“A cada nova realidade que me toca, me torno mais humana”

ABRE ASPAS

“A cada nova realidade que me toca, me torno mais humana”

A relação entre a fotógrafa Ana Paula Weber, 35, e o voluntariado vem de berço. Natural do Amazonas, a profissional se inspirou na mãe, muito ativa na causa indígena e em movimentos sociais. Cresceu em um universo cheio de particularidades. Em Lajeado, ela participa de ações sociais desde 2009 e hoje atua junto à Associação Marines

“A cada nova realidade que me toca, me torno mais humana”
(Foto: Carine Bagestan)
Vale do Taquari

Como ocorreu o seu contato com as ações sociais?

Minha mãe saiu nova de casa, com a intenção de trabalhar com povos do norte do país. Quando nasci, ela era muito ativa na causa indígena, e em movimentos sociais e políticos. Estive inserida nessas pautas desde sempre. A Ana criança não tinha noção do quanto isso era enriquecedor e tocaria da Ana de hoje. Em Lajeado, meu primeiro trabalho de cunho social foi na ONG Abaquar, em 2009. Fazia trabalhos na secretaria ou na cozinha, ou mesmo, ministrava oficina de fotografia. Depois, em 2017, retornei ao Santo Antônio, na ação Natal Todo Dia. Em 2019, integrei a organização do Debut Social. Depois, veio o convite para atuar no projeto Movemães, hoje parte da Associação Marines.

O que te move a realizar esse trabalho?

A gente vive em um mundo de contrastes. Poucos possuem muito além do que precisam, e muitas pessoas mal sobrevivem com o básico. Reconhecer meus privilégios (de quem não sabe o que é passar fome, ou pôde concluir um curso superior, por exemplo) e entender que eles não me fazem melhor do que ninguém, mas que podem ser usados como gás, como agente transformador para a equidade social.

Quais as funções desempenhadas?

Ainda estamos em fase de estruturação da nossa Organização da Sociedade Civil (OSC). Então, cada um de nós faz de tudo um pouco, equilibrando as tarefas com as agendas pessoais e profissionais. Tenho atuado no apoio logístico, transporte, triagem e entrega de doações. Visito as famílias e busco sempre registrar as nossas ações.

Qual a representatividade para a sua vida e demais pessoas?

Gigantesca. A cada nova pessoa que eu conheço, a cada nova realidade que me toca, eu me transformo. Me torno mais humana, com a oferta do que tenho de melhor em forma de amparo, de escuta, sem julgamentos, a uma pessoa que esteja em risco ou vulnerabilidade socioeconômica.

Quais são os desafios?

Geralmente, uma organização sem fins lucrativos tem de superar dois obstáculos : angariar entradas financeiras fixas, a fim de garantir o planejamento e a continuidade na execução dos projetos a médio e longo prazo e engajar voluntários que “vistam a camisa”. Somos agraciados com doações e com parcerias incríveis. Eu sinto que ainda é difícil mobilizar uma nova pessoa, que se comprometa a doar um tempo regular e saia do assistencialismo para um desejo real de transformação social.

Como realiza a ponte entre a fotografia e o voluntariado?

Sim! A fotografia é a minha linguagem. É pelas lentes da câmera que eu conto as histórias que passam pelo meu caminho, faço as minhas críticas sociais e tento sensibilizar outros olhares para as causas apoiadas.

Acompanhe
nossas
redes sociais