Festa para  a vocação cervejeira

brinde à tradição

Festa para a vocação cervejeira

Programada para este sábado, a partir das 10h, a primeira edição da Oktober Platz ocorre na Praça Menna Barreto e reúne cervejeiros de toda a região. Evento também marca a tradição do Vale no ramo e incentiva novos produtores

Festa para  a vocação cervejeira
Estrela

Um evento para celebrar a cerveja e o reencontro. É com essa ideia que a primeira edição do Oktober Platz foi organizada em Estrela, com a presença de nove cervejarias artesanais da região, e sete bandas locais. A programação inicia às 10h e se estende até as 22h deste sábado, 9, na Praça Menna Barreto.

Com acesso gratuito à comunidade, o espaço também conta com cinco food trucks e brinquedos infláveis. “Queremos continuar essa retomada dos eventos e incentivar o mercado cervejeiro. Assim, aproveitamos o mês de outubro que é a época tradicional dessas festas”, destaca o presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais (Acerva) de Estrela, Márcio Braun. A entidade está na organização do evento ao lado da prefeitura municipal e do O Gato da Praça Pub. Em caso de chuva, o evento será transferido para o dia 16.

Braun destaca uma região fértil para o ramo cervejeiro, também, de forma caseira. De acordo com ele, não há um registro oficial do número de produtores de cerveja artesanal no Vale do Taquari, mas acredita serem mais de 400 pessoas dedicadas à prática de forma amadora, sem a comercialização. Em 2019 eram pouco mais de 100 apenas em Estrela.

“Isso se deve à disseminação de informações, hoje temos a Univates com cursos técnicos para a produção, isso acaba dando uma segurança para as cervejarias crescerem”, destaca Braun. Outro fator que contribui para o surgimento de microcervejarias é a facilidade em encontrar equipamentos, que não existiam há dez anos na região.

Interesse além do consumo

Entre os aventureiros do ramo, está Luan Alex Petry, que iniciou uma produção própria na chácara em Arroio do Meio durante a pandemia. Depois de montar os equipamentos, foi atrás das receitas da bebida.

“Meu interesse por cerveja vai muito além do consumo. Produzir a cerveja se trata de um processo meticuloso e criativo, que envolve muitas áreas do conhecimento, além de ser uma enorme gratificação poder consumir um produto feito com minhas próprias mãos”, destaca Petry. Para ele, esta é também uma possibilidade de colocar em prática os conteúdos do curso de graduação em engenharia química.

Hoje, a produção do estudante varia de 30 a 50 litros, feitos em três panelas que possibilitam a troca de calor, recirculação, medição e controle de temperatura e da densidade da bebida. A próxima etapa será a automatização do processo.

Mas, por enquanto, o trabalho é manual, e são necessárias cerca de 8h de preparo e mais 30 dias de espera para o produto estar pronto para consumo após a fermentação e sob temperatura controlada.

“Agora que tenho um domínio maior sobre os processos, eu pretendo adaptar meus equipamentos e aumentar a quantidade. Eventualmente vou criar um rótulo para identificar minha própria cerveja, mas por enquanto minha preocupação maior está na qualidade final do produto”, ressalta.

Histórico das cervejas do Vale

No Vale do Taquari, a história da bebida iniciou nos anos 20, quando, em 1924, Emílio Kirst abriu uma fábrica de cerveja no distrito de Arroio do Meio, com a produção de 200 garrafas por dia. Ali nasceu a Bela Vista, rótulo que foi relançado pela Fruki em 2018.

Algumas décadas depois, entre os anos 50 e 70, Valentin Friedrich criou a Cerveja Gaúcha, em um prédio ao lado da casa da família, na rua Carlos Spohr Filho, no bairro São Bento. Produzida em levas de 500 garrafas, eram envasadas manualmente e entregue aos consumidores em carroça puxada por cavalos.

Ainda mais tarde, o surgimento da Polar, em Estrela, consolidou o mercado cervejeiro regional. Depois de um hiato, o ramo de microcervejarias viveu uma retomada em 2005. E, de 2014 para cá, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) registrou duas novas fábricas a cada três dias. No país, são mais de 1,3 mil. Dez anos atrás, eram em torno de 100.

Herança da colonização

O RS também tem se destacado no cenário cervejeiro nacional, e ocupa o segundo lugar em número de estabelecimentos registrados. Porto Alegre é o município com o maior número de cervejarias do país, com 40 unidades.

Segundo o Anuário da Cerveja no Brasil, divulgado pelo governo federal, o estado teve um crescimento médio de 22,4% no número de registros de estabelecimento de 2017 até 2020, e possui 258 cervejarias.

De acordo com o executivo da Associação Gaúcha de Microcervejarias (AGM), Gustavo Cunha, o número pode ser explicado pelo período de colonização. Da Alemanha, veio o apreço pela cerveja, e da Itália, o gosto por criações alcoólicas e geladas. “Foi por isso que se iniciou a produção artesanal de cervejas no estado, e as empresas sempre se destacaram em premiações, o que contribuiu para que a atividade se difundisse”, ressalta.

Desde 2018, as microcervejarias, assim como as micro e pequenas vinícolas e destilarias puderam ser incluídas no regime econômico do Simples Nacional, o que contribuiu também para fortalecer o setor.

Desafios do ramo

O mercado para as microcervejarias em 2021 passa por desafios acima dos normais. A crise durante a pandemia afetou o mercado consumidor de maneira desigual, com impacto maior aos pequenos produtores.

Ele explica que os cervejeiros contam com um fôlego financeiro curto para as variações que o mercado tem apresentado e muitos dependem de lojas e eventos que continuam com funcionamento restrito.

“O setor tem perspectivas de retomada, mas ainda com incertezas. As legislações e a carga tributária vigente ainda não são suficientes para fazer crescer a capacidade produtiva, pois o custo de produção ainda não é tão atraente”, completa Cunha.

Cervejarias presentes no evento

  • Meridional;
  • Salva Craft Beer;
  • Teutobier;
  • Acerva Estrela;
  • Vyber;
  • Attenbrück;
  • Santa Madre;
  • Prost Bier;
  • O Gato da Praça.

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