Produtores retomam feira de agroecológicos na Univates

A partir da quinta-feira

Produtores retomam feira de agroecológicos na Univates

Espaço valoriza a venda de produtos orgânicos e cultivados a partir de um modelo de uso sustentável dos recursos naturais

Produtores retomam feira de agroecológicos na Univates
Feira na Univates retorna com a periodicidade semanal e exclusiva para produtos agroecológicos (Foto: Divulgação)
Lajeado

Agricultores agroecologistas de Arroio do Meio, Santa Clara do Sul, Forquetinha e Cruzeiro do Sul retomam nesta quinta-feira, 16, a venda de produtos no campus da Univates, em Lajeado. A feira entre os prédios 3 e 7, terá seu retorno diante da adoção de protocolos de segurança. Desde o início da pandemia as atividades estavam suspensas.

O espaço reúne cinco produtores que ofertam produtos livres de agrotóxicos e cultivados sob um modelo de propriedade sustentável. Entre os itens à venda, hortaliças da época, derivados de cana-de-açúcar, microverdes e outras variedades orgânicas.
Além da Univates, a feira tem o apoio da Emater/RS-Ascar e da Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT). Em paralelo, os agricultores agroecologistas mantêm comercialização semanal, nas segundas-feiras, das 15h30min às 18h30min, na praça João Zart Sobrinho (Praça do Papai Noel).

“O objetivo desses espaços é o de ofertar produtos que não utilizam adubos químicos, agrotóxicos ou outros aditivos em suas etapas”, salienta a extensionista da Emater/RS-Ascar Andréia Binz Tonin. Ela ressalta como fundamentos da agroecologia a preservação da natureza, da sustentabilidade, da qualidade de vida e da promoção da saúde.

Conforme Tonin, o modelo de cultivo vai além de não utilizar produtos químicos. “É uma atividade que envolve relações de ética entre produtor e consumidor. A produção maneja os recursos naturais e respeita a vida, através de ações para o equilíbrio dos agroecossistemas”, observa a técnica da Emater.

Participam da feira na Univates os coletivos Forqueta, Defensores da Natureza, Orgânicos do Vale e Orgânicos Santa Clara. Todos os produtos orgânicos são locais, de origem conhecida e qualidade comprovada por Organismos de Avaliação de Conformidade (OAC).

Microverdes

O produtor Tiago Pretto Belin, de Forquetinha, começou a vender na feira em 2019. Ele buscou qualificação em outros estados sobre sistemas agroflorestais e quando retornou começou produzindo verduras, com especialização em microverdes.

“Essas plantas, ainda em estágio jovem, chegam a ter 40% a mais de nutrientes, comparado a fase final de desenvolvimento. A inclusão do produto na feira regional ampliou oportunidades”, aponta Belin, que destaca o incremento do cultivo de morangos.

Na propriedade, concilia a horta e a atividade de preservação ambiental, com árvores nativas e frutíferas. “Já vendo na feira da Praça do Papai Noel e nas sextas-feiras atendo clientes fixos, além de entregar cestas através de programa CSA Lajeado”, explica o produtor.

“A agroecologia proporciona esse contato direto com o consumidor, onde ele pode saber mais sobre os alimentos que está comprando e consumindo, além do preço mais competitivo por não ter atravessadores na negociação”, reitera Belin.

Entrevista

“A agroecologia é um modelo mais saudável e sustentável”

Marlon Dalmoro • professor do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Univates

• A Hora: O que são produtos agroecológicos e qual sua importância?
Marlon Dalmoro: A agroecologia se distingue por ser uma sistema mais sustentável e saudável. É mais do que a produção de orgânicos, é uma filosofia, uma forma diferente de enxergar a produção de alimentos. São cadeias curtas de distribuição, com venda direta e sem intermediários entre produtor e consumidor. De modo geral, é um modelo de negócio mais sustentável. O consumidor conhece a origem do produto.

• Quais são as possibilidades de produção no Vale?
Dalmoro: Percebemos um número crescente de produtores interessados na agroecologia. Temos bons exemplos em Santa Clara do Sul e Encantado, agricultores que conseguiram converter o modelo convencional para o sustentável. A partir da consciência ambiental e da preocupação com a qualidade de vida as alternativas surgem. Há também uma maior procura por produtos saudáveis, o que se torna uma boa alternativa de renda.

• O que representa a retomada da feira na Univates?
Dalmoro: É um espaço consolidado, prestes a completar quatro anos desde a primeira edição. Houve essa suspensão de atividades por conta das restrições de circulação de pessoas no campus em decorrência da pandemia. Foi a primeira feira regional exclusiva com produtos agroecológicos, onde somente produtores certificados ou em processo de certificação participam. Depois da abertura desta feira, surgiram outros espaços, é o caso da venda na Praça do Papai Noel.

• Qual a importância destes espaços para a agricultura?
Dalmoro: As feiras, no caso da agroecologia, não são exclusivas para venda, mas é feito um trabalho de conscientização sobre o consumo de alimentos saudáveis. O público com hábitos urbanos tem a oportunidade de conversar com o produtor, trocar ideias e construir novas concepções.

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