Sessão tensa define novo brasão

Discórdia em Santa Clara do Sul

Sessão tensa define novo brasão

Símbolo proposto pela administração é aprovado em reunião do legislativo com rusgas e momentos de tensão. Xingamentos entre vereadores chamaram a atenção de quem estava na câmara

Sessão tensa define novo brasão
Sessão da câmara terminou com ofensas entre os parlamentares - Foto: Leonardo Heisler/Divulgação
Vale do Taquari

Chegou ao fim a indefinição sobre a mudança do brasão do município. A sessão da câmara dessa quarta-feira, 25, definiu, por cinco votos favoráveis a três, a aprovação do projeto de lei encaminhado pelo Executivo. Em 2021, foi a segunda tentativa de mudança do símbolo, adotado em 1993.

O governo propôs a mudança em abril, mas a repercussão negativa na oposição impediu o projeto de tramitar. Um grupo de trabalho que contou com presidentes de conselhos municipais, representantes da câmara de vereadores e membros do poder público, avaliou a ideia para um novo modelo de brasão. A partir de agora, o novo símbolo será utilizado como identidade visual padrão do município.

Rusgas da sessão

A comissão se reuniu algumas vezes para desenvolver o símbolo. Uma das integrantes foi a coordenadora de Economia e Turismo, Daiana Eveline Jung, que destaca a complexidade da tarefa. “Queríamos que todos se sentissem representados por este novo brasão”.

De acordo com Daiana, o objetivo era atualizar o brasão para que ficasse dentro das normas e para que contemplasse o desenvolvimento do município. “Nestes últimos anos muitas mudanças positivas aconteceram em Santa Clara do Sul e a ideia foi representar no brasão este progresso, sem deixar de valorizar o passado”, argumenta.

O especialista em brasões

Sérgio Buratto também participou do processo baseado na história e no hino municipal. Ele explica que o desenho adotado não seguia exatamente os princípios da ‘Heráldica de Domínio’, que versa sobre os brasões de cidades. “Santa Clara é apenas o terceiro dos municípios participantes da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (AMVAT), que tem um brasão que corresponda às normas da heráldica”, diz Buratto.

Por intermédio dele, o vermelho foi retirado do brasão, substituído pelo verde. Não sem resistência da comissão. “O vermelho representa o derramamento de sangue. Como não se aplica ao nosso município, ele entendeu que o certo seria tirar”, lembra Daiana.

Armas seguem no símbolo

Principal ponto de discussão na proposta anterior, as armas que representam a vitória de colonos santa-clarenses contra o exército federalista, em 1895, foram mantidas. Mas a mudança da cor no listel (espaço inferior onde constam os escritos) também vai ao encontro da história desse combate. “E o vermelho representa o lenço dos maragatos. É um ato, um momento histórico de Santa Clara do Sul”, acresenta Daiana.

Foram acrescidos uma coroa mural de prata com oito torres e portas abertas, o arco de pedras em frente à Igreja Matriz e o pórtico de entrada da cidade. Como suportes, utilizados um ramo de pervinca (flor símbolo do município) e um ramo de milho folhado e espigado. E no listel, o nome do município, o escrito “trabalho, sustentabilidade e coragem”, e a data de fundação de Santa Clara do Sul, 20 de março de 1992.

Outro ponto ressaltado por Daiana é a adequação do brasão dentro da legalidade. “Pelas convenções da heráldica municipal, também denominada ‘civil’ brasileira, não é possível apresentar um prédio privado em um brasão municipal. Desta forma colocamos a antiga fumageira Broenstrup, prédio público, que representa o trabalho de toda a cadeia produtiva”.

Votação

A votação no plenário da câmara teve momentos de tensão. Além do placar apertado, os parlamentares se manifestaram de forma ríspida em alguns momentos. O vereador Thiago Carvalho admite uma discussão com a presidente da Câmara Helena Herrmann, após a sessão, mas minimiza o fato. “Foi coisa pouca, nada demais”, completa. De acordo com testemunhas, a discussão avançou para xingamentos e ofensas. Herrmann não se manifestou sobre o assunto.

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