“Arte e ciência estão e sempre estiveram conectadas”

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“Arte e ciência estão e sempre estiveram conectadas”

Flavia Pozzobon da Rocha Gomes, 45, é natural de Pirassununga, em São Paulo. Mora em Lajeado desde 2018. Nos anos 2000 criou uma técnica artística chamada “foto reação”, onde a pintura, através de processos químicos, é capaz de se transformar com o passar do tempo

“Arte e ciência estão e sempre estiveram conectadas”
(foto: arquivo pessoal)

Do que se trata a técnica de pintura que você criou?

Nos anos 2000, criei uma técnica que é um processo cruzado entre a pintura e a fotografia. Intitulei ela de “mista sem papel fotossensível”. Com a internet, que facilitou muito a pesquisa, descobri que há um processo alternativo de revelação fotográfica, que muito se assemelha ao meu, o Quimigrama. Mas a minha técnica é diferente. Por isso mudei a definição dela para “foto reação”. Como não utilizo fixadores no processo, a arte também vai sendo revelada enquanto exposta. O mesmo trabalho está em constante transformação. Questiono a vida humana e como nós, que viemos do informe para a forma, desde nossa concepção (comparada à mancha visual), estamos sempre a nos “revelar” e é então, que o papel fotossensível torna-se o suporte ideal nesse desdobramento de registro.

E como foi esse processo criativo de lançar uma técnica própria?

Aconteceu naturalmente, quando ganhei um envelope repleto de papéis fotossensíveis e comecei, de forma totalmente empírica, a testar reagentes e anotar as reações. Frequentei o estúdio de um amigo fotógrafo para entender melhor os processos e iniciei uma pesquisa de forma autodidata. Comecei a apresentar essa técnica em salões de arte no ano seguinte e recebi menções em salões conceituados. Desde a infância, aos oito anos pra ser mais precisa, iniciei minha aproximação com a arte. Na mesma época da infância, ganhei minha primeira câmera analógica que logo virou meu brinquedo preferido. Aprendi brincando e de forma leve. Pra mim, o aprendizado está ligado a descobertas, ao fluido, ao divertido.

Hoje, além desta tua criação, tu pinta com quais técnicas? E tem alguma preferida?

Produzo arte contemporânea, transitando também pela arte urbana, na fotografia, literatura, vídeo arte e utilizo, além da “foto reação”, óleo sobre tela, acrílica, aquarela, spray, entre outras em diversos suportes. Apesar de transitar por várias técnicas, tenho um carinho especial pela foto reação e pela arte urbana.

Tem algum trabalho que mais te marcou durante a tua trajetória como artista?

Durante os primeiros anos com a nova técnica, tinha a dificuldade de detalhar mais os elementos da mancha na composição. E o trabalho intitulado “Belos Estofos”, que hoje compõe o acervo de um amigo em Barcelona, representa esse marco.

O que a pintura significa pra ti?

Arte e ciência estão e sempre estiveram conectadas, bem como a educação e outros campos do conhecimento. “Tudo se conecta a tudo”, já dizia Leonardo da Vinci. Outro ícone do conhecimento, Albert Einstein, disse certa vez que “a imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Transitar por diversas formas de expressão é um facilitador para que possamos atingir a iluminação dos sentidos, da vida. O encontro com o eu profundo, com a essência humana, esse pra mim é o papel da arte e do artista.

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