“O cuidado não tem a ver com a idade”

ABRE ASPAS

“O cuidado não tem a ver com a idade”

Glaci Guzzon Garcia, 73, dedicou os últimos 21 anos à Vovólar. Para ela, o Dia Nacional do Idoso, celebrado hoje, é apenas um símbolo, mas o cuidado das pessoas de terceira idade é uma missão de vida. Glaci aposta na autoestima e prevenção em busca da longevidade das 14 moradoras do asilo.

“O cuidado não tem a ver com a idade”
Lajeado

Como você chegou à Vovólar?

Eu tenho grau superior em pedagogia mas eu nunca me acertei com supervisão escolar essas coisas. Na época que eu entrei no Melinho, na década de 1980, eu dava aula de datilografia, substituia professores, o que eu precisava eu estava lá. Eu saí da escola para cuidar da minha mãe. Ela foi internada no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Nós fomos de ônibus e voltamos com um caixão. Isso foi em 2000 e eu vim pra cá. Medicamentos, tudo que eu tinha da minha mãe, aproveitei aqui.

O que você leva da experiência na escola para o cuidado com idosos?

Eu sempre gostei de aluno. Eu gosto de criança, adolescente e velho. Eu gosto de pessoas. Como eu fazia com os alunos, eu faço com elas. O cuidado não tem a ver com a idade. Eu não chamo ninguém de “vó”. Chamo pelo nome. É importante para a autoestima das pessoas. Aqui eu comecei a pintar o cabelo delas, cortar o cabelo, não como no quartel, pintar unha, estar sempre perfumada. Eu trato como eu gostaria de ser tratada.

O que é necessário para cuidar de idosos?

Para cuidar de idoso, em primeiro lugar, tem que ter dom. Tem que gostar do velho. Tem que ter respeito pelo velho. Tem que ser firme. Não pode ser estúpida, Deus me livre que façam alguma grosseria. Mas você tem que se impor com respeito.

Como se descobre que se tem um dom para cuidar de idosos?

Como você cuida do seu pai e da sua mãe? É a partir daí. Como eu sou a filha mais velha, eu sempre tive esse cuidado. Os meus pais sempre me disseram que eu era o escudo deles. Às vezes, o pessoal falava para mim, não me doar tanto assim. Mas eu não consigo, eu fui criada assim.

Qual a importância da empatia para fazer o seu trabalho?

Eu aprendi a me colocar no lugar do outro. Eu já me coloco para saber como eu posso ajudar. Por isso que, ás vezes, eu sou contra o celular. As pessoas não sabem mais conversar. Se você a aprender a olhar no olho do outro, você consegue perceber se a pessoa está se fazendo de vítima, está mentindo, falando a verdade. Você vai sentir se vai ter uma solução, ou não. Muitas vezes, você não pode dizer o que fazer para a pessoas, vai estar agredindo ela. Você ajuda muito as pessoas quando estão depressivas estando sempre junto, fazendo companhia.

Essas datas, como o Dia Nacional de Idoso, dão luz aos direitos da terceira idade?

Tem o Dia da Idosa, o Dia Mundial do Idoso, Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia da Criança. Você acha que, para mim, precisa de Dia do Idoso? O Dia do Idoso é todo dia. Depende da sua ação na sua vida. A data é simplesmente um símbolo, mas não é o símbolo que vai fazer você agir.

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