Dália apresenta estratégias para diferentes setores de produção (foto: divulgação)
A tecnologia está presente no campo e é com o auxílio dela a distância entre o Conselho de Administração e a Diretoria da Dália Alimentos com os associados foi encurtada. A pandemia demandou que as reuniões realizadas semestralmente com os delegados passassem a ocorrer de forma on-line e o formato foi aprovado pelos 73 delegados que representam as cerca de três mil famílias associadas, em 130 municípios do RS. Pelo computador ou pelo celular, eles acompanharam, neste mês, as explanações do presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, e do presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas.
Piccinini abriu os trabalhos e falou sobre a importância do enquadramento dos produtores quanto à atualização da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), além de destacar o desempenho da cooperativa até julho deste ano e analisar os custos de produção. Freitas apresentou um amplo panorama sobre negócios, mercados, tendências, crise e futuro.
O primeiro assunto levado aos delegados, divididos conforme suas regiões de abrangência, com reuniões em quatro dias no mês de setembro, foi a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e sobre o Comitê de Compliance, estruturado na Dália a fim de trabalhar a LGPD em todos os ambientes da cooperativa, seja empresa ou campo, e o cuidado com o relacionamento interpessoal. Mais adiante haverá um momento de nivelamento com associados sobre o tema ligado à ética.
Mercados
Quanto aos negócios e ao mercado, Freitas citou a crise global, com ênfase para a alta dos custos e a estagnação do salário mínimo, que registrou apenas 8% de aumento, enquanto a alimentação, a energia elétrica, o combustível, por exemplo, aumentou drasticamente em um país que tem uma taxa de desemprego de 16,4%. “O grau de dificuldade para as empresas se manterem é gigante e as agroindústrias de alimentos, com os elevados custos de produção, ficam prejudicadas. O segmento que mais sofreu e oscilou foi o das carnes com o aumento brutal dos custos de embalagens e insumos para a industrialização e produção de rações.”
Estratégias para diferentes setores:
Entre as ações estratégicas, a fim de evitar prejuízos ainda maiores, o Conselho de Administração e a direção da cooperativa estudaram alternativas e ações para todos os setores:
– Suinocultura: uma das opções temporárias foi reduzir em 20% o número de matrizes alojadas no campo, diminuindo, consequentemente, o número de partos e o consumo de milho. No abate, o peso do suíno sofreu uma baixa de 136 para 120 quilos, chegando ao frigorífico com duas semanas de antecedência, também em função do consumo de milho. “É um conjunto de ações fortes, conscientes e corretas para reduzir os impactos. Precisamos ter atitudes fortes para assegurar a viabilidade, o crédito e a confiança.”
– Frango de Corte: o setor começou a passar por dificuldades no final de 2020 e início de 2021, quando o preço da carne desabou e os custos de produção aumentaram. Hoje, a carne suína baixou de preço e a de frango aumentou. Mas o frango busca o ponto de equilíbrio e pode apresentar recuperação antes do suíno. Freitas falou sobre o Programa Frango de Corte, com ênfase aos condomínios e à unidade frigorífica. “A planta está abatendo 65% de sua capacidade, evitando prejuízos. Nos núcleos de criação, a estratégia foi reduzir o número de aves alojadas, além da idade de abate em dois dias. “A cooperativa mantém o sistema integrado e, por isso, é possível diminuir a produção e garantir ao produtor associado tranquilidade, não o onerando.”
– Lácteos: o Conselho de Administração tem mantido o preço do leite para assegurar ao produtor garantias de que as contas sejam fechadas em dia. “Em 2021, o preço empatou, isso que trabalhamos com a melhor metodologia e política possível. Diante do setor das carnes, o leite ainda é o melhor entre os três.”
Grãos: em um retrospecto recente, Freitas apresentou a elevação do preço da saca de milho: custava R$ 47 em 2020, passando para R$ 78 e chegando em 2021 a R$ 103. Acrescentou que a crise só diminuirá com a redução do custo de produção e dos insumos. Estimou que em agosto de 2022 possa haver uma mudança neste panorama com a colheita da Safrinha. “No agro, neste momento, o único que está ganhado é o produtor de grãos. O RS importa grãos e, com isso, se criou uma crise no abastecimento”, salienta.
Freitas adiantou que um Setor de Grãos, com profissionais da área, a exemplo dos programas de Gado Leiteiro e Suinocultura, será estruturado para atender a essa demanda e que a Dália começará a receber um volume ainda maior de milho, trigo e aveia, seja associado à cooperativa ou não.