Como o Vale se prepara, ou não, para as eleições de 2022

A UM ANO DO PLEITO

Como o Vale se prepara, ou não, para as eleições de 2022

Pelo menos 11 nomes já se articulam para disputar cadeiras na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Líderes de entidades apontam necessidade de maior representação política para discutir demandas regionais. No passado, Vale chegou a ter cinco deputados num mesmo período

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(Crédito: Divulgação)

Como o Vale se prepara, ou não, para as eleições de 2022
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Vale do Taquari

Em um ano, no dia 2 de outubro, eleitores de todo o país irão às urnas para eleger presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Para o Vale do Taquari, mais uma chance para aumentar sua representatividade, após tentativas frustradas. Mas será que a região está pronta para dar este passo à frente?

Mesmo com quase 300 mil eleitores, a região não tem representantes na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Edson Brum, morador de Encantado, mas com domicílio eleitoral em Rio Pardo, foi o único eleito em 2018. Porém, desde março deste ano está no secretariado do governador Eduardo Leite.

Ainda há um relativo período a ser percorrido até a oficialização das candidaturas. Mas movimentos já ocorrem em toda a região. Partidos mais estruturados preparam nomes principalmente à Assembleia. E a quantidade de nomes especulados, bem como possíveis dobradinhas com políticos de fora, traz à tona a falta de unidade local.

Nas últimas eleições, o Vale foi um território convidativo para os postulantes aos parlamentos. Em 2018, mais de mil candidatos, entre federais e estaduais, fizeram votos no Vale do Taquari. O percentual de votos aos “forasteiros” na corrida ao Congresso, por exemplo, representou quase 70% do total dos votos da região.

CEP do candidato

Mas não basta apenas a região eleger um candidato apenas por ter nascido ou residir no Vale. É o que alerta Ivandro Rosa, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT). Para ele, é preciso que se identifique com as pautas prioritárias da região.

“Não adianta o candidato ter o mesmo CEP que o nosso e não atender nossas demandas. Precisamos de representantes que vistam a camisa”, avalia. Rosa lembra que também não basta diminuir o número de candidaturas da região. “É uma caminhada complexa. E os que tiverem êxito, tem que abraçar a região e serem combativos com nossos desafios”.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Cristian Bergesch, por outro lado, entende que é necessário ter menos postulantes aos parlamentos para aumentar as chances de eleição. “A sociedade precisa de uma representação direta, independente de qual partido seja. É necessário concentrar forças em um menor número de lideranças, e lideranças mais qualificadas”.

Em pleitos anteriores, entidades listaram candidatos preferenciais da região e inclusive abriram espaço a eles em sabatinas. “Há alguns nomes, levantados através de um trabalho de pesquisa e consulta. É um trabalho que continua acontecendo”, ressalta a presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), Maria Cristina Castoldi.

Organização das entidades

Sem força política para fazer frente às demandas regionais, entidades e organizações tem tido papel importante. Temas como a concessão de rodovias estaduais à iniciativa privada evidenciaram este trabalho, onde se buscam mudanças no plano que atendam os interesses da região.

“Mais do que nunca, estivemos muito presentes na discussão deste plano. Colocamos todas as nossas forças nas lideranças empresariais. Mas temos uma limitação em nossa atuação”, aponta Maria Cristina.

Luciano Moresco, presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), comenta que foi preciso apoio de deputados ligados a outras regiões para o debate. “Parlamentares que não tem vínculo territorial conosco nos auxiliaram. Mas porque nas regiões deles também haverá pedágios”, pontua.

A questão da outorga, principal crítica da região ao plano de concessões, também é citada. “No Vale do Rio Pardo, vários deputados defendem os interesses deles. Lá, o pedágio custa R$ 3,70 e sem outorga. Nós, aqui, a previsão será de R$ 7, R$ 8. E quem nos defende?”, questiona Ivandro Rosa. Moresco endossa. “Entre os deputados mais votados na região, há alguns que não participaram de audiências públicas, não se posicionaram, mas votaram a favor da outorga”.

População

Cidades como Lajeado tiveram um acréscimo populacional considerável na última década, lembra Cristian Bergesch. Contudo, a representatividade política registrou movimento contrário. “Estamos crescendo e, em função da nossa relevância no cenário estadual, ganhamos mais habitantes. Por isso a necessidade de maior representação”, frisa.

Rosa lembra que municípios de população inferior estão melhor representados no cenário político. “Olha Santo Augusto, que fica próxima de Ijuí. Cidade de 13 mil habitantes e com representantes na Assembleia e no Congresso”.

Pesa muito, conforme Moresco, os interesses político-partidários nestas situações. “Isso se sobrepõe a interesses regionais, seja no campo do desenvolvimento econômico, seja no social”.


Olhar para o passado

Entre as décadas de 70 e 90, o Vale do Taquari viveu períodos áureos na representatividade política. Em 1978, por exemplo, cinco candidatos foram eleitos – quatro para a Assembleia Legislativa e um para o Congresso. Foi o auge da ainda chamada região Alto Taquari. Municípios como Lajeado, Estrela, Arroio do Meio e Taquari emplacaram seus representantes.

Nas eleições seguintes, a região mantinha cadeira cativa na Assembleia e voltou a ter representante no Congresso a partir de 1994, com a primeira eleição de Ênio Bacci. Então no PDT, ele emendou cinco mandatos consecutivos, feito inédito na região. Abriu mão da reeleição em 2014, ocasião em que foi eleito deputado estadual.

