Lá no distante mês de novembro de 2019 escrevi para esta coluna tratando do país do futuro. A partir da letra da música da banda Camisa de Vênus, questionava se o Brasil seria realmente este país. Considerando as manifestações do último dia Sete de Setembro, a dúvida permanece.
Revisitando o texto lembrei de outras músicas: Brasil do Cazuza; Que país é este do Legião Urbana; Livre do Biquíni Cavadão e outras. Pensando no nosso país me parece que ainda temos “sujeira pra todo lado, ninguém respeita a Constituição; mas todos acreditam no futuro da nação”. Embora todos digamos que empreendemos nossas ações em prol da democracia, me parece que essa está seriamente ameaçada. O desrespeito impera na verborragia dos nossos “líderes”. “Brasil mostra a tua cara; quero ver quem paga pra gente ficar assim”.
Quem paga nós sabemos: a sociedade, principalmente os integrantes das classes menos favorecidas que ainda acreditam que “a Justiça tarda mas não falha? Que se eu não for um bom menino, Deus vai castigar” e, neste contexto, simplesmente abaixa a cabeça e trabalha (quando não está desempregado, é claro) e está convencida a “pagar sem ver, toda essa droga, que já vem malhada, antes d’eu nascer”. Então “Brasil! Qual é o teu negócio?”
Tratar dos interesses, por vezes espúrios de alguns indivíduos ou buscar um nível de desenvolvimento que permita mitigar as desigualdades homéricas que presenciamos dentro dos diferentes espaços do nosso vasto território? “Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão, quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão”. É nisto que acreditamos? Quando teremos a condição de saber que país é este?
O que faremos para “falar em verdades tão veladas, em mentiras descaradas”, quando poderemos ser Livres “pra pensar e pra poder dizer”, pois me parece que o motivo da comemoração ainda não se concretizou: não somos independentes, no entanto “o que nós precisamos” é ir “pra rua mostrar, o desejo de mudar, vou usar a minha voz que não sabia mais gritar” … “temos tanto pra sonhar, pra viver, entre nós não há mais tempo pra se perder”.
Independência? Brasil, que país é este?