Os indicadores empregatícios têm mais um mês de resultado positivo. Em junho, a partir do cálculo de 38 cidades do Vale do Taquari, foram criados 660 vagas de trabalho formal. Foi o quarto mês seguido de resultado no azul. No primeiro semestre deste ano, março foi o único com saldo negativo.
Os dados foram apresentados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A análise apresentou revisões nos números de meses anteriores. Os ajustes verificam afastamentos por motivos como licença saúde, suspensão de contrato, avisos prévios concedidos e retirados.
No geral, quando se olha para o primeiro semestre, de janeiro até julho, o Vale contabiliza 3.732 vagas de trabalho criadas. De junho do ano passado até o mês passado, esse total positivo supera os 6,5 mil.
“Agora temos sinais da retomada econômica mais consistentes”, avalia a economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar. De acordo com ela, os quatro meses consecutivos de saldo positivo indicam mais otimismo dos setores produtivos. “Março foi o ponto fora da curva. Havia muito temor com o futuro da pandemia. Inclusive foi um período de volta das restrições, com comércio fechado, limitações na circulação das pessoas. Parece que isso ficou para trás”, frisa.
O movimento com relação aos empregos formais, diz Fernanda, tem como característica o aumento na produção industrial e a consequente abertura de postos de trabalho. Em um segundo momento, com mais renda, as famílias gastam no comércio e nos serviços. Com o aumento desta demanda, os setores se encorajam para ampliar as equipes, detalha a economista.
Ainda assim, existe a incógnita da inflação. Diante da redução no poder de compra das famílias, a menor movimentação em termos de consumo pode interferir sobre os setores produtivos.
“O Vale sofreu menos que outras regiões”
A dinâmica econômica regional, com destaque para a indústria alimentícia, fizeram com que a queda na empregabilidade fosse menor no Vale do que em outras localidades gaúchas. É o que afirma a economista Fernanda Sindelar.
Como as restrições são flexibilizadas, inclusive nos setores de entretenimento, lazer e turismo, a tendência também é de uma gradual melhora nas condições destas áreas, acredita. “Lentamente, recuperamos o índice de crescimento. No geral, quando olhamos ao acumulado, fica claro: o Vale sofreu menos que outras regiões”, resume.
Frente à estimativa geral da população nos 38 municípios, chega-se a algo próximo dos 380 mil habitantes. Deste total, cerca de 100 mil estão no mercado de trabalho formal. Pela observação da economista, o saldo positivo acima dos 3 mil postos de trabalho em 2021 representam quase 4% do total de trabalhadores.
Informalidade
As informações do Caged ficam restritas ao mercado formal, pelo cálculo das carteiras de trabalho. Sem observar, por exemplo, a taxa de desemprego. Esse indicador fica a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, feita nas capitais e Regiões Metropolitanas, a taxa de desocupação se aproxima dos 15%. Corresponde a 14,8 milhões de pessoas em busca de trabalho.
Junto com isso, uma das principais preocupações do país é quanto a informalidade, próxima dos 40% da população economicamente ativa. “Não temos um recorte destes números para o Vale do Taquari. Mas temos indicativos. Se um terço dos habitantes estão no trabalho formal, onde estão os outros dois terços?”, indaga Fernanda, que complementa: “uma parte são jovens, crianças e aposentados. Mas não são o todo. Então, podemos pensar que nossa informalidade também está próxima deste percentual do país”.