Previsão de aumento na  produção anima setor calçadista

melhora

Previsão de aumento na produção anima setor calçadista

Entidades ligadas ao segmento apontam que alta pode chegar a 12,2%. Por outro lado, a região busca retomar de vez o ritmo de trabalho do período pré-pandemia

Previsão de aumento na  produção anima setor calçadista
Rio Grande do Sul é responsável por 44% das vendas do país. (Foto: Jhon Willian Tedeschi)
Vale do Taquari

O momento mais crítico para o setor calçadista do Vale parece ter passado. A tendência regional acompanha a projeção nacional de crescimento na produção, em relação ao ano passado. No entanto, ainda há espaço para recuperação, levando em conta os postos de emprego fechados no auge da crise provocada pela pandemia.

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) divulgou um estudo onde atualiza as projeções de crescimento para este ano. A produção deve crescer 12,2% na comparação com 2020, o que representa quase 100 milhões de pares a mais. Ainda assim, a projeção é que o segmento encerre o ano com produção 8% menor do que 2019.

O crescimento em 2021 ganha impulso com o maior espaço do mercado brasileiro no exterior. As exportações devem ter aumento de 25,5% e, entre janeiro e agosto, mais de 75 milhões de pares foram enviados para fora do país. O Rio Grande do Sul é o principal exportador de calçados no Brasil, com 44% da receita gerada pelos embarques feitos no setor.

Em relação aos empregos perdidos, o setor busca recuperação plena. Após perder 18% dos postos de trabalho, a atividade gerou mais de 15 mil vagas entre janeiro e julho deste ano. O setor emprega 255 mil pessoas de forma direta no país e, de acordo com a Abicalçados, muitas dessas pessoas seguiram empregadas após a criação do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm).

Maior impacto na região

Teutônia foi o município que teve maiores perdas com a crise no setor calçadista. Duas das maiores empresas do ramo no município fecharam as portas e outras tantas perderam espaço. A Paquetá Calçados, por exemplo, chegou a ter quase dois mil colaboradores no seu auge e encerrou os trabalhos com 200 funcionários.

Na avaliação de Roberto Müller, presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas e do Vestuário de Teutônia e Região (Siticalte), a retomada vai salvar muitas empresas, mas dificilmente o setor retornará ao patamar de antes da pandemia. “Quando duas empresas desse tamanho desaparecem, é muito difícil conseguirmos recuperar”, lamenta.

Outra empresa de relevância na economia do município, a Piccadilly, perdeu cerca de 500 postos de trabalho e recuperou pouco menos de 100. E Müller dá a tônica do que será o setor nos próximos tempos. “Estamos muito cientes que as empresas não vão crescer muito internamente. O que puderem, vão terceirizar”, diz.

O presidente da Siticalte relata que foram mais de 1,2 mil empregos perdidos e que as empresas trabalham “para sobreviver”. A perspectiva é melhor para os próximos meses, com a volta das exportações com maior força. “Nos últimos tempos o mercado interno nos salvou, a partir de setembro as coisas começaram a melhorar”, pontua Müller.

Estoque no salão de festas

As perdas de postos foram menores em Santa Clara do Sul. É o que relata o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Calçados do município, Natalício Luís da Rosa. A previsão é voltar com 100% da produção até o final do ano, com a retomada das cargas horárias completas dos trabalhadores que tiveram suas vagas mantidas por estarem incluídos no BEm.

Hoje o município tem cerca de 1,2 mil trabalhadores no setor calçadista. O carro-chefe é a Calçados Beira-Rio, com 930 funcionários, além de três ateliês que abastecem, além da Beira-Rio, a CooperShoes, de Picada Café.

Rosa lembra que as dificuldades de saída dos calçados foram tamanhas, que a Beira-Rio precisou alugar o Centro de Reservistas, salão famoso pelos bailes de Carnaval de Santa Clara, para estocar os pares. Com a retomada do mercado interno, principalmente, o estoque foi vendido e a produção começa a voltar ao normal.

Poucas demissões e demanda por tênis

Outro município que conseguiu evitar um grande fechamento de postos de trabalho foi Bom Retiro do Sul. O principal motivo para a manutenção das vagas foi a adesão das empresas ao BEm. De acordo com o sindicato do segmento no município, “ainda se engatinha” para uma melhora.

“Na pandemia, a Beira-Rio demandou muitos tênis. Foi algo que saiu mais, porque as pessoas não saiam mais para festas, não usavam mais sapatos, mas compravam tênis”, lembra a advogada do sindicato Ana Paula Maziero.

A empresa que teve maiores dificuldades foi a Atlas. Em Bom Retiro é produzido o cabedal para enviar a Alemanha, onde o processo dos calçados de segurança é concluído. A exemplo do que a Beira-Rio fez em Santa Clara do Sul, a empresa estudou alugar um imóvel para estocar o estoque que não conseguia enviar para o exterior.

Os trabalhadores do município, que são cerca de 2 mil, retornaram ao trabalho em turno integral. Além da Atlas, são outros 30 ateliês que abastecem a Beira-Rio. Apenas uma empresa fechou, pois, de acordo com o sindicato, fazia peças para a fábrica da Beira-Rio de Mato Leitão que incendiou em 2020.

Acompanhe
nossas
redes sociais