Com o propósito de compartilhar informações, promover a conscientização sobre o Outubro Rosa e indicar a utilização de serviços de diagnóstico e de tratamento para a redução da mortalidade, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Severino José Frainer, pertencente a 3ª Coordenadoria Regional de Educação, promove, amanhã, 21, às 14h, uma tarde de conversa com o depoimento de mulheres acometidas pelo câncer de mama, momentos de descontração com música e participação do Cras de Marques de Souza.
Toda a comunidade está convidada. “Traga sua vizinha, mãe, irmãs, filhas, as mulheres que você quer proteger e cuidar”, reforça a diretora da escola de campo, Simone Zambiasi. A idealizadora do projeto, Célia Arend, de Marques de Souza, relata que vivenciou uma experiência bem complicada com a doença. “A partir daí surgiu a ideia de motivar as pessoas em relação à prevenção. E esta motivação pode vir do depoimento da garra e determinação de mulheres incríveis que inspiram.”
Os depoimentos serão de Janaine Hammes Barcella, 40 anos, de Travesseiro e Vãnia Fanti, 52, de Tamanduá.
“Hoje estou bem”
Foi através de um exame individual de palpação da mama que Janaine Hammes Barcella, a Jana, 40 anos, descobriu o câncer de mama. Um pequeno nódulo chamou sua atenção e aí começou a sua vivência com o medo e as tantas experiências que causa descobrir-se portadora desta doença. “Medo foi a primeira sensação que senti. Achei que ia morrer, mas aceitei o câncer. Isso fez com que eu tivesse forças para enfrentar o tratamento e tudo que viria para vencê-lo”.
Residente no Centro de Travesseiro, Jana relata os tantos exames, visitas a especialista até chegar ao diagnóstico – neoplasia maligna de mama. Foram necessárias oito sessões de quimioterapias, além de uma segmentectomia da mama, ou seja, um pequeno corte no local onde estava o nódulo, para retirada de pequenos restos do câncer e um corte na axila para biópsia para verificar a existência de metástase. E a próxima etapa lhe reserva mais 30 sessões de radioterapia. “As quimioterapias não são fáceis, mas, com muita fé, apoio dos familiares (marido, mãe, irmão, cunhada) amigos e colegas de trabalho, a gente supera”, afirma Jana, acrescendo que em seu caso foi necessário, além do apoio psicológico, o psiquiátrico. “Mas hoje estou bem.”
Diante das tantas inconveniências – perda dos cabelos, náuseas, vômitos, cansaço, fraqueza, dores pelo corpo, azia e forte dor abdominal – sua vida hoje tem outra perspectiva. “Vivo o dia de hoje, o mais importante de minha vida. Penso mais em mim, aprendi a ter muita paciência, me amar mais. Nunca imaginei que tanta gente gostasse de mim. Nunca me olharam com pena, mas, sim, como uma mulher forte, guerreira, linda e maravilhosa”, afirma Jana.
E, por fim, pronta para enfrentar mais desafios, agora a radioterapia, Jana deixa uma mensagem a quem é portadora da doença ou a descobriu recentemente. “Lutem com todas as forças que tiverem. Não deixem que o câncer as esmoreçam. Procurem ajuda, assistam TV, leiam mensagens de apoio, procurem ficar perto de pessoas que falam coisas boas e tenham em mente as seguintes palavras: amanhã é outro dia, tudo passa. Um lugarzinho na sua casa para rezar também é uma ótima forma de acalmar os medos e a tristeza”, aconselha.
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Janaine Hammes Barcella (Foto: Arquivo Pessoal)
Grata por cada novo dia
A saga de Vânia Fanti, 52 anos, de Tamanduá, município de Marques de Souza, iniciou em 2016 com a descoberta de um nódulo que foi periciado, mas com resultados inconclusivos, a cirurgia foi a decisão tomada pela médica e a constatação do HER2 positivo (um tipo de câncer de mama extremamente agressivo) gerou a mastectomia total, a retirada das linfas do lado direito. “Chorei e a sensação foi de muitas incertezas.”
Iniciaram-se as quimioterapias. “Quando achei que iriam acabar e ganhar alta, depois de quase dois anos, ocorreu metástase óssea. Daí, sim, foi meu pior momento”, relata Vânia, recordando a intensificação do tratamento com a quimio intravenosa, soro para os ossos e quimio oral, cinco comprimidos diários. “Essa rotina continua até hoje. Não tenho dor e isso me deixa muito feliz.”
Na luta contra o câncer, a força veio de Deus, minha grande família, marido, filhos, amigos. “Não fico me vitimizando e isso me motiva a aceitar as tantas mudanças que tive de aceitar.A enfermidade trouxe muitas mudanças no meu estilo de vida e meus valores. Passar mais tempo com minha família passou a ser fundamental. Sou grata a cada novo dia.”
Vânia passou por inúmeras vivências, mas conclui: “O que o câncer me trouxe de ruim eu quero esquecer, mas o que me trouxe de bom, que foram muitas coisas, eu quero que fique para sempre”, finaliza Vânia