“A nossa casa está sempre fechada por conta da poeira. Só conseguimos abrir as janelas quando chove”, revela Rudinei Ponizio. Além de residir na localidade de Fazenda Lohmann, interior de Roca Sales, na ERS-129, Ponizio também possui uma empresa familiar no local. “Nosso empreendimento acaba sendo prejudicado, pois as pessoas não querem passar na estrada de chão, principalmente quando há buracos”.
O trecho que Ponizio se refere é a estrada que liga Roca Sales a Colinas. São mais de 30 anos de reivindicação da comunidade local pela pavimentação asfáltica, em um total de 7.3 quilômetros de extensão, sendo que 1.2 já foram concluídos pela prefeitura, com investimento de R$ 400 mil.
Agora, restam 6.1 quilômetros de chão batido para receber o asfalto, para interligar as duas cidades. Deste total, 4 quilômetros estão recebendo trabalhos de preparação do solo, drenagem e construção da tubulação nas travessias, pela equipe da secretaria de Serviços Urbanos, com o apoio técnico do setor de Engenharia e da equipe do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). O investimento total será de cerca de R$ 3,5 milhões.
Conforme o prefeito Amilton Fontana, a obra está sendo viabilizada através do Convênio de Cooperação Técnica celebrado entre o governo do estado por meio do DAER/RS e o Município de Roca Sales. O convênio foi firmado na gestão do ex-governador José Ivo Sartori, mas só agora os recursos passaram a ser disponibilizados pelo atual governo de Eduardo Leite. “A expectativa é de que as obras sejam concluídas no máximo até maio de 2022, que é quando encerra o convênio”, explica o prefeito.
Fontana destaca que atualmente Roca Sales possui cerca de 700 quilômetros de estrada de chão, distribuídos pelo interior do município. Sendo que a ERS-129 está entre as prioridades do governo municipal em receber a infraestrutura asfáltica.
“Penso que a pavimentação asfáltica facilitará o escoamento da produção agrícola, fará com que o turismo no município se desenvolva, que novas empresas possam se instalar às margens da ERS-129, além de gerar economia para o município em horas/maquinas”. A cada 15 dias a prefeitura precisa disponibilizar o maquinário para fazer a terraplanagem no trecho, em função do grande fluxo de veículos que trafegam no local.
Brincadeira em forma de protesto
Quem trafega pela localidade de Fazenda Lohmann, às margens da rodovia, se depara com dois bonecos em frente a uma residência, quase impossível de passar despercebidos. No meio de ambos, um cartaz com os dizeres: ‘Cadê o asfalto?’.
A ideia de criar os bonecos foi do morador José Bronca, 71. “Primeiro coloquei um boneco. Nesse meio tempo, participamos de uma reunião em que diziam que logo o asfalto iria sair. Anos se passaram e nada. Deu tempo até do boneco arrumar uma companheira”, explica Bronca, que viu na brincadeira uma forma de protestar.
O aposentado revela que presenciou diversas famílias deixarem a comunidade no interior e se mudarem para a cidade por conta da poeira na estrada. Mesmo após anos de espera, Bronca se diz esperançoso. “A gente vê a movimentação das máquinas e do pessoal trabalhando, acredito que agora o asfalto vai sair. Mas mesmo assim, só acredito vendo”, finaliza.