Mais do que bens, amor

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Mais do que bens, amor

No dia nacional do voluntariado, resolvi falar sobre o Zequinha, que conheci faz dois anos em uma visita à uma casa de acolhida de crianças no município. Do jeito dele, Zequinha é um menino alegre. Ele gosta de conversar e tem sempre uma pergunta na ponta da língua.

Zequinha passou por momentos difíceis no ambiente familiar. Coisas que ele não conta e a gente não costuma perguntar. Mas aos fins de semana, quando a noite chega, ele vai para o banho e escolhe uma roupa boa para ir à Igreja agradecer.

Zequinha precisa de muito, mas não pede nada. Diz que está tudo bem e pergunta se podemos ficar um pouco mais na casa lar. Ele quer compaqnhia e o pedido parece genuíno, como Zequinho também o é.

O menino divide a casa com a pequena Alice e a irmã mais velha, a Titi. Inseparáveis, a mais velha faz penteados na mais nova. E a mais nova se espelha na mais velha.

Vez ou outra, as crianças do lar nos puxavam para o canto para contar um “segredo”. Algumas confissões eram da família. Outras sobre a escola e tantos planos para o futuro. Muitas delas não enxergavam tão à frente. Mas talvez não viam limite algum.

Quando voltei ao abrigo este ano, o Zequinha continuava lá, mas a vida dele mudou. Hoje, ele trabalha na ponta de caixa de um mercado, mas volta todos dias para a casa lar. Ele nos recebe com um abraço e diz estar agradecido pela visita.

O Zequinha está aí, feliz e com emprego, porque mesmo sem uma base sólida na família, muitas pessoas, de forma sincera e voluntária, acreditaram nele. Deram um lar, alimento, roupas e, acima de tudo, incentivo.

A Alice e a Titi não vieram me receber naquele dia. Torci para que estivessem na escola, bem crescidas e com saúde. Elas, assim como Zequinha, me mostraram que a solidariedade nem sempre vem com bens materiais. Eles querem de nós, apenas o que podemos dar, e isso já muito.

Às vezes, essa solidariedade está na doação do tempo, de um colo e um abraço. Aí está a beleza de ser voluntário. Ele não tem tempo, nem lugar. Mas dedica amor e cuidado a pessoas ou causas que vão salvar a vida de outros Zequinha, Alices e Titis por aí. (Os nomes são fictícios).

Boa leitura!

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