Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, é uma boa leitura, inclusive para os agnósticos ateístas. Traça – a par da ação divina na criação de todas as coisas, inclusive do homem e da mulher – uma ideia histórica e geográfica da origem e do desenho do mundo contemporâneo.
Seu capítulo 12 valida esta assertiva. Trata da aliança de Deus com Abraão, dando-lhe a posse sobre Canaã, a “terra prometida” e garantindo que dele faria numerosa descendência, “incontável como o pó da terra”.
O que estimula minha imaginação é a descrição da extensão de Canaã, para abrigar numerosa população, que poderia se bastar desta maravilhosa região. Minha linha imaginativa complementa a ideia da maravilha que deveria ser Canaã, na passagem do Capítulo 6 de Deuteronômio – que trata da fuga de Israel do Egito – na promessa de que voltariam a Canaã, a “terra que mana leite e mel”. Esta, a citação angular para mim. Uma região extensa que mana leite e mel – quer dizer, fartura – ideal para abrigar uma população e sua descendência.
Há uns 17 anos vi, pela primeira vez, foto do Vale do Taquari feita a partir do Morro Gaúcho, em Arroio do Meio. Lá embaixo o rio Taquari serpeava uma vasta região de várzeas, quadriculadas por diferentes culturas agropecuárias, entremeadas por núcleos urbanos. Fui até o ponto em que a foto fora feita, ficando maravilhado: possivelmente tal qual Abraão o fizera, olhei para o Norte, para o Sul, o Leste e o Oeste e, tudo aquilo, onde o olhar alcançasse, era o Vale do Taquari, nossa Canaã.
Imaginei qual força dirigiu nossos ancestrais Rio Grande adentro, a partir do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, meados do Século XIX, apontando a proa das embarcações para estas paragens. De como, posteriormente, a mesma força direcionou pessoas de diversas outras raças para cá, formando e miscigenando etnias, até formar uma nova: o “povo do Vale do Taquari”. Por certo repetiu-se aqui o fenômeno de seis mil anos atrás – com Abraão e Moisés – fazendo-nos, também, herdeiros de uma terra onde mana leite e mel.
Há duas semanas, em reunião de trabalho no Gabinete do Chefe da Casa Civil do Estado, onde, por duas hora e meia, desde o início da noite, tentamos trazer o Projeto do Governo do Estado, das concessões de rodovias, o mais próximo possível das nossas necessidades, foi muito bom ouvir, do Deputado Federal articulador do encontro, ao abri-lo, dizer: “Secretário, esta a comitiva do Vale do Taquari, a região que resolve seus problemas por si, sem demandar gratuitamente o Poder Público”. E assim vem sendo por gerações.
Há três meses, comitiva regional buscou em Brasília solução para um problema grave: o custo dos insumos para as agroindústrias integradoras de frango e suínos. Tal qual outras, lideradas por Prefeitos, concretizando diferentes projetos. Nesta semana, comitiva daqui rumou para lá, buscando apoio para projetos estruturantes, beneficiando todas as microrregiões do Vale, numa visão uníssona, olhando os próximos trinta anos, valendo-se dos valores construídos por milhares de anônimos que nos antecederam, aqui viveram e morreram. Turismo, logística, capacitação de mão obra – principalmente dos jovens novéis no mercado de trabalho – foram os principais temas tratados pela comitiva, com excelentes perspectivas.
As autoridades que não conhecem nossa Região querem nos visitar, incrédulos por existir uma Canaã brasileira, aqui, junto ao Rio Taquari e seus afluentes.
Maravilhoso isto, para nós e nossa descendência que também será “numerosa como o pó da terra”, tal qual a promessa a Abraão. Desde que continuemos provendo, numa visão de futuro, uníssona, infinita e visionária, o progresso e o bem-estar constantes e para todos.