A região registrou o primeiro caso suspeito da variante Delta. Trata-se de uma mulher, moradora de Bom Retiro do Sul, que morreu no início deste mês. Na retirada da amostra, o Laboratório Central do Estado (Lacen) percebeu um componente diferente e encaminhou para a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) fazer o sequenciamento genético completo.
O município não se manifesta sobre a possibilidade da chegada da nova cepa, enquanto aguarda o retorno da análise da amostra. O resultado não tem prazo para divulgação, mas a expectativa é ter a confirmação do sequenciamento até a próxima semana.
O secretário da Saúde de Bom Retiro do Sul, Paulo Marmitt, indica que o avanço da vacinação, que está em pessoas com 18 anos ou mais, será fundamental para evitar casos mais graves. “Vacinamos no último sábado 458 pessoas nessa faixa etária. Se a Delta aparecer de fato, ela pode ter uma contaminação mais rápida, mas acredito que o impacto não seja tão grande”.
Marmitt também argumenta que o município sempre foi claro nas informações e que a população pode acompanhar a evolução dos casos através do “alertômetro” desenvolvido em maio deste ano. O município implementou leitos extras em abril de 2020, os quais tinham profissionais atuando de forma ativa até o início desse mês.
Estrela mantém leitos à disposição
Município vizinho a Bom Retiro do Sul, Estrela segue com sua estrutura de atendimento com leitos prontos para um eventual aumento de casos. É o que garante o secretário da Saúde Celso Kaplan. “Nós tínhamos previsto desmobilizar a estrutura no final de agosto, mas a nova variante nos preocupa. Mantemos a UTI normal, a UTI extra, os leitos todos preparados e a ala covid isolada. Se houver necessidade, nós temos tudo preparado”.
Apesar de não ter nenhum caso suspeito, Kaplan reforça que o objetivo é sensibilizar a população que ainda não fez a vacina. “Nós estamos em situação de alerta. Uma variante dessas pode justamente acometer algumas pessoas que não fizeram a vacina. Essa é a nossa preocupação. Aquelas que fizeram já estão protegidas ou vão ter talvez sintomas mais leves.”
Lajeado projeta circulação do vírus
A perspectiva do secretário de Saúde de Lajeado, Cláudio Klein, é que a nova variante não infecte um número elevado de pessoas. Por outro lado, ele admite ser provável que o vírus persista circulando nos próximos meses e até anos. “Entendemos muito difícil termos novamente surtos exponenciais de casos covid”.
Infectologista, Klein explica que o número elevado de casos em estados como o Rio de Janeiro se deve ao baixo percentual de imunização, hoje em 56%. E compara com São Paulo, que tem um índice maior de vacinação, mas não registrou aumento expressivo de casos.
Vacinação é o caminho contra a Delta
A partir de agora os resultados das análises devem sair mais rápido. Desde a última terça-feira, 17, o Estado está fazendo sequenciamento completo das amostras. Conforme a chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde do Estado (Cevs), Tani Ranieri, isso aumenta a possibilidade de ter conhecimento das novas variantes no RS. Para ela, não existe uma forma de combater as variantes, e sim quebrar a cadeia de transmissão.
“Entre as medidas mecânicas, além dos cuidados de proteção e distanciamento, a vacinação é o que garantirá que menos pessoas sejam infectadas pelo vírus, diminuindo a possibilidade de circulação e mutação do vírus. Estudos na Europa apontam que a resposta imune à segunda dose é muito mais robusta e impede reinfecções pela Delta em quadros mais graves”.