Precisamos de deputados genuínos do Vale do Taquari. Isso já é consenso. No entanto, se não mudarmos nossa postura na eleição que ocorre exatamente daqui um ano, nosso desempenho repetirá o fracasso das últimas eleições. De agora em diante, os movimentos dos partidos e dos propensos candidatos começam a ficar mais salientes. É só atentar para os bastidores para perceber o agito.
Enquanto as candidaturas se constroem, é importante mantermos o foco. “Precisamos deputados do Vale”. Por assim ser, refaço um pedido aos líderes partidários da região, especialmente os mais expoentes: por favor, não olhem para a eleição do ano que vem pensando na de 2024. Por favor, deixem de ser apenas articulistas políticos, para serem articulistas regionais. Se os senhores presidentes de partidos se conscientizarem de que a eleição estadual e federal não serve de trampolim para a municipal, nossa chance de emplacar deputados no próximo pleito passa a ser real.
O PT, ao que tudo indica, já fechou questão em torno de Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco. O PP, especialmente a ala de Marcelo Caumo, tenta atrair ao partido Douglas Sandri, hoje no Novo. Neste caso, é preciso construir acordo com João Braun e Glaucia Schumacher, outros dois nomes cotados pelo partido, já que o prefeito Caumo se recusa a concorrer. Pelo PDT, José Scorsatto é candidato assumido.
Pelo MDB, Paulo Kohlrausch tem o desejo de disputar uma vaga à assembléia, mas no apoio regional, especialmente do partido em Lajeado, onde Márcia Scherer tem a mesma ambição. Ainda tem Filipe Diehl, que tem sido muito importante na articulação regional com Brasília e Jonatan Brönstrup, do PSDB, que está na Casa Civil do Palácio Piratini. Ambos se articulam para emplacar candidaturas coesas.
De fato, temos nomes colocados- e podem surgir novos – e com reais possibilidades de chegar lá, desde que os partidos não percam o foco e não se desprendam da necessidade regional. Eleger deputados locais não esteve tanto nas nossas mãos quanto dessa vez.
A CPI Covid e o circo armado
Já não deveríamos nos surpreender. Não é de hoje que o congresso nacional esculhamba o sistema político. A CPI Covid é o maior retrato deste poder perverso.
Luciano Hang é um empresário astuto, do capitalismo selvagem. Seu comportamento está longe de ser exemplar ou inspirador para quem segue uma doutrina mais sustentável. Ainda assim, emprega 22 mil pessoas nas lojas que espalha pelo país e paga um par de impostos todo mês.
Por razões diversas – mas também por ser apoiador declarado e fiel de Jair Bolsonaro – ele foi convocado a depor na CPI do Senado esta semana. Foi uma bagunça, um jogo orquestrado e uma tentativa permanente de extrair falas e afirmações capazes de incriminar o depoente.
Assisti – sim, tenho me dado ao tempo de acompanhar a famigerada CPI – e entendi em vários momentos por que o Brasil é do jeito que é. O senador que, provavelmente, mais responde processos de improbidade e de corrupção no Senado Federal é o relator da CPI e que conduz o interrogatório dos depoentes. É um contrassenso completo. Ou seja, o senador que se defende como pode numa dúzia de processos para escapar da Justiça é o mesmo que posa de moralista e arauto da verdade na CPI Covid. De fato, o Brasil não é para amadores.
Falta coerência e sobra demagogia
O polêmico projeto que concede liberdade ao comércio de trabalhar aos domingos e feriados continua rendendo debates. O que se vê na câmara de vereadores é um jogo de interesses que já passou do ponto.
Sobram demagogia e interesses e falta coerência. Quer ver? Os vereadores Lorival Silveira e Vavá solicitaram tempos atrás, que a secretaria da Saúde de Lajeado amplie os horários e a equipe de vacinação à noite e nos fins de semana, especialmente domingos. Formalizaram o pedido ao secretário Claudio Klein no sentido de viabilizar as vacinas em horário alternado para facilitar o acesso aos trabalhadores da indústria. Nada contra o pedido, pelo contrário. Ele faz todo sentido.
Ocorre que, e por isso a incoerência, que estes dois vereadores são ferrenhos críticos ao projeto do comércio pois, segundo os mesmos, ele é contra a família. Eu pergunto: e a família dos profissionais da saúde que fazem a vacinação aos domingos?
Cito este exemplo para reforçar que a tese de “proteger a família” e evitar a “escravidão” não passa de demagogia. É papo furado e discurso de quem quer alimentar curral eleitoral a qualquer custo.
Já faltam argumentos para quem é contra o projeto. E digo mais: a emenda que foi apresentada ao projeto na última sessão ordinária continua resolvendo o problema apenas pela metade.