No vermelho, ONGs buscam saídas para manter trabalho

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No vermelho, ONGs buscam saídas para manter trabalho

Rações mais caras, queda nas doações e aumento no abandono de animais dificultam trabalho de entidades na região. Dívidas se aproximam dos R$ 100 mil. Ações solidárias são opções para arrecadar fundos

No vermelho, ONGs buscam saídas para manter trabalho
Na Apama, resgate de animais cresceu em 2021. Foto: Divulgação
Vale do Taquari

Aumento no custo das rações, abandono crescente de animais nas ruas, maior procura por atendimento veterinário e queda nas doações de pessoas físicas e jurídicas. Estes quatro fatores, unidos à crise decorrente da pandemia, dificultam existência das ONGs ligadas à causa animal no Vale do Taquari. Endividadas, buscam saídas para amenizar a situação.

Ao todo, a dívida acumulada das principais ONGs da região se aproxima dos R$ 100 mil. Os débitos são originados principalmente dos atendimentos em clínicas veterinárias a animais feridos ou doentes. Só a Associação Estrelense de Proteção aos Animais (AEPA) deve em torno de R$ 60 mil para veterinários da região.

“É um valor muito alto e não conseguimos nunca sair do buraco. Pedimos ajuda e até recebemos, mas é pouco que a gente recebe, sobretudo pela quantidade de animais resgatados e para manter uma ONG do tamanho da nossa”, constata a vice-presidente da AEPA, Fernanda Azevedo. A entidade atende cerca de 150 cães e gatos no município.

Situação parecida em Lajeado. A Amando, Protegendo e Ajudando Muitos Animais (Apama) também têm uma dívida crescente, agravada pela pandemia. São cerca de R$ 20 mil que a entidade deve em atendimentos veterinários. E o que entra mensalmente, segundo a voluntária Leanna Azambuja, não chega nem para custear as rações.

“As pessoas não vem contribuindo com tanta frequência. Acredito que elas estão com mais medo do que pode acontecer, sem saber quando a pandemia vai acabar. Elas pararam de contribuir por questões financeiras mesmo”, acredita.

Entidades convivem com lotação de canis e dificuldades para quitar dívidas. Foto: Mateus Souza

“Aumenta todo mês”

Outra dificuldade enfrentada por ONGs é quanto ao preço das rações para cães e gatos. Desde o fim de 2020, são aumentos sucessivos, que também atrapalham as entidades. “O que antes pagávamos em torno de R$ 90, agora está R$ 130. Gastamos em torno de R$ 9 mil por mês com a alimentação. E alimentar todos eles não é fácil”, observa Fernanda.

Leanna lembra que, por muito tempo, as distribuidoras seguraram o preço das rações premium e super premium, as mais adquiridas por ONGs.. “Mas de janeiro para cá, aumenta todo mês, praticamente. Aqui prezamos por uma alimentação de qualidade, pois não adianta dar ração ruim para os cães. Queremos melhorar a qualidade de vida deles”, cita.

Presidente da Associação Protetora dos Animais de Teutônia (Apante), Sirlei Dummel lembra que, somente em agosto, foram gastos R$ 5 mil com ração para os animais. “Nos preocupa muito, pois são aumentos significativos. É difícil de manter assim”, comenta.

Sem dívidas

A Apante, diferente de outras ONGs da região, não dispõe de um canil. Todos os animais resgatados são levados para lares temporários, de pessoas voluntárias. Sirlei assumiu a entidade no ano passado e busca mantê-la em dia. Apesar das dificuldades, tem conseguido.

A forma de manter a Apante sem dívidas, conforme Sirlei, é promover atividades todos os meses, com arrecadação de fundos. “Para não estar no vermelho, trabalhamos de forma intensa e até cansativa. Já pegamos a Apante no vermelho e foi difícil de tirá-la. E, se voltar, fica difícil manter depois”, ressalta.

Ações para encarar a crise

Na Apama, de acordo com Leanna, algumas saídas para quitar os débitos são os brechós e os pedágios solidários. “São atividades boas, com movimento e que rende um valor importante para nós. E, em breve, vamos organizar o calendário 2022 da Apama”, explica.

Além disso, a entidade também tem a coleta de itens recicláveis, sobretudo para as pessoas que não tem condições de contribuir com dinheiro ajudar a Apama. “Aceitamos latinha, tampinha papelão, papel, garrafa pet, tubos plásticos, ferro velho”, comenta Leanna. Semana que vem, haverá uma coleta de vidro

Já a AEPA projeta, para outubro, o cachorro quente solidário. A retirada ocorrerá no dia 23, na sede da Igreja Missionária de Evangelização em Células, das 10h às 16h. O valor da ficha custa R$ 15. “Além de comer um lanche bem saboroso, as pessoas poderão nos ajudar a continuar o trabalho em prol dos animais”, comenta Fernanda.

Na Associação Arroio-meense de Proteção Animal (Apaam), a voluntária Solange Beneduzi projeta a organização de uma rifa para ajudar a quitar dívidas. “Em agosto, vendemos bolos para arrecadar fundos. Estamos numa situação bem difícil”, salienta.

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