A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mantém projeção de avanço populacional para a região. Publicado nessa sexta-feira, o estudo mostra que são 368.453 habitantes, 0,64% a mais comparado a 2020. Esse percentual é maior em relação à média do RS, com aumento da população estimado em 0,38%.
Dentre os 36 municípios do Vale do Taquari, 19 aparecem com aumento populacional. O destaque fica por conta de Fazenda Vilanova, Teutônia, Lajeado e Santa Clara do Sul. Por outro lado, 17 cidades tiveram redução no percentual. Entre eles: Sério, Pouso Novo e Vespasiano Corrêa.
No comparativo com o Censo 2010, o Vale registra aumento populacional de 10,94%, passando de 332.118 para 368.453 habitantes. Neste cenário, 24 municípios têm uma crescente no número de moradores.
“Os dados desta estimativa não levam em conta os movimentos migratórios dos últimos anos, bem como os efeitos da pandemia, fatos estes somente virão à tona com o Censo 2022”, explica o coordenador do IBGE de Lajeado, Paulo Ricardo Hamester.
Programas de incentivo
As políticas de investimento na agricultura familiar e setor industrial são considerados fatores que elevam a projeção de população para Fazenda Vilanova. Conforme dados do IBGE, a população passou de 4.608 para 4.680 (+1,56%).
O prefeito Amarildo Luis da Silva, ressalta que a localização geográfica também é um aspecto positivo para o município. “Estamos distantes cerca de 90 quilômetros da capital, 100 quilômetros de Caxias do Sul e próximos de outras regiões estratégicas, como o Vale do Rio Pardo”, observa.
Silva projeta um aumento de arrecadação em 5% nos próximos anos. “Nossos programas de incentivo atraem novos investidores e favorecem o produtor rural a permanecer na propriedade e ampliar a produção”, revela.
Fluxo migratório
Conforme dados da economista Fernanda Sindelar, o Vale tem cerca de 1,5 mil trabalhadores oriundos de outros países, principalmente do Haiti. A imigração ganhou força em 2012, ampliando o número de moradores estrangeiros na região.
“Eles normalmente ocupam postos de trabalho no setor da alimentação e construção civil. Alguns integrantes da família vêm junto e fixam residência por aqui”, comenta Sindelar. No entanto, esse cenário deve mudar, é o que projeta o economista.
A desvalorização do dólar frente ao real faz muitos estrangeiros deixarem o Brasil. “As fronteiras fechadas durante o último ano já barraram o acesso de novos imigrantes. Agora está difícil deles se manterem na região”, avalia.
Oportunidades
A BR-386, os investimentos em turismo e a indústria de alimentos são fatores que contribuem para manter as projeções de crescimento populacional do Vale, aponta Sindelar.
“Teutônia, por exemplo, sempre atraiu muitos trabalhadores do norte e noroeste do RS. Nossa localização é estratégica e a BR-386 é importante nesse processo logístico das indústrias”, reitera a economista.
Na área do turismo, os novos roteiros e investimentos, a exemplo de Encantado e Santa Clara do Sul, ampliam o potencial econômico e o interesse pelo Vale do Taquari.
Pequenos municípios
A estimativa do IBGE mostra que pequenos municípios, em geral com menos de 5 mil habitantes, são os que mais perdem residentes. Sério, por exemplo, passou de 2.281 para 1.889 habitantes, em onze anos.
“Essas cidades enfrentam dificuldades de reter a população, principalmente os jovens, que saem em busca de oportunidades nos centros maiores”, observa Sindelar.
Segundo ela, localidades com características essencialmente agrícolas têm um grande desafio. “Ou o produtor rural investe para melhorar o rendimento, ou abandona a propriedade e vai para o meio urbano”, avalia.
Já os municípios com uma economia mais diversificada acabam atraindo essa população de cidades menores. “Toda essa faixa central do Vale, que vai de Lajeado a Encantado e, de Teutônia a Arroio do Meio, atraem maior interesse das pessoas de fora”, observa a economista.
Emprego e renda
Sem uma perspectiva de emprego e renda, Francini Aroldi, 20, mudou-se para Lajeado faz sete meses. “Sério é um bom lugar para morar, mas não tem oportunidades. Fica tudo muito restrito à prefeitura”, conta.
O prefeito Sidnei Moisés de Freitas reconhece a falta de oportunidades para incentivar a permanência dos jovens no município. “Não temos grandes alternativas de renda na cidade e por isso vão embora.”
De acordo com Freitas, reverter esse cenário é difícil. “É um processo demorado. Precisamos reestruturar todo o município de Sério, buscar os atrativos que faltam.” A aposta está na produção integrada de aves e suínos, além de iniciativas no turismo.