“Não me lembro de nada”

Agressão na divisão de acesso

“Não me lembro de nada”

Árbitro Rodrigo Crivellaro deixa o hospital após ser agredido por atleta do São Paulo de Rio Grande. William Ribeiro foi preso em flagrante e responderá por tentativa de homicídio

“Não me lembro de nada”
Árbitro Rodrigo Crivellaro deixou o hospital com um colar cervical e em cadeiras de rodas para evitar esforço (Foto: Willian de Oliveira)
Vale do Taquari

A agressão do jogador William Ribeiro sobre o árbitro Rodrigo Crivellaro, na partida entre São Paulo e Guarani, válida pela Divisão de Acesso, ganhou repercussão nacional na noite de segunda-feira. As consequência seguiram no dia seguinte, com a prisão do meia-atacante da equipe de Rio Grande.

O jogador foi preso em flagrante e levado à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires. De acordo com o delegado que cuida do caso, Vinícius Lourenço de Assunção, o atleta será indiciado pelo crime de tentativa de homicídio. Ribeiro agrediu Crivellaro primeiramente com um empurrão. Ao derrubá-lo, desferiu um chute na nuca. Rodrigo ficou desacordado e precisou ser levado às pressas para o hospital, de onde recebeu alta na tarde de ontem. “Não se trata de uma mera agressão. Ele custou a recordar os sentidos e foi levado as pressas ao hospital. Fui até lá e falei com a médica. Ela me relatou que o risco é grande neste caso, já que poderia ter lesionado a coluna ou mesmo a cabeça”, declarou o delegado.

Segundo Vinícius Assunção, o inquérito criminal ficará pronto em dez dias. O delegado comenta ainda que o caso se assemelha a uma tentativa de homicídio. “Tendo em vista o dolo assumido pelo jogador, já que o árbitro já caído é atingido na cabeça, região sensível, que pode levar a morte.”

Crivellaro ficou em observação no Hospital São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires, até a tarde de ontem. Os exames não apontaram nada grave. Ele irá se recuperar em casa e permanecerá em observação. Ele deixou o hospital com um colar cervical e em cadeiras de rodas para evitar esforço. Questionado sobre o lance da agressão, diz não se lembrar do ocorrido. “Não me lembro de nada. Me falaram que dei um cartão amarelo para ele. Ele me deu o soco no rosto e caí no chão, então veio o chute e não me lembro de mais nada além dessa parte.”

A imagem da agressão é forte. Mas o árbitro passa bem. “Estou com dor na coluna cervical, mas estou bem. Não foi nada grave, estou em recuperação”, comenta. Sobre o jogador, diz precisar de um tratamento e que precisa pagar pelo ato. “Ele é totalmente descontrolado, precisa de um tratamento. Merece ficar preso por um bom tempo”, afirma.

Natural de Pelotas, Rodrigo Crivellaro tem 29 anos e é formado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria, cidade onde mora e divide a rotina de árbitro com a de personal trainer.

Após derrubar o árbitro com um soco, o jogador William Ribeiro desferiu um chute na nuca de Crivellaro, que desmaiou no local (Foto: Divulgação)

“Não concordamos com a violência”

O São Paulo de Rio Grande tem em seu elenco dois atletas ligados ao Vale do Taquari. Os meias Dionas Bruno, natural de Teutônia, e Fernando Urnau, revelado pelo Lajeadense. Os dois foram testemunhas oculares do fato e desaprovam a atitude de Ribeiro. “Como atleta não concordamos com nenhuma violência e lamentamos o fato ocorrido”, diz o meia Dionas Bruno.

O próprio clube também se manifestou sobre o lance. Em nota assinada pelo presidente Deivid Pereira, diz que o clube se deparou com um dos episódios mais tristes de sua história no dia em que completava 113 anos. O clube ainda pediu desculpas ao profissional, a sua família e o público em geral pela cena. Por fim, o São Paulo anunciou a rescisão sumária de contrato do jogador e afirmou que medidas legais serão tomadas.

reincidente em casos de agressão

Quem também estava no estádio é o torcedor do Lajeadense Estevão Seltenreich, que foi até Venâncio Aires para ver o Guarani em ação, próximo adversário do Alviazul. “Já estive em vários estádios no Rio Grande do Sul. Achei que já havia visto de tudo, muita briga de torcida, briga de jogador, mas episódio igual a este, de agressão ao árbitro, foi a primeira vez. Muito grave.”

Ele lembra ainda que esta não foi a primeira agressão de William Ribeiro que testemunhou. Em partida entre Lajeadense e São Paulo, o atleta partiu para cima de um torcedor da equipe de Rio Grande. “Ele agrediu o próprio torcedor. De certa forma é reincidente em casos como este. Não a toa a torcida do Guarani já o repudiava antes mesmo da agressão. Para nós que apoiamos o futebol do interior, isso é uma mancha em nosso esporte”, definiu.

Após a paralisação na partida aos 15 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava 1 a 0 para o Guarani, a bola voltou a rolar na tarde de ontem para os 30 minutos restantes e o placar não foi mais movimentado.

Acompanhe
nossas
redes sociais