Micro e pequenas empresas de confecção de roupas e acessórios aparecem no topo em termos de potencial para exportação. É o que conclui estudo feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Logo em seguida, estão atividades vinculadas à produção de alimentos (com destaque para conservas de frutas e legumes) e de móveis.
Nestas áreas, no Vale do Taquari, o Sebrae contabiliza pouco mais de 300 micro e pequenas empresas do ramo de confecções. No setor moveleiro são pouco mais de 500 e para produção de alimentos, em especial nos ramos de padaria, confeitaria, massas, biscoitos e bolachas, passa dos 410 CNPJs.
A relação com os clientes e organizações ganhou força a partir das ferramentas digitais. É neste contexto que surge a empresa de Marina Rissinger Pedron. Junto com duas sócias, produzem acessórios a partir de materiais recicláveis. “Somos uma marca pandêmica. Nascemos em 2020 com um formato todo digital”, conta.
O atelier de Marina era voltado para confecções de festa. Com as restrições impostas pela covid-19, foi preciso encontrar uma alternativa. “Eu estava parada. As festas haviam sido canceladas. Na produção, sempre sobrou muitos resíduos. Junto com as sócias, tiramos o projeto da gaveta.”
Os produtos são pensados para o cotidiano em cidades grandes. No pouco mais de um ano de trabalho, conquistaram clientes em algumas capitais, como Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Para dar o próximo passo, e chegar à venda internacional, a empresa é uma das incubadas no Tecnovates. “No momento buscamos certificações. Para o próximo ano, esperamos criar contatos com outros países. Mas ainda não pensamos de que forma entrar neste mercado.”
Pela análise do Sebrae, os pequenos negócios são fundamentais à economia e geração de empregos. Entre janeiro e março, as micro e pequenas criaram mais de 580 mil novas vagas de carteira assinada. Representa 70% do total de novos postos no período.
Barreiras para novos negócios
Distância, cultura e idioma. Esses são três aspectos que dominam a preocupação de quem busca espaço nas vendas internacionais. Pelos detalhes do diagnóstico, é preciso de avaliar as distâncias entre estados produtores e o país destino, conhecer de logística e do custo disso ao produto. A partir dessa análise logística, busca-se alternativas para diminuir o custo de transporte.
Junto com isso, aparecem características culturais, seja de nichos sociais ou mesmo do idioma. Pelo diagnóstico, conhecer e analisar essas peculiaridades do ambiente de negócios pertinentes às micro e pequenas empresa, podem ser forças para atrair clientes e abrir oportunidades, aponta o estudo.
“Ainda tem bastante espaço no país”
Proprietário de uma empresa de confecções, Diego Batista, viu os pedidos aumentarem durante os meses de restrições devido a pandemia. Especializada em uniformes corporativos, a empresa de Lajeado também seguiu a tendência das demais, e aumentou a participação nas redes sociais.
“Novos clientes vieram devido a nossa página no instagram. Junto com isso, há também muito por indicação”, conta Batista. Com uma expansão nas áreas de vendas, oferece dois formatos ao cliente. A entrega em casa ou na empresa, por uma transportadora, ou direto por ônibus. “Se o cliente não tiver problema em pegar na rodoviária, acaba barateando o transporte.”
Com relação às vendas para o exterior, no momento essa perspectiva não é avaliada. “Ainda tem bastante espaço no país. Queremos aumentar nossa presença pelos estados.”
“É preciso conhecer o mercado e ter controle financeiro”
A Hora – De que maneira os empreendedores, micro e pequenos, podem ingressar no mercado internacional?
Gustavo Pezzi – É importante pesquisar os potenciais mercados externos, participar de feiras nacionais e internacionais, de rodada de negócios do setor. Isso faz com que se conheça melhor o mercado de atuação.
Uma alternativa também é contratar empresas especialistas em trâmites e negociações no comércio exterior, visto que certos mercados podem haver regras de negociações que ajudarão os empreendedores nesse processo ou, até mesmo, incentivos fiscais do Governo Federal que facilitarão a venda para novos mercados.
Também é possível ter a ajuda da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Quando a empresa está adequada, com produtos, preços e qualidade compatíveis, a Apex pode até convidá-la para participar de feiras internacionais e patrocinar parte dos custos dessa operação.
Como organizar os negócios para atender novos mercados?
Pezzi – É preciso conhecer o mercado e ter controle financeiro. Isso para tomar as decisões a partir dos enquadramentos tributários, da analise da capacidade de produção e da demanda, além de construir um plano de marketing com estratégias e objetivos para atender os diferentes mercados.