Acil chega ao centenário com desafio de manter protagonismo

100 anos

Acil chega ao centenário com desafio de manter protagonismo

Associação Comercial e Industrial de Lajeado comemora cem anos de fundação. Se consolidou na defesa dos empresários do município e, com o tempo, também se envolveu em demandas regionais. Voluntariado é uma das marcas da entidade. Hoje, são cerca de 350 associados

Acil chega ao centenário com desafio de manter protagonismo
(Foto: Divulgação/Lucas Santos)
Lajeado

O progresso de Lajeado como um dos municípios mais pujantes do interior do Rio Grande do Sul tem explicação nas suas vocações e origens. E o desenvolvimento local foi acompanhado de perto por uma entidade que chega hoje ao seu centenário. Há exatos cem anos, era criada a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil).

Um grupo de visionários, liderados à época por Carlos Fett Filho, deram o pontapé inicial na atuação da associação empresarial. De um início marcado por dificuldades e percalços, a entidade se consolidou com o passar do tempo. Tornou-se conhecida e respeitada não só em Lajeado, mas fora do Vale, por conta de sua atuação.

Além de defender os interesses dos empresários, a Acil assumiu papel importante em demandas que visam melhorar a qualidade de vida da comunidade. E o desafio para os próximos anos é manter este protagonismo no desenvolvimento regional, com atenção especial à inovação.

O voluntariado, neste sentido, faz toda a diferença, conforme o atual presidente, Cristian Bergesch. Para ele, é o grande legado da Acil nestes cem anos de atuação. “Qualidade de vida é onde as pessoas se doam. Quando um faz pelo outro, temos qualidade de vida”, frisa.

Aprendizados da pandemia

Bergesch assumiu o comando da Acil num contexto inédito. Com a pandemia da covid-19, o tradicional evento de posse foi substituído por uma solenidade virtual. Ao longo dos últimos dois anos, foram centenas de reuniões, que debateram os impactos econômicos e possíveis soluções.

Sede da Acil foi inaugurada em 1951. Já são 70 anos no mesmo endereço. (Foto: Divulgação)

“O ano de 2020 foi de incertezas. À medida em que as coisas se desenrolavam, nós aprendíamos como lidar com a pandemia. E 2021 também tem se mostrado um ano muito difícil, com as reações, a falta de matéria-prima, aumento nos custos nunca antes vistos e inflação que corrói o poder aquisitivo das pessoas e impacta nas empresas”, avalia.

Casarão Jaeger foi a primeira sede da Acil, na esquina das ruas Borges de Medeiros e Julio de Castilhos. (Foto: Renata Lohmann)

Por outro lado, Bergesch entende que ficam lições e aprendizados da pandemia. “O que fica são esses novos modelos de comunicação, mas rápidos e assertivos. Já nos programávamos para fazer isso e tivemos de acelerar o processo. A comunicação com nosso associado melhorou”, frisa.

Toque feminino

Em 2018, Aline Eggers Bagatini se tornou a primeira mulher a presidir a Acil. Entrou numa lista de quase 60 ex-presidentes. Em 2022, mais uma representante do sexo feminino deve comandar a associação. Graciela Black, hoje vice-presidente de Administração, encabeça a única chapa apresentada para a sucessão até o momento.

Caso se confirme seu nome na presidência, Graciela assumirá a Acil num ano histórico: o da retomada dos grandes eventos. O destaque fica por conta da edição conjunta da Expovale e Construmóbil. “Será um ano desafiador. Precisamos de uma retomada forte, sem nos acuar. Nosso objetivo é fazer uma feira melhor do que todas que já ocorreram, pois a cidade merece”, comenta.

Outro desafio, conforme Graciela, será o de buscar novos associados. Hoje, são cerca de 350 empresas. “A ideia é ir atrás, aumentar esse número. Explicar o que a Acil faz, como podemos representá-los”, comenta.

A intenção é que a entidade siga em sua linha de atuação, em auxiliar empresários e representá-los perante aos órgãos públicos. Ainda, conforme Graciela, dar mais voz às pequenas empresas. “Os grandes tem mais voz, mas as pequenas precisam ser representadas. Brigo muito por elas”.

“Vale a pena”

Em 1980, Nelson Eggers assumiu a presidência da Acil. Hoje é um dos ex-presidentes mais velhos ainda vivos. E recorda com carinho do tempo em que liderou um time que rejuvenesceu o comando e mudou a cara da entidade, com empresários na faixa dos 40 anos.

