A Polícia Civil estima que o lucro alcançado pela quadrilha de traficantes desarticulada nesta semana tenha chegado a R$ 1 bilhão. Conforme as investigações do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc), pequenos aviões eram usados para trazer cocaína do Paraguai e, entre os destinos do grupo, estava o Aeródromo de Estrela.
A droga era carregada em fazendas, na fronteira com o Paraná, e encaminhada para o interior do estado. Segundo o delegado da 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN), Fernando Matzenbacher Siqueira, o tempo de atuação do grupo foi de pelo menos um ano, podendo chegar a três anos. “Eles movimentavam cerca de R$ 30 milhões por mês”, salienta.
A facção permaneceu por cerca de 30 dias atuando no município de Estrela, por isso, podem ter passado R$ 30 milhões em drogas pelo aeródromo do Vale do Taquari.
“Investigação difícil”
Na manhã desta sexta-feira, 17, em entrevista ao programa “Frente e Verso”, da Rádio A Hora 102.9, o diretor do Denarc, Vladimir Peukert Urach, afirmou que a investigação que levou à desarticulação do esquema acontecia desde o início do ano.
Com o uso de aviões de pequeno porte, por meio de voos clandestinos e pequenas pistas de pouso, os traficantes traziam a droga para o estado. “É importante salientar que os administradores dos aeródromos não tinham conhecimento sobre o que acontecia.”
O diretor esclarece que, muitas vezes, a facção era expulsa dos hangares e aeródromos, já que os responsáveis pelo local notavam algo estranho nas atividades do grupo. “Isso aconteceu no aeródromo de Estrela, inclusive.”
Depois de descobrir o uso de aeronaves, a polícia conseguiu rastrear alguns prefixos dos aviões utilizados e, depois de constante troca de informações, chegou até o aeródromo de Estrela, que foi o último local usado pelos criminosos.
Os locais e aviões eram locados ou comprados em nome de laranjas, para enganar os administradores dos aeródromos e a polícia. “Essas pessoas não tinham habilitação e nem dinheiro para a compra das aeronaves”, diz Urach.
Voos baixos
Delegado responsável pela investigação, Siqueira explica que os aviões voavam baixo, para que não fossem captados pelos radares e interceptados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
“São aeronaves de pequeno porte que ficam imperceptíveis aos olhos, por isso a população também não percebia a movimentação”, comenta.
Pelo menos seis pessoas foram identificadas pela participação no esquema que acontecia em Estrela. Conforme Siqueira, porém, elas não são da região. Nenhuma pessoa do Vale do Taquari foi utilizada como laranja.
A investigação terá continuidade e conta com o apoio da Polícia Civil de Lajeado e Estrela. A Polícia Federal também terá participação, e apurará as informações sobre as pistas clandestinas nas fazendas do Paraguai.