“Voluntariado é movimento constante”

ABRE ASPAS

“Voluntariado é movimento constante”

A lajeadense Larissa Nonnenmacher, 36, aprendeu a dividir a vida entre a família, a empresa e o trabalho voluntário. Ela teve contato com projetos sociais na adolescência, e hoje é a primeira presidente da recém formada Associação Marines. A organização reúne diferentes movimentos para atender moradores de todas as idades no bairro Santo Antônio

“Voluntariado é movimento constante”
Foto: Arquivo Pessoal
Vale do Taquari

Como começou a tua relação com o voluntariado?

Minha primeira experiência foi no Ensino Médio, quando fizemos um trabalho voluntário em uma escola de Educação Infantil no Morro 25. Depois, na outra escola onde estudei, também tivemos uma ação no Santo Antônio, e ali as pessoas não tinham saneamento, banheiro ou sequer piso no chão das casas. Isso me impressionou muito. Ainda tenho memórias muito nítidas daquele momento.

De que forma consegue conciliar tua profissão com o trabalho voluntário?

Fui professora por cerca de 15 anos e, hoje, ao lado do meu companheiro, sou empreendedora, além de estudante, mãe de adolescente, filha e dinda. A principal demanda é a do trabalho que gera minha renda. Contudo, consigo administrar algumas horas de uma manhã ou tarde da semana para me dedicar às necessidades da Associação Marines. Meio dia, noitinhas e finais de semana previamente definidos também são de trabalho voluntário. Hoje, contamos com uma equipe cada vez mais comprometida e a divisão das tarefas é muito importante para não sobrecarregar ninguém e mantermos a motivação.

Fale um pouco sobre a Associação Marinês e como te tornou presidente?

Ao sentirmos a necessidade de ampliar as ações do projeto Move Mães, demos vida à associação, que vem como forma de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) para contemplar mais movimentos. Em assembleia e com voto das fundadoras, me tornei a primeira e atual presidente da Associação Marines, nome que homenageia nossa principal entusiasta, líder comunitária que há cerca de um ano faleceu, mas ainda nos impulsiona a consagrar seu legado. Hoje, eu sou a presidente, mas o plano é habilitar potenciais líderes que são atendidas pela associação para que elas protagonizem a cena.

O que o voluntariado trouxe para a tua vida nesse tempo?

O principal ganho que o voluntariado me reforça constantemente é que as pessoas são fenomenais. Sempre tem alguém disposto a ajudar de alguma forma. Pessoas inspiradoras que apesar das adversidades seguem dividindo para multiplicar.

Acha que o voluntariado é uma troca?

Voluntariado é movimento constante. Na mesma proporção que nossa ajuda impacta diretamente na vida de quem acolhemos o muito obrigado sincero que recebemos impulsiona. A cada novo emprego, a cada menina que opta pelo contraceptivo e reflete sobre planejamento familiar, a cada criança que se alimenta, que pratica atividade física, que recebe um item que traz mais dignidade para sua vida, sinto que mais pessoas podem se beneficiar. Cerca de 300 famílias hoje têm a associação como referência, e se conseguirmos trazer autonomia para a realidade de 50, 10 ou uma única família, nosso ganho é imensurável. Nossos sonhos são grandes. Como projeto pessoal, por meio da associação, tenho a pretensão de trabalhar com sobreviventes de abusos sexuais na infância.

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