“Quando declamo, as poesias vêm do coração”

ABRE ASPAS

“Quando declamo, as poesias vêm do coração”

Nascido em Lajeado há 75 anos, Joel de Mello e Araújo, é agricultor aposentado e já foi presidente da Associação Gaúcha de Avicultura. Morador do bairro Hidráulica, ele herdou da família o amor pela poesia. Bisneto do ex-prefeito João Batista de Mello, Joel e um primo-irmão guardam um acervo com mais de 40 poemas escritos pelo avô, Álvaro da Costa Mello.

“Quando declamo, as poesias vêm do coração”
(Foto: Ramiro Brites)
Vale do Taquari

Por que a poesia entrou na tua vida?

Cada vez que eu falo nisso eu me emociono muito. Meu avô morreu nos meus braços, e no do meu irmão mais velho, nos ensinando a declamar. Isso foi em 1955, eu tinha nove anos. Mas não me esqueço nada daquela noite.

A poesia passou então de geração a geração?

Meu avô sempre foi apaixonado por poesias. Quase todos os netos dele declamam. Somos seis primos. Eu e o meu primo, Aristides, ficamos com grande parte do acervo das poesias do meu avô. As minhas poesias são da máquina de escrever do meu avô, não é xerox. Ele compunha as poesias conforme os assuntos viam na cabeça dele. Eu tenho algumas, como “Velha carreta”, “Índio vago”, “Viola quebrada”, “Cigarro crioulo” e “O poncho”. “Índio vago” e “O poncho” são fora de série.

E as novas gerações?

Alguns bisnetos do João Batista de Melo também declamam. Eles estão começando, têm entre 20 anos e 30 anos.

Em que período foram escritas essas poesias? E elas permanecem atuais?

Isso deve ter sido escrito entre as décadas de 1930 e 1950. Uma das poesias diz: “Na alma do rio-grandense, essa ideia sempre medra. Ela é como um arbusto que encontrou água na pedra”. É algo que vem da raiz, vem das origens.

Quais são as diferenças entre declamar, dizer e ler um poema?

Quando declamo, as poesias vêm do coração. Quando se lê, é um pouco diferente. Quando se declama, põe a alma. Quando você lê o cérebro está dirigido para outra coisa. A declamação vem de dentro, não precisa dos olhos. Essa é a grande diferença entre declamar e ler.

Quando você declama, fecha os olhos. Por quê?

É a alma. Vem de dentro. Eu fecho os olhos para me conectar com a minha alma.

Além das poesias, você coleciona outras coisas?

Pelo que eu sei, eu sou o único brasileiro que tem um carro original de fábrica com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Não existe outro. Eu tenho uma caminhonete vermelha, amarela e verde. É uma Cherokee Orvis Edition, uma edição especial de 1995. Não existe outro carro de fábrica com as cores da bandeira do estado.

A caminhonete tem condições de uso?

Sim, está novo! Mas eu deixo ela estacionada em baixo do Alvorada Center, coberta por uma capa.

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