Nossos discursos na ONU

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

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Nossos discursos na ONU

Arroio do Meio

Estruturara um artigo aproveitando a chegada da primavera, dia 22, mas mudei de ideia, instado pela indignação com o trato dado, por parte da imprensa nacional, ao discurso de Bolsonaro na ONU, dia 21. Ela faltou com a verdade, foi facciosa e oposta à outra parcela da imprensa que se limitou a bem informar. Ouvi a íntegra do discurso. Faça o mesmo. São apenas 12 minutos de uma fala consistente, objetiva, com fatos e números, apresentando o país e estimulando investidores estrangeiros para aqui investirem, promovendo o desenvolvimento.

Se fosses o Presidente do Brasil, naquele espaço precioso para comunicar-se diretamente com dezenas de estadistas mundiais, farias diferente? Não colocarias tuas crenças e convicções políticas? Não falarias do País, da sua posição no concerto mundial, do povo, dos anseios, das realizações, das suas necessidades? A abertura das Assembleias Gerais anuais da ONU foi conquistada pelo Brasil a partir de 1955, em reconhecimento ao seu árduo trabalho em prol da consolidação do organismo, sob a liderança do nosso Chanceler Oswaldo Aranha.

Olhei a postura e o perfil dos discursos de antecessores de Bolsonaro, naquela tribuna. Sarney noticiou ao mundo a redemocratização do País. Collor, primeiro diretamente eleito, focou a restauração da observância aos direitos humanos. FHC, na vez inicial, em 1995, disse que o Brasil estava pronto para interagir no protagonismo mundial. Já em 2001, focou o combate ao terrorismo mundial, dado o atentado às torres gêmeas. Lula, na sua primeira fala, em 2003, levou o Ministro da Cultura, Gilberto Gil que embalou os estadistas sob a som de “Toda Menina Baiana”. No seu discurso anunciou a chegada da esquerda e dos trabalhadores ao poder e conclamou o mundo para combater o flagelo da fome. Em 2009, Lula focou temas relacionados à crise econômica mundial, eclodida em 2008, culpando o capitalismo e o sistema financeiro. Ainda falou da conveniência de uma Governança global e dos riscos das mudanças climáticas. A sucessora Dilma, em 2011, num fato histórico é a primeira mulher a abrir a etapa dos discursos de chefes de Estado. Já em 2015, foi dúbia ao falar dos investimentos em energia elétrica hídrica e eólica, defendendo o desenvolvimento de tecnologia para estocar vento. Temer, em 2018, abordou aspectos das relações internacionais, a importância da paz, do desenvolvimento e do respeito aos direitos humanos.

E Bolsonaro? Como seus antecessores, foi fiel ao seu perfil de não tergiversar, de ir direto ao ponto. Em 2018 falou da sua crença, da sua ideologia oposta ao socialismo e do combate à corrupção no País. Alguma inverdade? E agora, dia 21, disse apresentar o verdadeiro Brasil (diferente do indevidamente divulgado por parte da imprensa). Confirmou suas crenças e a inexistência de corrupção no Governo. Falou do saneamento do BNDES e das estatais, que passaram de deficitárias a superavitárias. Citou a Amazônia, o meio ambiente, os bilhões investidos em infraestrutura, inclusive a iniciativa privada, os leilões previstos, como o da tecnologia 5G, a liderança e importância mundial da nossa agropecuária. Instou o capital estrangeiro a investir aqui. Alguma mentira ou impropriedade? Tal qual seus antecessores, foi verossímil, altaneiro, franco. Como convém a um estadista, nosso representante.

E aí, a pergunta: onde a parcela da imprensa e a oposição raivosa, que o combatem sistematicamente, querem chegar? A um País novamente inviável? A um povo novamente infeliz e sem esperança? A que custo querem o poder pelo poder e os bilhões de verbas públicas para publicidade inócua e concentrada em poucos? Ou reagimos a isto, como verdadeiros brasileiros, ou sucumbimos.

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