“O nosso corpo conversa com a gente o tempo todo”

ABRE ASPAS

“O nosso corpo conversa com a gente o tempo todo”

Carlos Spaniol, 31, é arquiteto e, além de se dedicar a projetos artísticos de cenografia e comunicação, lançou a primeira obra literária no fim de semana. “Minha mente ao adormecer” é um livro com 16 crônicas sobre os pesadelos do autor. Por três anos, a terapia os colocou no papel e, ao invés de tratá-los de forma negativa, os textos bem-humorados fazem o leitor se identificar com os próprios “adormeceres”, como o lajeadense carinhosamente os apelidou

“O nosso corpo conversa com a gente o tempo todo”
(Foto: Arquivo Pessoal)
Vale do Taquari

Já teve outras experiências com a literatura que te incentivaram a também ser escritor?

Esse é o primeiro livro que publico, mas não o primeiro que escrevo. Ainda no fundamental, comecei meu primeiro livro, com o incentivo da Profe Jaque. Na época da faculdade, comecei outro, que gosto muito. Mas, com o passar dos anos, acabei esquecendo o final. Hoje, tenho mais um projeto em andamento, que começou antes mesmo do que o “Minha mente ao adormecer”, mas que ainda vai levar um tempo para amadurecer.

O que te inspirou a escrever o livro e sobre o que ele fala?

Foi essa minha cabeça doida depois que eu pego no sono (risos). Como conto no próprio livro, fui incentivado pelo meu primeiro terapeuta a fazer anotações e ilustrações desses pesadelos que eu estava tendo, e que eu sempre tive. Três anos depois eu tinha tanto material, que achei interessante colocar isso para além de mim. Algumas pessoas podem achar, inclusive, que seja muita exposição, mas eu não vejo assim. Vejo como uma oportunidade de as pessoas se identificarem em seus próprios adormeceres.

De que forma a escrita te ajudou nesse processo?

Naquele momento, minhas questões eram sentimentais, sobre meu relacionamento da época. Mas a escrita do livro em si, a organização de todas essas anotações e desenhos, começou meio de repente. O primeiro pesadelo que tive esse ano, o capítulo 16 do livro, eu acordei e escrevi já em formato de crônica. Gostei do que saiu, e assim foram saindo os outros anteriores.

O que seriam esses “adormeceres” que comenta no livro?

O que eu chamo de “adormeceres” é o que chamaríamos normalmente de pesadelos mesmo. O motivo de eu optar por denominá-los dessa forma é justamente o significado que eles têm para mim hoje. Quando eu os sentia apenas como imagens horríveis e perturbadoras eles eram apenas pesadelos, palavra que para mim carrega uma conotação negativa. Depois, quando eu aprendi a usar essas alegorias para perceber coisas que minha mente adormecida tentava me avisar, coisas que eu não enxergava ou não queria enxergar enquanto desperto, achei que essa conotação negativa não fazia mais sentido para mim, pois eu estava tirando resultados positivos disso. Eu os ressignifiquei e hoje eles são apenas “adormeceres”.

Qual é a principal lição que o livro traz ao leitor?

São muitas. Mas acho que o principal talvez seja o quão necessário é prestar atenção em nós mesmos. Às vezes é um adormecer louco, às vezes pode ser uma dor de barriga te avisando de algo, às vezes uma alergia súbita. O nosso corpo conversa com a gente o tempo todo. A mente faz parte do corpo, e nesse livro eu acabo falando mais da mente. Mas esses sinais podem vir de muitas outras formas. A gente só precisa prestar atenção. O livro pode ser adquirido pela internet (Site Viseu) ou na Livraria da Brincasa.

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