O Estado lançou ontem mais uma edição da Consulta Popular. Em novo formato, busca ampliar a interação social por meio das plataformas digitais e com um recurso 50% maior em relação ao ano passado. Trata-se de uma ferramenta importante da democracia e da participação cidadã.
Instituído em 1998, o processo parte do princípio de ampliar a contribuição das pessoas na escolha das políticas públicas essenciais para determinada região. Uma tentativa de formar mais líderes locais e implantar o hábito de pensar sobre as necessidades da comunidade.
Uma iniciativa louvável, mas que perdeu força nos últimos anos, diante da redução de verba e do baixo grau de implementação daquilo que é apontado pelas comunidades. O Estado solicita apoio dos eleitores e vende a imagem da população como protagonista frente às prioridades locais, mas costuma esbarrar em dificuldades orçamentárias e burocráticas para atender as promessas.
Ainda assim, incentivar a participação das pessoas é fundamental, em especial pelo momento de incertezas pelo qual passa a democracia no país. As escolhas da comunidade precisam ser ouvidas, anotadas e resolvidas. Proporcionar mecanismos para envolver a sociedade nas decisões governamentais é, sobretudo, estimular a cidadania.
É necessário a população avançar na concepção de que a política é o meio para transformações importantes que a nação precisa. Contudo, problemas crônicos como a ineficiência, descaso e escândalos de corrupção corroboram para um ambiente de negação à política, o que gera desconfiança e rejeição generalizada, o que é nocivo para o ambiente democrático.
A omissão do poder público também interfere na relação das pessoas com a política. Desestimula e leva à contrariedade. Disso, crescem as máximas: “governo nenhum presta, todos os políticos são corruptos e meu voto não faz diferença”. Esse distanciamento apenas favorece os oportunistas.
O verdadeiro antídoto a essa negação perigosa é o empoderamento do eleitor no que diz respeito à política. Cada vez mais, o cidadão precisa se sentir protagonista no processo democrático.