A crise hídrica no país ganha proporções preocupantes e aciona alerta no setor energético brasileiro. Governo federal pede a redução de consumo por parte da população e anuncia incentivos para indústrias que conseguirem poupar.
Vinte anos após o último apagão em escala nacional, a iminência de um novo episódio de falta de energia é real. Do apagão de 2001 até agora, o país avançou na geração. Aumentou em 108% as linhas de transmissão e adotou projetos alternativos, com produção por meio do sistema eólico, solar e de biomassa.
Ainda assim, nem todo o potencial ainda foi explorado e, mais uma vez, a sociedade se vê diante do risco de racionamento. Algumas barreiras, por vezes ideológicas, criaram entraves para a instalação de hidrelétricas. O modelo que usa a força da água para produzir energia é a fortaleza do sistema nacional, mas não pode estar sozinha.
No ano do apagão, as hidrelétricas representavam 82% de toda energia gerada no país. Hoje, esse percentual está em 62%. O país avançou, criou alternativas. Ainda assim, está no uso dessa força da natureza a forma mais sustentável e autônoma para garantir o atendimento das necessidades, seja para o avanço da produção de riquezas ou para o consumo das famílias. Diferente da energia eólica e solar, que dependem de recursos impossíveis de se armazenar.
Neste contexto, entre as brigas ambientais e a instalação de novos projetos hidrelétricos, é preciso encontrar um meio termo. O controle do impacto na natureza deve ser acompanhado por regras claras e por diagnósticos efetivos dos riscos.
O apagão nos próximos meses parece inevitável. O país precisa se debruçar agora sobre um planejamento eficiente de médio e longo prazo acerca de sua política energética. Eletricidade é insumo básico à vida moderna, à economia e ao bem-estar. Planejar o futuro e garantir o necessário para atender as demandas da sociedade deve constar entre as áreas prioritárias a qualquer governo.