Na época, o mandato era de apenas um ano. Mas não impediu Eggers de ter uma atuação marcante. Um dos feitos à época foi a criação do Banco de Dados. “Funcionou durante vários anos. Empresas de Lajeado prestavam informações todo mês, sobre o movimento referente ao mês anterior, o acumulado do ano. O município se valeu muito daquelas informações. Hoje se fala em inovação, tecnologia, mas tínhamos isso naquele período”, garante.

Carlos Fett Filho, primeiro presidente da Acil

Para Eggers, se envolver em uma entidade como a Acil é de suma importância para empresários que buscam fortalecer seus negócios. “Vale a pena. É um aprendizado muito importante, pois as portas se abrem. Facilita o relacionamento com autoridades e outras entidades”, garante.

Quem faz acontecer

Hoje, a Acil conta com 14 funcionários. Dois estão na entidade há mais de 15 anos. Antônio Juarez da Silva, gerente, e Loiva Regina Wildner, coordenadora de feiras e eventos corporativos, tem uma importante atuação nos bastidores da entidade.

Loiva ingressou na Acil como estagiária na Expovale de 2004. Se destacou e cresceu dentro da associação. “Era para ser temporário e fui ficando. Passei por outras funções aqui, mas sempre na parte de eventos. E nunca paramos. São muitas atividades pré-evento, coisas que devem ser pensadas e levam semanas, meses até que sejam resolvidas”, comenta.

Silva entrou na Acil um ano depois. Chegou para estruturar a assessoria de comunicação. Na época, o trabalho era terceirizado. “Vim como jornalista com a função de fazer isso. Aí, o então gerente da época estava com data de saída marcada. Disse que eu iria para o lugar dele após esta estruturação”, lembra.

Silva e Loiva têm importante atuação nos bastidores da Acil

Comprometimento

O prefeito Marcelo Caumo destaca que uma entidade como a Acil chegar ao centenário é fruto de dedicação e comprometimento. “Desde o início da nossa história, pessoas trabalhadoras e visionárias ajudaram a construir empresas e negócios que fizeram da cidade uma das mais pujantes. Com a troca de ideias, parcerias e projetos executados em conjunto, podemos continuar nossa caminhada e criar um futuro ainda melhor para as próximas gerações”, afirma.


MOMENTOS MARCANTES

Ponte Lajeado-Estrela

As primeiras conversas sobre a construção de uma ponte entre Lajeado e Estrela surgiram na década de 50, quando Olavo Gonçalves presidia a entidade. O então prefeito Bruno Born fez a provocação. Foi uma das primeiras grandes campanhas da Acil. Em 1958, um jantar foi oferecido ao então governador Leonel Brizola no ato de assinatura da concorrência pública para a obra. A inauguração ocorreu quatro anos depois.

Conselho e Fórum

No fim dos anos 80, numa tentativa de unificar esforços e discursos, entidades, lideradas pela Acil, criaram o Conselho de Entidades Empresariais. Reunia as associações comerciais e industriais do Vale do Taquari. O movimento seria o precursor do Fórum das Entidades de Lajeado, retomado em 2016, com apoio da OAB Subseção Lajeado, e do Sincovat.

 

Embrião da Expovale

Em 1966, nas comemorações dos 75 anos de Lajeado, foi promovida a 1ª Feira Nacional de Laticínios e Exposição Agropecuária (Fenal). O evento ocorreu no recém construído Parque do Imigrante. A feira, idealizada por Nilo Rotta, é tida como o “embrião” da Expovale, principal evento do Vale do Taquari.

Duplicação da BR-386

Inaugurada nos anos 60 a BR-386 começava a apresentar tráfego intenso em direção a Porto Alegre já na década seguinte. A duplicação da rodovia, no trecho Lajeado-Estrela, entrou na pauta da Acil. Foi a primeira manifestação formal pela obra. Décadas depois, também se somou a outras lideranças empresariais e políticas nas campanhas pela duplicação do trecho Estrela-Tabaí (concluída em 2018) e, posteriormente, Lajeado-Carazinho (iniciada este ano).

Criação de entidades

A Acil teve papel importante no surgimento de outras entidades de classe na região. Em 1966, surgiu a Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado (CDL), criada com o objetivo de fortalecer o lojista. Ela funcionou no mesmo prédio da Acil inicialmente. Em 2005, a partir da vice-presidência de Integração Regional, é fundada a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT). Hoje, desempenha importante protagonismo na defesa de pautas de interesse regional.

Viva o Taquari Vivo

Em 2007, é promovida a primeira edição do Viva o Taquari Vivo, ação organizada em conjunto com a Unidade Parceiros Voluntários. O mutirão de limpeza das margens e leito do rio, com o passar do tempo, se expandiu para outros municípios. Também teve desdobramentos, com outras iniciativas voltadas ao meio ambiente.

Acompanhe
nossas
redes sociais