para conhecer seu histórico de vida e avaliar os riscos oncológicos, cardiovasculares ou genéticos. “São eles que vão determinar os exames necessários”, aponta o urologista. Mas ele adianta que os melhores exames para descobrir o câncer de próstata são a testagem do sangue, conhecida como “dosagem PSA”, e o toque retal, no qual o médico avalia a presença de nódulos ou tecidos endurecidos, o que pode ser um indicativo para a doença. “Os tabus e preconceitos que cercam os exames, que são simples, podem comprometer uma possibilidade de cura. Os homens precisam se conscientizar que cada um tem responsabilidade com a própria saúde.”
Sinais de alerta:
– Fluxo urinário fraco ou interrompido;
– Vontade de urinar frequentemente à noite;
– Sangue na urina ou no sêmen;
– Disfunção erétil;
– Casos de câncer de próstata graves em familiares com idades entre 50 e 70 anos.
Hábitos para seguir
– Faça consultas e exames preventivos de rotina. Pessoas com histórico familiar da doença, negros e obesos devem fazer a partir dos 45 anos;
– Tenha uma alimentação equilibrada;
– Adote a prática de exercícios físicos regulares.
Números preocupantes
– O câncer de próstata é um dos mais frequentes entre homens, sendo o segundo tumor que mais mata – perde apenas para o câncer de pulmão;
– Em 2019, mais de 60 mil novos casos foram diagnosticados no Brasil, resultando em cerca de 16 mil óbitos. Em 2020, os números tiveram redução em razão da pandemia e calcula-se que cerca de metade dos casos deixaram de ser diagnosticados precocemente.