“As crianças com deficiência nos ensinam a ser pessoas melhores”

ABRE ASPAS

“As crianças com deficiência nos ensinam a ser pessoas melhores”

Larissa Deon Kich, 50, é fisioterapeuta. Ela trabalha há 17 anos na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Lajeado. Na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, destaca a importância de conscientizar a população sobre o tema

“As crianças com deficiência nos ensinam a ser pessoas melhores”
Crédito: arquivo pessoal

Qual é a importância desta data para levar informação para a comunidade?

É uma oportunidade de mostrarmos com mais ênfase as possibilidades e o potencial das pessoas com deficiência. Ainda vivemos em uma sociedade que tem preconceito, então uma campanha esclarecedora é sempre bem-vinda. Temos que nos esforçar para que todos sejam aceitos na sociedade, para que todos tenham o seu espaço.

Desde quando você trabalha na APAE de Lajeado? E como foi o início dessa trajetória?

O início do trabalho foi difícil, desafiador. Por mais que estudamos e achamos que estamos preparados tecnicamente, quando os problemas aparecem na vida real vemos que a prática tem muitos desafios a serem vencidos. Mas eu também estava muito feliz, porque desde a minha graduação tinha uma inclinação para trabalhar nesta área. Depois de formada, fiz especialização em neurologia e logo que terminei surgiu a oportunidade de trabalhar na APAE. Então mesmo que o início tenha sido desafiador, eu tinha me preparado e me dedicado para este trabalho.

Como é a relação entre você, como profissional, com os usuários da APAE e suas famílias?

O nosso atendimento na APAE é semanal. Então temos que ter sempre proximidade e trocas com as famílias, porque elas precisam dar continuidade ao trabalho em casa. Essa troca com as famílias é sempre algo muito bom. Temos a oportunidade de aprender muito com elas, em todos os aspectos. São os familiares com quem as crianças passam a maior parte do tempo e eles sempre nos dão aulas de paciência, persistência, resiliência e amor.

Teve algum momento que tu consideras ser o mais marcante nessa tua trajetória?

Não considero um único momento como o mais marcante. Aqui sempre temos pequenas conquistas. Então sempre temos dias importantes, traçamos objetivos. Às vezes, objetivos que são a longo prazo. Então, sempre que eles são alcançados, comemoramos. Nos emocionamos e vivemos intensamente os progressos, sendo eles pequenos ou grandes.

Você é fisioterapeuta. Quais os desafios em trabalhar com pessoas deficientes? No que consiste a tua atuação?

Cada dia é único, cada paciente é único. Isto causa um trabalho individual que visa atender exclusivamente a necessidade daquela criança, dentro do seu quadro clínico. Em alguns casos temos o desafio de manter a criança no desenvolvimento em que ela está trabalhando para não regredir no seu quadro. Temos também aqueles que aprendem a rolar, a sentar, ficar de pé. Essas conquistas são muito gratificantes e nos fazem sempre melhorar e qualificar o trabalho. Trabalhar na APAE é trabalhar com esperança, com emoção e com carinho. As crianças com deficiência nos ensinam a sermos pessoas melhores, valorizando cada pequena conquista, cada momento vivido, cada olhar e cada sorriso.

Acompanhe
nossas
redes sociais