Vira e mexe, Lajeado se vê diante do mesmo debate. Permitir ou não, a abertura do comércio aos domingos. Chamo atenção para o verbo “permitir”, que é diferente de exigir. Permitir, segundo dicionário Aurélio: “Dar o poder para dizer ou fazer; dar o consentimento ou a liberdade para”.
Os leitores devem estar se perguntando: mas Fernando, gastar papel e tinta para explicar o que significa permitir? Pois é, parece estranho. E pode até ser. Explico: reside na interpretação voluntária ou involuntariamente equivocada desde verbo, o engodo para Lajeado deixar de ser “careta” quanto ao funcionamento do comércio fora do horário tradicional.
A transformação tecnológica em curso, aliada à mudança de comportamento do consumo, exige do varejo novos formatos de atuação. Traduzindo para a expressão da moda: novas experiências. Lajeado é uma das poucas cidades gaúchas que ainda têm lei municipal que proíbe o funcionamento do comércio aos domingos sem negociação prévia entre sindicatos e afins.
Daí pergunto: o e-commerce por acaso tem dia para abrir e fechar? Eu sei que são coisas distintas, mas que levam para a mesma finalidade: compra e venda. Logo…
A Câmara de Vereadores de Lajeado recebeu esta semana um novo projeto de lei, onde o Executivo propõe revogar a lei atual para criar uma nova que permite abrir o comércio aos domingos. Reitero: permite.
Os argumentos contrários à mudança da legislação se ancoram sobremaneira na ausência dos serviços aos domingos, como escola, transporte coletivo, entre outros. Os mais extremistas classificam de “escravização” do comerciário. Permitir o comércio de funcionar aos domingos não significa que todas as lojas da cidade começarão a abrir as portas de segunda a segunda. Não há nem demanda de consumo para tal. O que se pretende, acima de tudo, com a mudança da lei, é dar liberdade a quem quer aproveitar o domingo para abrir.
As leis trabalhistas estão aí, sólidas e vigentes, para protegerem os comerciários e orientarem os empresários na tomada de decisão. As multas e as punições são muito maiores do que o lucro eventual dos negócios que forem adotar formatos de trabalho que se chocam com as leis estabelecidas.
Fato é: Lajeado precisa se desprender do conservadorismo exagerado e deixar de lado algumas crenças e convicções limitantes que não permitem as evoluções necessárias. Tomara que os vereadores tenham bom senso ao debater o assunto e não se deixem influenciar por ideologismos da minoria e continuar deixando o comércio lajeadense à margem da evolução.
“O papel é da imprensa”
Hélio Musskopf, no alto dos seus 82 anos que completará na próxima segunda-feira, procurou a coluna para falar sobre a mobilização regional que precisa haver para elegermos deputados na próxima corrida eleitoral. Musskopf foi deputado em três mandatos nas décadas de 70 e 80, período no qual o Vale chegou a ter quatro deputados ao mesmo tempo. Hoje, estamos órfãos.
“A imprensa regional precisa se unir e assumir esta bandeira coletiva e adotar as candidaturas mais sólidas e fortes para que possamos eleger ao menos dois deputados estaduais e um federal”, sugere o ex-deputado. Aqui no A Hora este assunto é pauta recorrente. Assumimos esta bandeira no mesmo dia em que saiu o resultado das últimas eleições, quando adotamos o deputado Edson Brum para não ficarmos órfãos por completo.
As eleições ocorrem no próximo ano. Dias atrás apresentei uma lista de sete propensos nomes para a corrida de 2022. Além da mobilização da imprensa, a conscientização deve partir também dos partidos. Parar de fazer das eleições estaduais trampolim para as municipais é o primeiro passo para que possamos ter candidatos com verdadeiras chances de se eleger e não apenas para fazer número e se promover para o pleito municipal que está por vir.