A sequência de elevações na taxa básica de juros, Selic, trouxe novo contexto para os investimentos no país. Após alcançar a mínima histórica de 2% ao ano em agosto do ano passado, a taxa básica de juros chegou a 6,25% em setembro.
Estabelecido pelo Banco Central (BC) para tentar conter a escalada da inflação, o ciclo de altas Selic foi iniciado em março e deve se manter até 2022, quando a taxa deve alcançar 8,5%, conforme dados do Relatório Fócus.
De acordo com a analista de Investimentos do Sicredi, Lenise Nunes, as mínimas históricas na Selic fizeram com que os investidores buscassem por alternativas de diversificação, correndo mais riscos em troca de expectativas de maior retorno. “Agora, o panorama traz questionamentos, como a necessidade de uma mudança na forma de investir e as oportunidades contempladas neste novo cenário.”
Segundo ela, em um cenário de juros mais altos, melhora a rentabilidade de opções como a poupança e o Título Público Tesouro Selic, por terem sua rentabilidade diretamente atrelada à Selic. Os investimentos que acompanham o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), também seguem os movimentos da Selic e ficam mais atrativos.
Para Lenise, a diversificação que marcou o cenário de juros mais baixos deve continuar a ser considerada pelos investidores. “Estamos atravessando um momento de inflação elevada, onde o ganho real acaba sendo impactado.”
Diante desse cenário complexo, a analista do Sicredi orienta que os investidores considerem produtos e serviços de instituições sólidas e seguras, com amplo portfólio de opções e que proporcionem um relacionamento próximo para apoiar suas decisões com aconselhamento de especialistas.
Juros futuros
Sócio-fundador da Moinhos Investimentos, Aderson Gegler, afirma que as altas trazem maior atratividade para investimentos em renda fixa, tanto pré, quanto pós-fixada. Destaca que alguns títulos já são negociados em faixas de rendimento entre 10% e 13% ao ano.
Os fundos imobiliários também são impactados negativamente no valor de suas cotas, o que pode trazer boas oportunidades para quem tem perfil para este tipo de investimento. Isso ocorre porque os rendimentos continuam na mesma magnitude e os preços das cotas estão mais baixos.
“Entretanto, é importante enfatizar, que o impacto nos investimentos não ocorre no momento da alta da taxa e sim enquanto a expectativa dos agentes é formada”, ressalta. As taxas de juros futuras são os resultados dessas mudanças na percepção dos atores do mercado financeiro. “Para a tomada de decisão na hora de investir, é preciso observar as taxas de juros futuras, e não a Selic.”
No caso da bolsa de valores, Gegler ressalta que, historicamente, ações fornecem maiores proteções contra a inflação, quando se avalia o juro real, que este ano será negativo. “Um portfólio bem balanceado, desde que com perfil adequado, se beneficia de ter posições em bolsa no longo prazo.”
Gegler lembra ainda que as empresas com dívidas importantes são prejudicadas pelo aumento do custo de capital, mas ressalta que alguns setores podem ser até beneficiados com as altas de juros. Independente do tipo de investimento, o mais importante em qualquer cenário é fazer uma boa análise antes de escolher onde investir.