O número de produtores vinculados às indústrias reduziu 34,1% nos últimos anos, aponta estudo da Emater/RS-Ascar. Esses dados se referem aos 55 municípios dos vales do Taquari e Caí, e consolida uma tendência já identificada em outras edições do levantamento.
A pesquisa feita em 2015 mostrava um cenário com 6.983 produtores, agora são 4.599. A variação negativa em maior percentual está entre os que produzem até 50 litros/dia. De acordo com o estudo, houve uma necessidade de ampliar a escala de produção ou desistir da atividade.
Mesmo com a redução na quantidade de criadores, o setor apresenta evolução e aumento de produtividade por conta de investimentos em genética, tecnologia e manejo. Conforme análise do assistente técnico regional Martin Schmachtenberg, o plantel por propriedade e rendimento por vaca aumentaram, o que estabiliza a quantidade de leite produzido na região e no estado.
A instabilidade no preço do leite também foi fator determinante para muitos produtores deixarem a atividade. De acordo com o técnico da Emater, em muitos casos a margem entre custo de produção e rentabilidade se tornou muito pequena. “O setor integrado de aves e suínos, além do ramo de bovinos de corte e o cultivo de grãos, para alguns, foi a melhor opção encontrada”, avalia Schmachtenberg.
Ainda conforme análise do assistente técnico, tornou-se importante investir na nutrição animal a fim de ampliar o rendimento e obter melhor valorização. Em média, quem produz mais agrega R$ 0,15 por litro de leite.
Produção eficiente
O município da região com maior produção de leite é Estrela. Conforme dados da Emater, o volume chega a 42 milhões de litros ao ano. Mesmo com a redução do número de produtores, de 452 para 290 em seis anos, os criadores ampliaram o plantel e obtiveram ganhos em produtividade.
“Ter uma gestão eficiente é fundamental para o desempenho na propriedade. Esse é o cenário construído nos últimos anos em Estrela. A quantidade de trabalhadores do setor reduziu e a produção está mais concentrada”, observa o médico veterinário e extensionista rural Tiago Conrad.
Para auxiliar o setor, a Emater contribui na orientação sobre a dieta, rentabilidade das pastagens e manejo adequado. “Incentivamos para que o produtor tenha uma silagem de qualidade que no fim das contas se torna mais barata do que feito de qualquer forma”, observa o técnico.
Sobre a pesquisa
Os dados estaduais foram obtidos no período de 27 de junho a 20 de julho de 2021, por mais de 2,5 mil técnicos dos 497 escritórios municipais da Emater/RS-Ascar e dos 12 escritórios regionais da instituição, em parceria com prefeituras, inspetorias de Defesa Agropecuária, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, conselhos municipais de agricultura, associações e grupos de produtores e indústrias, agroindústrias, cooperativas e empresas de laticínios.
