O anúncio da fusão entre o Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL) começa a repercutir no Vale do Taquari. Representantes das siglas questionam os próximos passos e apresentam resistência em relação à condução do processo.
De acordo com o coordenador do DEM na Região dos Vales, Felipe Diehl, se trata de uma aliança que fortaleceria a direita nacional. Porém, a forma como tem sido desenhada, “não faz sentido”.
Diehl salienta que o Rio Grande do Sul foi o único Estado contrário à fusão. “Gostaríamos de ter a liberdade de apoiar o presidente Jair Bolsonaro, sem sermos penalizados. No Estado, somos fiéis aos princípios do líder da nação ”, explica. Na visão dos correligionários, se for confirmada, a presença de uma terceira via nas eleições de 2022 pode ganhar terreno, o que, de fato, é defendido pelos dois partidos a nível nacional. Na região, haveria pouco impacto.
Na tarde desta quinta-feira, 7, uma reunião foi realizada no diretório estadual, em Porto Alegre, para definir quais serão os próximos passos. O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, participou por videoconferência.
Indefinições
Para o presidente do PSL em Estrela, vereador Volnei Zancanaro, o cenário é de incerteza. “Não sabemos o que vai acontecer, quais serão os membros, a verdadeira ideologia desse novo partido, se iremos seguir em frente ou buscarmos outros caminhos. É difícil ter uma opinião formada quando nós, nos municípios, não fomos convidados para discutir essa criação, expormos os nossos pontos de vida”, explica o parlamentar.
Zancanaro destaca que a sigla vai se reunir nos próximos dias para definir como vai ser o posicionamento diante dessa fusão. “O PSL surgiu para endireitar o Brasil, na esteira do militarismo. Vai continuar assim?”, questiona.
Processo
As legendas se fundiram durante a convenção conjunta realizada na manhã de quarta-feira, 6. Além da criação e estruturação do estatuto do partido, o “União Brasil”, houve a definição do número a ser adotado nas urnas : 44. Para ser oficializada, a sigla depende da chancela do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que pode ocorrer até janeiro.
Caso não haja uma debandada, a associação constituirá a maior bancada da Câmara Federal, com 82 deputados. Os valores do Fundo Eleitoral girarão em torno de R$ 160 milhões. Além disso, seriam oito senadores e quatro governadores. Atual presidente do PSL, Luciano Bivar deverá exercer a mesma função no União Brasil. Já o então líder do DEM, ACM Neto, assumirá como Secretário-Geral.
Saiba mais
De acordo com a legislação vigente, em caso de fusão, parlamentares podem trocar de partido fora do período da “Janela Partidária” (seis meses antes do pleito), sem risco de perda do mandato. O tempo para concluir a mudança é de 30 dias. Senão, os vereadores e deputados de PSL E DEM automaticamente passarão a integrar o novo partido.