A última vez que o Vale elegeu representante para as duas casas legislativas foi em 2006, quando Bacci conquistou o quarto mandato em Brasília e Marquinho Lang, de Bom Retiro do Sul, foi eleito deputado estadual pela primeira vez, após assumir como suplente um ano antes. Em 2010, Bacci se elegeu pela quinta vez e Luís Fernando Schmidt, eleito suplente, assumiu uma cadeira na Assembleia no ano seguinte.

 


POSSÍVEIS NOMES DA REGIÃO A 2022

PP

Entre os nomes do Vale cogitados para a Assembleia Legislativa, segundo a atual coordenadora regional da sigla, Mareli Vogel, está o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo. Mas o vereador João Braun, de Estrela, se colocou à disposição do partido. “Se tivermos mais de um nome, aí o partido terá que construir essa decisão, de manter os dois ou escolher um só”, afirma.

MDB

O prefeito de Santa Clara do Sul e atual presidente da Amvat, Paulo Kohlrausch, e a delegada aposentada e suplente de deputada federal, Márcia Scherer, são cotados. “Continuando o interesse das duas candidaturas, teremos uma prévia para decidir. Qualquer um dos dois tem plenas condições de se eleger, mas queremos só um candidato”, afirma o presidente do partido, Celso Cervi.

PT

Ex-prefeito de Taquari e presidente da Famurs até junho, Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, será o candidato preferencial do partido ao parlamento. “É o nome que se construiu aqui. Tem bastante visibilidade. Apostamos nele, mas não impediremos qualquer tipo de apoio a candidatos de outras correntes do PT”, comenta o coordenador regional da sigla, Jones Fiegenbaunm.

PSDB

Dois nomes são ventilados para concorrer a vagas na Assembleia e no Congresso. O ex-prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, é uma das apostas do partido. Ele atua hoje como assessor da Casa Civil. A ex-vereadora de Lajeado e atual coordenadora de Inovação e Projetos Especiais, Mariela Portz, também está no páreo. Ela já disputou a eleição passada, mas não se elegeu.

PDT

O partido deve apostar na candidatura do ex-prefeito de Arvorezinha, José Scorsatto a deputado estadual. Nos últimos anos, ele atuou como coordenador-geral da Famurs e hoje é o coordenador da sigla no Vale. Nos últimos meses, ele tem percorrido a região em busca de apoio. “Tivemos um ótimo desempenho nas eleições municipais na região, apostamos em um bom resultado”.

DEM(*)

Assessor do ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, o estrelense Felipe Diehl se coloca como pré-candidato a deputado federal pelo partido, que está em processo de fusão com o PSL. Para ele, a união das duas siglas não deve atrapalhar sua intenção. “Na verdade, isso fortalece o partido. Vemos esse movimento de forma positiva”, afirma Diehl, que destaca o apoio de entidades empresariais e políticos de outros partidos.

NOVO

Depois de quase ser eleito em sua primeira tentativa, com 15.907 votos, Douglas Sandri prepara nova candidatura ao parlamento gaúcho. Hoje assessor parlamentar em Brasília, ele é bastante próximo do prefeito de Lajeado, que o apoiou na eleição passada. Seu nome tem sido ligado também ao PP.

PTB

Na ausência de coordenadoria, o partido não deve apresentar candidatos na região. O principal ícone da sigla hoje no Vale, Ênio Bacci, atual diretor do Detran-RS, é cotado para trocar de legenda e concorrer pelo PSDB a uma cadeira em Brasília. Bacci já foi deputado federal por cinco mandatos. Não conseguiu se reeleger à AL-RS em 2018.

(*) Além das pré-candidaturas e possíveis postulantes citados na reportagem deste fim de semana no A Hora, está também o nome de Felipe Diehl, do DEM.


 

Capas do A Hora após as três últimas eleições.

1. Em 2010, manchete destacou percentual de votos aos candidatos de fora.

2. Em 2014, uma leve melhora no desempenho, mas com apenas um eleito.

3. E em 2018, restou comemorar a eleição de Edson Brum, mais identificado com o Vale do Rio Pardo.


DEPUTADOS DO VALE AO LONGO DA HISTÓRIA

ESTADUAIS

Oscar da Costa Karnal (Lajeado)
Décio Martins Costa (Lajeado)
Bruno Born (Lajeado)
Mário Lampert (Lajeado)
João Batista Marchese (Encantado)
Dalton de Bem Stümpf (Lajeado)
Guido Lermen (Arroio do Meio)
Valdir Antônio Lopes (Cruzeiro do Sul)
Antonino Fornari (Arroio do Meio)
Elton Fensterseifer (Roca Sales)
Guido Moesch (Arroio do Meio)
Élio Corbellini (Lajeado)
Gabriel Mallmann (Estrela)
Hélio Musskopf (Estrela)
Sérgio Zambiasi (Nova Bréscia)
Heron de Oliveira (Lajeado)
Julio Redecker (Taquari)
Erni Petry (Lajeado)
Luis Fernando Schmidt (Lajeado)
Elmar Schneider (Estrela)
Marquinho Lang (Bom Retiro do Sul)
Ênio Bacci (Lajeado)

FEDERAIS

José Bonifácio Cardoso Fregapani (Taquari)
Guido Moesch (Arroio do Meio)
Ênio Bacci (Lajeado)
Julio Redecker (Taquari)
Daniel Fontana (Lajeado)

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