As novas projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afastam o risco de apagão elétrico até o fim do ano. O início do período de chuva no sudeste do país e os acumulados acima da média em setembro na região sul, contribuíram para recuperar os níveis de reservatórios e sinalizam para um melhor cenário.
O órgão estima que os reservatórios vão chegar ao fim de outubro com 49,5% de capacidade no sul, 45,8% no norte, 35,5% no nordeste e 15,2% no subsistema sudeste/centro-oeste. Além da chuva, o uso de termelétricas contribui para a capacidade do sistema.
Com a combinação de fatores, a probabilidade de desligamento da rede fica abaixo de 10%. Na avaliação de representantes das cooperativas de distribuição de energia no Vale do Taquari, Certel e Certaja, é remota a possibilidade de racionamento.
Ainda conforme os dados do ONS, a demanda de energia em 2021, deve aumentar 5,5% ante 2020, o que é considerado uma estimativa otimista. Para o próximo ano, a redução de preços no mercado pode ser sinal de melhora na oferta futura de energia elétrica.
Por enquanto, mesmo com garantia de fornecimento, o consumidor paga mais caro, diante da tarifa extra. No fim de agosto, a Aneel anunciou a bandeira “escassez hídrica”, no valor de R$ 14,20 por 100 kWh. É quase 50% a mais que o do patamar 2 da bandeira vermelha que estava em vigor, de R$ 9,49.
Outro movimento do governo federal concede incentivos para clientes residenciais e de pequenos comércios a partir da redução de consumo. O programa beneficia quem reduzir o consumo de 10% até 20%.
Novas fontes
Hoje a geração a partir das hidrelétricas (63,09%) é a principal fonte, seguido de, térmica (21,78%), eólica (11,43%), solar (2,5%) e nuclear (1,16%). Conforme o diretor de planejamento, engenharia e regulação da Certel, Ernani Aloísio Mallmann, a cooperativa investe cada vez mais em fontes alternativas.
Além das pequenas centrais hidrelétricas, a Certel conta com duas usinas fotovoltaicas e em breve inicia os testes para uma unidade eólica na microrregião alta entre Teutônia, Westfália e Imigrante. Uma torre de 120 metros foi construída e receberá os equipamentos para o teste de velocidade do vento, direção e potência.
“É um projeto de médio e longo prazo. Os testes serão desenvolvidos durante três anos”, explica Mallmann. A cooperativa também incentiva seus associados a ampliarem a geração própria. “Cada placa a mais reduz o consumo nas hidrelétricas e contribui para o cenário nacional.”
Conscientização
A orientação do consumidor ao uso consciente e racional da energia elétrica é fundamental. “Sem nos dar conta, deixamos sem necessidade uma lâmpada acesa. Ao natural, apenas nos damos conta da importância da energia elétrica quando falta”, alerta Mallmann.
Como forma de bonificar o associado, o valor da redução de consumo até dezembro será compensado em janeiro do próximo ano, conforme prevê o programa nacional. “Cada um precisa fazer a sua parte. Nós como instituição, investimos para qualificar a rede e ampliar a capacidade de geração”, destaca Mallmann.
Tarifa menor
A Certaja, com sede em Taquari, compra 100% da energia. Conforme o vice-presidente, Ederson Madruga, em recente negociação, confirmaram a aquisição por 17 anos, o que garante uma tarifa menor ao associado. “Nossa tarifa é 19% mais barata na comparação ao valor das concessionárias RGE e CEEE. Hoje ainda não temos uma fonte própria de geração, mas há algumas tratativas iniciadas”, aponta Madruga.
Ainda de acordo com o vice-presidente da cooperativa, há estudos na área da energia fotovoltaica. “É um segmento em ascensão e que requer investimentos robustos. Hoje, ainda somos muito dependentes das hidrelétricas”, cita Madruga. Ele também tranquiliza os associados quanto ao risco de racionamento.
“É remota a chance de apagão no sistema elétrico. Os dados do operador nacional mostram uma melhora significativa. Se chover no sudeste conforme o previsto, esse cenário também se descarta no início do próximo ano”, pontua o vice-presidente da Certaja.
Volume dos reservatórios
32,79% Sul
56,73% Norte
37,71% Nordeste
16,63% Sudeste/Centro-Oeste
Matriz energética
63,09% Hídrica
21,78% Térmica
11,43% Eólica
2,55% Solar
1,16% Nuclear