Pandemia acelera inovação nas indústrias, aponta CNI

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Pandemia acelera inovação nas indústrias, aponta CNI

Pesquisa revela desempenho positivo do setor apesar dos impactos da crise sanitária

Pandemia acelera inovação nas indústrias, aponta CNI
(Foto: Arquivo A Hora)
Brasil

Quase 90% das indústrias brasileiras inovaram durante a pandemia e mais da metade ampliou o faturamento. O percentual é ainda maior na região Sul do país. É o que aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem. Os dados mostram que somente 11% dos executivos não inovaram entre 2020 e 2021.

Por outro lado, chama a atenção o número de indústrias que não têm área de inovação, 51% delas não possuem um setor específico ao avanço tecnológico. Dentre as principais dificuldades em inovar, estão o acesso a recursos financeiros (19%), instabilidade do cenário econômico (8%), contratação de profissionais (7%), falta de mão de obra qualificada (8%) e o orçamento da empresa (6%).

Do total de 500 empresas pesquisadas, 79% foram impactadas com a crise imposta pelo contexto sanitário. A maior parte das indústrias (58%) apontam que a cadeia de fornecedores foi a mais prejudicada, seguida de vendas (40%) e linhas de produção (23%). O aumento de faturamento foi indicado em 55% dos empreendimentos.

Conforme o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, estimular a inovação é primordial para o avanço econômico. “Diante do surgimento de pandemias assustadoras, o caminho do país voltar a crescer e recuperar sua economia passa pelos avanços em tecnologia”, afirma.

Em 2020, pesquisa do Grupo A Hora já mostrava o otimismo do setor empresarial no Vale do Taquari. Na época, 23,63% dos entrevistados locais não enfrentaram dificuldades e até ampliaram suas equipes. O percentual é maior comparado aos números do país, que mostra 20% dos empreendimentos sem impactos por conta da pandemia.

Maior produtividade

O empresário Gilmar Borscheid iniciou o processo de modernização da fábrica de produtos de limpeza ainda em 2019, mas as maiores inovações ocorreram durante o cenário de pandemia.

O executivo da Girando Sol, de Arroio do Meio, investiu cerca de R$ 20 milhões e deve aplicar o mesmo valor nos próximos anos para ampliar a produtividade. “Identificamos, ainda em 2015, uma escassez de mão de obra na região. Por isso, decidimos instalar o primeiro robô na linha de produção”, destaca Borscheid.

No último ano, a empresa cresceu 18%, desempenho atrelado às modificações para acompanhar novos modelos de consumo. “Investimentos em máquinas mais eficientes, saúde e segurança dos trabalhadores, além de novos produtos ao mercado”, explica o empresário.

A Girando Sol conta hoje com 370 funcionários e um mix de 135 produtos. Os altos custos da matéria-prima e de logística são apontados como entraves ao maior desenvolvimento da empresa.

Sobrevivência dos negócios

A pandemia acelerou importantes processos de inovação dentro das empresas, 84% das grandes e médias afirmam que terão que investir em inovação para crescerem ou se manterem no mercado. As médias empresas são as que mais sentem essa necessidade em avançar em ações estratégicas, 85% delas responderam que terão que inovar mais, contra 80% entre as grandes.

A pesquisa mostra que para os próximos três anos as empresas consideram como prioridades ampliar o volume de vendas (49%), produzir com menos custos (49%), produzir com mais eficiência (41%), ampliar o volume de produção (34%) e fabricar novos produtos (27%).

Menor impacto

Na avaliação da economista Cintia Agostini, o cenário acelerou processos de inovação e muitas empresas ampliaram o faturamento no último ano. “Nossa indústria não parou por completo. Alguns setores reduziram para 25% a capacidade de produção, mas mantiveram as atividades mesmo no pico da pandemia”, avalia.

De acordo com Agostini, os avanços na indústria são necessários para se manter no mercado e melhorar a competitividade. “De certo modo, a inovação contribui ao menor impacto causado pela pandemia e gera oportunidades. O empresário muitas vezes não destina tempo e recursos para projetar novos processos, produtos e soluções”, ressalta a economista.

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