“Viva a educação pública de qualidade do Ensino Fundamental ao Mestrado”. com esta frase, Anna Lúcia Fröhlich, 23 anos, comemora a formatura em Química Medicinal, em 29 de setembro, e celebra ser a primeira com este título na América Latina, pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Disciplinada e dedicada, Anna já está inserida no mestrado do programa pós-graduação em Biociência na mesma universidade.
Nascida em Lajeado, mas considerando-se cidadã arroio-meense, Anna pretendia seguir os passos do pai, contabilista, não por convicção, mas por consideração paterna. Em uma conversa franca, ambos chegaram à conclusão que o melhor seria seguir o curso que a deixasse feliz. “Escolhi a área da pesquisa, das exatas, para fugir do cotidiano, do fazer tudo igual todo dia. Fiz minha inscrição em dois cursos superiores – Biomedicina e Química Medicinal, um novo curso propiciado pela UFCSPA –, passei em ambos e optei pelo segundo”, relata a mestranda.
Após cinco anos de formação, junto com outros 40 colegas, foi a primeira a concluir o curso. O desafio de desacomodar-se, de sair da casa dos pais, de construir sua própria jornada, foi relevante e fez com que tomasse para si a responsabilidade, a disciplina e dedicação necessárias para gerir a nova fase. Metódica, Anna tem a vida estudantil, financeira e, inclusive, a pessoal, totalmente planificada. “Adoro planilhas e as tenho definidas até o fim do ano. Em 2022, pretendo trabalhar e estudar, minhas metas principais neste momento.”
Nova guinada de vida, ocorrida durante a pandemia, foi a contratação para atuar no departamento de Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos na Docile. “Diante das situações que exigem minha intervenção na empresa, me sinto empoderada, pois preciso colocar em prática o que aprendi. Tenho de entender o processo e fazer valer o que estudei nos bancos da universidade.”
O que faz um químico medicinal
O bacharel em Química Medicinal está apto a exercer toda e qualquer atividade profissional da química. Com sólidos conhecimentos teóricos e práticos, além de espírito científico, reflexivo e ético, o químico medicinal será capaz de trabalhar com compostos biologicamente ativos, além de compreender e propor farmoquímicos visando à manutenção ou melhora da saúde.
Segundo a profissional da área, Anna Fröhlich, o curso possibilita a atuação na área dos fármacos, cosméticos, alimentos, petroquímicas e indústrias que envolvam conhecimentos em química.
Orgulho
Em seus agradecimentos, Anna não esquece de listar a Escola Estadual de Ensino Médio Guararapes, onde cursou os Ensinos Fundamental e Médio. A diretora da escola, Silvana Hanke, pondera que há centenas de alunos egressos do Guararapes que se destacam em instituições superiores federais e particulares. Referindo-se à ex-aluna, disse ter acompanhado sua trajetória na escola.
“Foi uma estudante que sentia orgulho de estar conosco, dos seus professores, dedicada, estudiosa, curiosa em aprender. Demonstrava prazer em estudar, sempre dava o seu melhor em tudo o que fazia, com um espírito de liderança, qualidades que a levaram até onde chegou.” A menção do Guararapes em uma de suas redes sociais, em que destacou a importância do tempo passado na escola, causou orgulho ao grupo diretivo e docente. “O reconhecimento nos orgulha, pois nem sempre somos valorizados pela contribuição que damos na formação cognitiva e formativa dos jovens”, observa a diretora.
Concluindo, Silvana afirma ser compensador para a escola e professores perceber o sucesso profissional de um aluno e muitos deles se colocam no mercado de trabalho para depois buscar um curso superior, conciliando uma jornada dupla, pois aprenderam a valorizar os estudos e a importância da qualificação para seu crescimento profissional. “Isto também nos deixa plenamente realizados, pois o professor busca despertar para a relevância de aprender sempre, de aprimorar-se e buscar novos conhecimentos que transformam realidades e vidas.”
